quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Raízes do Amanhã

 



Raízes do Amanhã: 8 Contos Afrofuturistas, Waldson Souza, org. Capa: Nazura Santos. 219 páginas. São Paulo/Belo Horizonte: Gutenberg/Plutão, 2021.

 

O afrofuturismo é um movimento literário de caráter especulativo que busca a valorização e identidade do mundo a partir da realidade historicamente discriminada da raça negra. Foi assim nomeado em meados dos anos 1990 nos EUA, e tem entre seus principais autores os norte-americanos Samuel R. Delany e Octavia Butler (1947-2006). Talvez de forma surpreendente já tem uma quantidade de obras e autores brasileiros com alguma relevância. Por exemplo, os romances O Caçador Cibernético da Rua Treze (2017), de Fábio Kabral, O Céu Entre Mundos, de Sandra Menezes (2021) – vencedor do prêmio Odisseia de Literatura Fantástica 2022 – e O Último Ancestral (2021), de Alê Santos, finalista do Jabuti. Isso além de eventos e publicações acadêmicas, o que evidencia ainda mais sua vitalidade desde a última década.

Mesmo assim, o nosso afrofuturismo continua nas bordas da visibilidade cultural mais ampla, se somando à luta em prol de uma maior pluralidade e reconhecimento, a exemplo da própria que a inspirou, a ficção científica.

Nesse sentido, é muito útil a publicação de uma coletânea como Raízes do Amanhã, por apresentar vários temas da causa negra a partir da perspectiva da FC. Além disso, um livro como esse enriquece também a própria FCB, por abrir o leque para novas visões sobre a nossa realidade. Isso porque, quase todas as histórias trabalham com a perspectiva de emancipação dos negros dentro de um contexto brasileiro. Justamente, um país com um passado e problemática racial tão dramática e ainda pendente em nossa contemporaneidade.

O conto que abre a coletânea é “Não tem Wi-fi no Espaço”, de G.G. Diniz. Num futuro indefinido, o Nordeste se separou do Brasil, e constituiu a República Federativa do Nordeste. Uma comunidade de negros vivendo em algo próximo do que foi um quilombo coloca em órbita um satélite, primeiro passo para a mudança para Marte. Um novo mundo, quiçá menos racista e desigual que o da Terra. Mas eles enfrentam problemas inevitáveis de perseguição, principalmente por uma empresa transnacional que quer ter exclusividade de oferta das altas tecnologias astronáuticas. Talvez o ponto fraco seja apresentar com realismo como uma comunidade miserável como essa pudesse manipular tecnologias tão avançadas, mas não desabona a leitura criticamente relevante e bem escrita.

“O Show tem que Continuar”, de Lavínia Rocha mostra, de certa forma, um caminho inverso. Isso porque, numa nave que, aparentemente orbita a Terra de forma incógnita, humanos, androides e IAs compartilham um projeto de interferir nas estruturas e práticas racistas, num local em especial, o Brasil, para poder mudar esta realidade em algo mais justo para todos. Contudo, a narrativa segue um plano algo superficial, e com uma conclusão incompleta e ingênua.

A terceira narrativa é uma das melhores do livro. “Sexta Dimensão”, de Stefano Volp, faz uma reflexão interessante sobre as possibilidades e o alcance do amor, em três camadas diferentes que se entrecruzam: um ser artificial – menos que humano –, o protagonismo negro e a homossexualidade. Muito ousado, embora o principal seja a colocação no primeiro plano o quanto de humano realmente existe em seres que, formal e tecnicamente, não o são. Principalmente quando expressam sentimentos tão pungentes, como o amor.

A noveleta seguinte me é particularmente cara: “Jogo Fora de Casa”, de Sérgio Motta. Isso porque, organizei em 1998 a antologia Outras Copas, Outros Mundos, a primeira a reunir histórias de FC com futebol. No início do século XXIII, o esporte mais popular é algo parecido, o futsol, mais parecido com o futebol de rua, que eu mesmo joguei quando era criança. Sem goleiro, delimitado por espaços fechados – muros, paredes ou casas –, como numa quadra. A história mostra a visita de Casa, um time pequeno, da periferia de São Paulo, e que se tornou o time sensação da temporada, ao ser campeão. Com isso, foi desafiado pelo vencedor do Sistema Solar. O texto alterna os acontecimentos da peleja, com a trajetória de dificuldades de superação dos jogadores do time terrestre. Mas, embora talvez não tenha sido a intenção do autor, a especulação sobre o que o futebol se tornou é mais interessante do que os comentários sociais que, embora relevantes, soam descolados e inverossímeis ao retratar uma realidade de hoje como quase que inalterada daqui há dois séculos.

“Recomeço”, de Kelly Nascimento foi, provavelmente, escrita durante a pandemia de Covid-19. Conta o drama do casal Helena e Alexandre, dois médicos que, além de terem de cuidar e lidar com as várias mortes de pacientes de uma pandemia que assola o planeta, enfrentam as perdas um do outro. O texto é forte, segura o interesse, mas se torna confuso e indefinido em seu desfecho.

O nível volta a subir com a noveleta “Segunda Mão”, de Petê Rissatti. Aqui à perspectiva negra se soma à da homossexualidade, numa história de contexto distópico. No relacionamento amoroso entre um jovem branco e um negro maduro, a questão que ainda incomoda é o racismo, preconceito mais difícil de ser superado do que o da homoafetividade. O negro faz parte de um grupo secreto de contestação da ordem autoritária – que tem um governo mundial, está presente na vida da pessoas o tempo todo e as faz tomar um remédio para “se sentirem felizes” –, e não é difícil imaginar que o desfecho da narrativa não será róseo: tanto no plano pessoal como no político.

A próxima história é “Tudo o que Transpor o Ar”, das irmãs Pétala e Isa Souza. É uma narrativa com tons épicos, com uma moldura espacial interessante, sobre a viagem de retorno do povo Irawó ao seu planeta natal, após uma diáspora de séculos. A premissa é boa, mas se perde no excesso descritivo e na ausência de dramaticidade.

O conto que fecha a coletânea é o melhor: “Com o Tempo em Volta do Pescoço”, de Waldson Souza, também organizador da obra. Numa história comum de viagem no tempo, o interessante é o contexto político e suas possíveis consequências. Isso porque Jamila, sobrinha de uma construtora de uma máquina do tempo, volta a 2098 para evitar a morte de Jorge Assis, um candidato negro à presidência do Brasil. Esse fato teria provocado, mesmo que no já distante 2300, o estabelecimento de uma ordem autoritária e miserável no Brasil, com a particularidade de as pessoas terem de comprar seu tempo para saírem de casa e usarem um colar de identificação no pescoço. Bem sinistro. Mas, ao voltar ao fim do século XXI, e permitir que o candidato negro vença a eleição presidencial, um novo mundo se desdobrou: democrático e próspero para todos, inclusive para a família negra de Jamila. Mas, por melhor que tenha sido a mudança, ela descobrirá que não tem lugar nesse mundo. Impactante.

Em seu conjunto Raízes do Amanhã é uma coletânea que serve como uma boa introdução ao nosso afrofuturismo, bem como o seu diálogo com a própria FCB. Que, por sinal, tem se espraiado em várias searas na terceira década do século XXI: comunidade queer, recortes regionalistas e este da raça negra, estruturalmente a mais carente e injustiçada da história do Brasil. Mas, se por um lado, estas correntes identitárias, por assim dizer, enriquecem a nossa FC e democratizam os pontos de vistas particulares, acentuam uma certa falta de projeto comum, o que tem tornado a FCB excessivamente fragmentada. É um novo desafio a ser enfrentado.

Marcello Simão Branco


sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A noite dos insensatos, Simone Saueressig

A noite dos insensatos e outras histórias bizarras
, Simone Saueressig. Novo Hamburgo: edição de autor, 2023. 

Houve um tempo em que os textos escritos pelos autores de fandom brasileiro de fc&f eram efetivamente lidos e causavam debates furiosos nas redes sociais analógicas da época, que aconteciam nas páginas dos fanzines que também veiculavam os textos em si. 
As redes digitais pareciam, a princípio, acenar com um acirramento desse tipo de debate, mas foi uma expectativa frustrada rapidamente na medida em que os autores abandonaram as discussões para evitar os melindres em seus seguidores. O encarregado de uma grande editora, hoje já fora do mercado, chegou a anunciar uma lista negra para os autores que fizessem comentários polêmicos nas redes. 
Portanto, é de se comemorar a iniciativa da fantasista gaúcha Simone Saueressig, que publicou com seus próprios recursos a coletânea A noite dos insensatos e outras histórias bizarras, com seis contos imprevisíveis e absolutamente fora do espaço de conforto da autora. 
Conhecida por sua ficção de viéz folclórico voltada principalmente para o público juvenil, Simone investe aqui em textos de forma e natureza totalmente diversos de suas características, com um forte conteúdo humorístico, quase sempre negro, e ataques declarados a comportamentos da sociedade brasileira recente. 
A coletânea tem apenas trinta e sete páginas, mas seu conteúdo é explosivo e de alta octanagem, que levou legiões de usuários das redes sociais a mover uma verdadeira campanha contra o volume, algo que não se via no fandom desde que as redes decidiram limar Monteiro Lobato da literatura brasileira. 
O conto título abre a antologia e é o mais longo da seleta. Trata-se de uma farsa engraçadíssima, um tipo de charge literária, sobre dois alienígenas que atuam em segredo na proteção do planeta Terra e decidem fazer uma visita não autorizada à uma região ao sul do Brasil em meio a campanha eleitoral de 2022. Sendo charge, o texto exige uma certa contextualização para fazer sentido, mas acredito que os brasileiros não terão problema com relação a isso. 
"Buraco de minhoca" narra o drama de uma dona de casa que tem em sua máquina de lavar roupas a extremidade de chegada de um buraco de minhoca de onde surgem todos os pés de meias perdidos no mundo.
"Pleonasmos" é uma narrativa metalinguística que surpreende porque a autora desrespeita sua própria filosofia de escrever corretamente e comete repetidos e deliberados pleonasmos, tudo a serviço do desfecho da história. 
"Infestação" é a história mais poética do conjunto, sobre uma jovem que passa a ser incomodada pela presença cada vez mais intensa de variados tipos de insetos em sua casa, prenúncio de importantes transformações na sua vida.
Em "A reforma" temos uma narrativa de horror, uma especialidade da autora. Durante uma reforma em sua residência, o pedreiro abre um buraco na parede que se transforma em uma gigantesca bocarra faminta. 
"Tsundoku" fecha o volume com a história de uma amante dos livros que compra muito mais do que consegue ler. A certa altura, os volumes começam a brotar expontaneamente até ocuparem toda a casa, que se torna então num labirinto de livros empilhados onde as pessoas desaparecem para sempre. 
Como se vê, a autora flerta com o modelo de fantasia de Murilo Rubião e Jorge Luis Borges, com textos curtos e poderosos que não permitem que o leitor fique impassível. Com exceção do conto título, todos os demais têm protagonistas femininas em meio ao cotidiano urbano, o que certamente deve significar alguma coisa importante.
O volume foi publicado apenas em formato virtual para leitores Kindle e pode ser adquirido aqui. Contudo, quem não tiver o dispositivo poderá ler o livro no aplicativo online da própria plataforma. 
Recomendo fortemente a leitura, por ser um ponto de virada na obra da autora, pelas discussões que suscita e porque é uma leitura bastante rápida. Dessa forma, mais gente pode entrar na discussão. Afinal, "A noite dos insensatos" é ou não proselitista? Não vou responder, mas que é divertidíssimo, lá isso é.
Cesar Silva

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

O Mundo de Spock

 



O Mundo de Spock (Spock´s World), Diane Duane. Tradução: Ludmila de Souza. Capa: Vagner Vargas. 192 páginas. São Paulo: Aleph, sem data [anos 1990]. Lançamento original em 1988.

 

Apesar de ser um trekker há vários anos, com uma longa militância no fandom da série de TV, nunca fui entusiasta das novelizações. Em geral, e não só para Jornada nas Estrelas (Star Trek), acredito que elas pouco ou nada acrescentam ao conteúdo original do universo ficcional criado em outro formato, no caso da televisão e o cinema. Reconheço que é uma posição um pouco radical e talvez não se aplique tanto a esta série, com um padrão médio de qualidade elevado em qualquer meio de expressão artística.

Nesse sentido, me chamou a atenção a afirmação do renomado crítico e escritor inglês de FC Adam Roberts, em seu ótimo livro A Verdadeira História da Ficção Científica (2018), de que O Mundo de Spock foi um dos melhores livros do gênero lançados em 1988.

Por si só esta afirmação seria impactante. Afinal, centenas de romances do gênero são lançados todos os anos nos EUA. E este, além do mais, nem é uma história original, mas derivada. Pois numa pesquisa rápida dos finalistas dos prêmios Hugo e Nebula daquele ano, vejo em que nível Roberts situou a história do planeta Vulcano: Do primeiro prêmio: Cyteen, C.J. Cherryh; Red Prophet, Orson Scott Card; Piratas de Dados (Islands in the Net), Bruce Sterling e Mona Lisa Overdrive, William Gibson. Do Nebula: Great Sky River, Gregory Benford; Falling Free; Louis MacMaster Bujould; Red Prophet, Orson Scott Card; Desert Cities of the Heart, Lewis Shiner; Drowning Towers, George Turner; O Livro do Novo Sol (The Urth of the New Sun), Gene Wolfe e, de novo, o romance de Gibson. Se este romance baseado no seriado se ombreia com estas obras, de fato merece ser lido.

O Mundo de Spock é ambientado no planeta Vulcano – que orbita a estrela 40 Eridani, situada a 16,5 anos-luz da Terra –, às voltas com um plebiscito polêmico que defende a saída do planeta da Federação Unida dos Planetas (FUP), após 180 anos. Ora, os vulcanos foram a segunda civilização extraterrestre contactada pelos humanos – depois dos andorianos, em meados do século XXI. Kirk, Spock e McCoy têm suas férias interrompidas para irem a Vulcano, onde são esperados para participarem dos debates prévios à votação. Também é chamado Sarek, o embaixador de Vulcano na Terra, e pai de Spock.

Mas qual a causa para uma decisão tão radical? Apesar de serem membros fundadores da FUP, historicamente, os vulcanos, de forma geral, nunca se sentiram plenamente integrados à entidade, em termos políticos e administrativos, com uma postura crítica sobre o viés imperialista dos humanos. Afora isso, sempre houve grupos minoritários em Vulcano descontentes com a presença numa entidade multiplanetária, por se considerarem superiores aos demais membros, devido ao seu passado pacifista e voltado à lógica. Assim, a convivência por um longo tempo com civilizações emotivas e agressivas, não seria racional e prejudicaria o desenvolvimento dos próprios vulcanos. Contudo, estes dois argumentos são bem desmontados, principalmente nos discursos de Kirk, McCoy e Spock. Primeiro porque os vulcanos poderiam se esforçar em defender seus pontos de vista no interior da FUP e usar de sua influência como um dos povos mais bem-sucedidos da galáxia. E em segundo, que estes pequenos grupos não eram novidade e nunca haviam se constituído como politicamente relevantes no interior da sociedade vulcana. O que havia mudado então?

A esta trama política intricada, a verdadeira riqueza da obra está nos capítulos que entremeiam esta controvérsia, com a história do planeta e do povo vulcano, desde os primórdios, em vários momentos de sua longa trajetória. De forma muito habilidosa, Diane Duane aprofunda o que é citado em muitos episódios das várias versões da série na TV, de que em sua origem os vulcanos eram muito agressivos e violentos. Viveram várias guerras, até mais terríveis que a dos próprios humanos. Inclusive, como consequência de uma delas, parte deles deixou o planeta e colonizou outro formando o Império Romulano. Isso é conhecido a partir do episódio da série clássica “Medida do Terror” (Balance of Terror”), e é só lembrado pela autora. Uma pena, pois poderia haver algum desdobramento interessante desse fato.

Em todo caso, neste contexto de guerras surge, eventualmente, um sábio que introduziu uma nova filosofia, baseado no controle das emoções e no agir de forma lógica em todas as situações, para vencer os problemas de forma racional e evitar, sobretudo, o medo do outro. Pois segundo ele, Surak, a fonte da instabilidade emocional viria na desconfiança e insegurança com relação ao semelhante. Era preciso vencer o medo, abrindo-se para o outro. Se despir de ilusões e fantasias, enxergar a realidade tal como ela é, e não como gostaríamos que fosse. E a lógica seria a base de ação para tal postura de vida.

Talvez um aspecto menor da obra esteja, justamente, na justificativa concreta para a demanda pela secessão. Pois o doutor McCoy descobre, com a ajuda de Moira – uma inteligência artificial situada na Enterprise – que o movimento havia sido deflagrado por T´Pring, a noiva que havia sido prometida a Spock, mas que o havia recusado em nome de um amante, Stonn. Como visto no episódio da série clássica “Tempo de Loucura” (“Amok Time”), ela coloca Spock para duelar com Kirk, no intuito de se livrar de Spock. Ela consegue seu objetivo, mas fica frustrada quando descobre que foi enganada, já que, mesmo derrotado, Kirk só desmaiara e não morrera, como parecia, já que McCoy havia injetado no capitão o composto Triox. Então, T´Pring, agora viúva de Stonn e rica, resolve financiar os grupos xenófobos para se vingar de Spock e, por extensão, dos humanos em geral. Ora, criar um movimento político tão poderoso a partir de uma intenção de vingança? Me pareceu exagerado.

Interessante também em O Mundo de Spock é que é mostrado que a lógica não é integralmente seguida pelos vulcanos em geral, o que eles chamam de o´thia. Na prática, muitos deles continuam a ter um comportamento próximo do humano, mas, ao que parece, dissimulam melhor, além de encampados com uma verdadeira mística em torno do que são esse povo estranho e fascinante. A estrutura social de Vulcano se constitui de Casas que unem famílias, em termos de história, descendência e alianças políticas e econômicas. Algumas das mais poderosas lideradas por matriarcas, como a da lendária T´Pal, descendente distante de Surak, e mentora de Sarek, o que, por extensão, nos leva até Spock. A cultura dos vulcanos, tal como desenvolvida, pode ser vista, de forma aproximada, grosso modo, com aspectos da filosofia hinduísta e da sociabilidade japonesa, também marcada, historicamente, por um certo desprendimento estoicista.

O Mundo de Spock foi o segundo escrito por Diane Duane, escritora norte-americana, com mais prestígio em séries originais de fantasia. Apesar disso, ela escreveu nove romances baseados na criação de Gene Roddenberry (1921-1991), e além deste também saiu no Brasil, Meu Inimigo, Meu Aliado (My Enemy, My Ally; 1984). Ambos, pela editora Aleph que, nos anos 1990, publicou, salvo engano, 24 novelizações, além de bons livros de referência sobre a série.

Não li os demais, mas arrisco a dizer que O Mundo de Spock deve ser um dos melhores – se não o melhor –, e Adam Roberts não deve estar errado em sua impactante afirmação. Afinal, é uma história que mostra com detalhes nunca mostrados, nem de perto nas várias séries televisivas, a complexidade social, cultural e filosófica de uma das civilizações alienígenas mais conhecidas e interessantes da FC. Para o trekker é obrigatório, mas deve interessar também quem curte cultura popular e ao fã e leitor de FC em geral. Pois, ao menos nesse caso, é uma novelização que acrescenta um conteúdo de valor à compreensão do universo ficcional.

Marcello Simão Branco