terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Artigo: Essencial 2012

Essencial 2012: Literatura
2012 terminando, acredito que dificilmente vai aparecer algum novo grande lançamento antes da virada do ano. Então, arrisco o balanço do que se publicou de essencial no Brasil em matéria de fc&f neste ano.
No que se refere à literatura estrangeira, relevância para A Companhia Negra, de Glen Cook (Record), com uma versão barra-pesada para a geralmente solene fantasia heróica a qual estamos habituados, e A máquina diferencial, de Willian Gibson & Bruce Sterling (Aleph), obra seminal da ficção científica que inaugurou a estética steampunk.
Também vale destacar 1Q84, de Haruki Murakami (Alfaguara), e Contra o dia, de Thomas Pynchon (Companhia das Letras), fantasias científicas pós-modernas com muitos apreciadores dentro e fora do fandom.
O ano foi fraco para as antologias estrangeiras mas, para não dizer que não falei delas, Ruas estranhas, de George Martin & Gardner Dozois (Casa da Palavra), que fica a meio caminho da chiclit, e ainda Realidades adaptadas, de Philip K. Dick (Aleph), que reúne os contos do autor que foram transpostos para o cinema, todos já vistos em outras traduções mas, ainda assim, bacanudos.
Na literatura brasileira, a lista essencial de 2012 tem os romances O alienado, de Cirilo Lemos (Draco) e Sozinho no deserto extremo, de Luiz Bras (Prumo), dois grandes livros de ficção científica com o melhor que o gênero tem a oferecer, de narrativas movimentadas e estilos maduros e incomuns.
Entre os romances de horror aparece Kaori e o samurai sem braço, de Giulia Moon (Giz), terceiro volume com a vampira preferida de uma escritora que tem provado ser a maior revelação do gênero no pais neste século. E entre os muitos romances de fantasia, gênero que predomina no ambiente editorial de fc&f, destaque para Além do deserto, de Erica Bombardi, trabalho de estreia publicado pela própria autora com recursos do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo – Proac.
Entre as coletâneas, Trilhas do tempo, de Jorge Calife (Devir) coletânea de contos de ficção científica  publicados em revistas masculinas nos anos 1990, bem como a abrangente e provocativa Geração subzero, organizada por Filipe Pena (Record), reunindo contos de jovens autores brasileiros que agrega o mérito de ter veiculado o melhor conto publicado no ano: "A invenção do cânone", de autoria do próprio organizador.
Em não-ficção, vale dar uma olhada em Edgard Alan Poe: O mago do terror, de Jaenette Rozsas (Melhoramentos), uma biografia romanceada do poeta de "O Corvo", repleta de atrativos.

Essencial 2012: Quadrinhos
2012 foi bom para os quadrinhos estrangeiros de fc&f no Brasil. O destaque, vai para o memorável O Eternauta, de Héctor G. Oesterheld e Solano Lopez (Martins Fontes), obra-prima da ficção científica portenha que chegou ao Brasil mais de 50 anos depois de sua publicação original.
Também merecem destaque Pínóquio, de Winshluss (Globo), O incrível Cabeça de Parafuso e outros objetos curiosos, de Mike Mignola (Nemo), e Animal'z, de Enki Bilal (Nemo). Honra ao mérito para os encadernados Incal Integral, de Moebius (Devir) e Trilogia Nikopol, de Bilal (Nemo).
Quanto aos quadrinhos nacionais, a produção de 2012 foi apenas razoável. Mas vale comemorar o lançamento de Noites na taverna, de Reinaldo Seriacopi (Ática), ilustrado por um ótimo time de veteranos, adaptando o clássico romance de Alvares de Azevedo. E Astronauta: Magnetar, de Danilo Beyruth (Panini), com uma releitura dramática do conhecido personagem de Maurício de Sousa.
No finalzinho do ano, veio a notícia da publicação de V.I.S.H.N.U., novela de fc repleta de intenções, com roteiro do jornalista Ronaldo Bressane e desenhos de Fábio Cobiaco (Quadrinhos na Cia), que vale a pena ser destacada.
A medalha de Honra ao Mérito vai para o primeiro volume encadernado do 'mangaijin' Holy Avenger, de Marcelo Cassaro e Érika Awano (Jambô), compilação de uma série de histórias publicadas em revista própria nos anos 1990.
Percebe-se, nesta amostragem, que os quadrinhos deixaram definitivamente de ser um produto popular. Quase não há mais publicações voltadas às bancas e, quando o material é de qualidade reconhecida, a publicação é luxuosa e elitista. É possível afirmar que o mercado editorial de fc&f reduziu de tamanho em 2012, registrando uma queda de cerca de 50% na quantidade de lançamentos em relação a 2011, tanto no que se refere aos quadrinhos quando na literatura. Contudo, ainda é cedo para afirmar que isso seja uma tendência, pois é natural que ocorra um certo movimento de maré nos números de um ano para outro. 2013 já faz promessas e, como o mundo não acabou no temido apocalipse maia, podemos ter esperanças. Quem viver, verá.

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