sábado, 19 de agosto de 2023

Futebol: Histórias fantásticas de glória, paixão e vitórias

Futebol: Histórias fantásticas de glória, paixão e vitórias
, Marco Rigobelli, org. 176 páginas. São Paulo: Draco, 2014. 

Ficções fantásticas com temas esportivos não são comuns sequer nos mercados mais fortes do gênero, nem mesmo em outras artes além da literatura. Quadrinhos e cinema têm poucos exemplos, embora haja mais oferta de esportes fantásticos nos jogos eletrônicos, por motivos evidentes. Mas é curioso que exista tão pouco na literatura de ficção fantástica, quando é patente que é nela que o pioneirismo é geralmente praticado em todos os temas. 
No Brasil, até o final do século passado, só existia uma única antologia de contos fantásticos sobre esportes, o livro Outras copas, outros mundos, organizado por Marcello Simão Branco e publicado pela editora-fã Ano-Luz em 1998. Mais que uma seleta de contos esportivos, esse livro propunha que todos os contos tratassem especificamente de futebol, o esporte mais apreciado pelos brasileiros que, curiosamente, não tinha nenhum texto no gênero, nem aqui nem em qualquer outra parte do mundo. A experiência foi muito bem-sucedida, e dela emergiu ainda o importante projeto Intempol de Octávio Aragão, derivado de um dos textos publicados ali. Mas foi um péssimo agouro para o desempenho do esporte: naquele ano, o Brasil perdeu o Copa do Mundo na França num jogo algo vexatório contra a poderosa seleção francesa comandada por Zinedine Zidane, com os craques Ronaldo Fenômeno em pânico no campo, e Edmundo no banco. 
Talvez motivada pela nova edição brasileira da Copa do Mundo, a editora-fã paulista Draco decidiu retomar a ideia e apresentou em 2014 uma remontagem da antologia de 1998 sob o título Futebol: Histórias fantásticas de glória, paixão e vitórias, organizada por Marco Rigobelli, republicando alguns dos textos vistos naquela, somados a inéditos, num total de dez contos, incluindo um do próprio organizador. 
Dos autores republicados, Gerson Lodi-Ribeiro e Carlos Orsi comparecem respectivamente com "Pátria de chuteiras" e "Sob o signo de Xoth", justamente os textos presentes na antologia de 1998. O primeiro narra a final de uma copa do mundo na realidade alternativa favorita do autor, na qual a república de Palmares, treinada por um ex-craque da seleção brasileira, disputa com o Brasil não apenas aquele campeonato, mas a hegemonia do esporte. Já o excelente texto de Orsi envereda pelo horror, política e corrupção na fictícia cidade de Açaraí. Fábio Fernandes, que também participou da antologia de 1998, aparece com o inédito "2010: O ano em que faremos contrato", um texto curto na forma de uma entrevista com um boleiro que participou de uma partida entre atletas terrestres e alienígenas na qual o que realmente estava em jogo era o intercâmbio de tecnologia. Esse conto acabou sendo profético, pois a seleção terrestre levou o sonoro chocolate de treze a zero. Voltaremos a isso mais adiante. 
Os demais autores comparecem com contos inéditos. Em "Boost", de Vinicius Lisboa, o futebol do futuro é praticado por atletas com reforço químico e o esporte se torna uma arena de violência explícita e morte, enquanto que em "O último grande craque", de Marcel Breton, são as próteses que desequilibram o espetáculo. Ambos os textos replicam o formato de entrevista visto no conto de Fernandes, o que torna a leitura um tanto enfadonha pela redundância da forma. 
"Jogo puro", de Diego Matioli, também começa com uma entrevista, mas ela só dura alguns parágrafos, para depois adotar uma narrativa mais tradicional, em terceira pessoa. O conto tem laivos apocalípticos na medida que acontece após o arrebatamento bíblico, além da presença de demônios vivendo em meio à humanidade. Também aparecem aqui alguns tipos de "melhorias" nos atletas, desta vez mais para superpoderes mutantes, mas o autor tem o mérito de escapar muito bem das armadilhas narrativas criadas pelos contos anteriores. 
"O último gol de Tião Canhoto", de Fabio Baptista, narra a história de um insuspeito craque do futebol varzeano que só atingia o estado de excelência quando sua amada Ritinha estava na torcida, uma mulher descrita como a mais feia do mundo. O conto não é ruim, mas a crueldade com que o autor trata da aparência da mulher cria tal constrangimento no leitor que eu não me surpreenderia se as leitoras protestassem fortemente contra ele. Fica aqui o meu protesto pessoal.
Sid Castro traz um sopro de ar fresco nesta sequência de histórias pesadas com o despretensioso "O rei do futebol". Não se trata do Pelé, mas de Arthur Friedenreich, que atuou no início da história do esporte no país, sendo o primeiro a atingir a marca dos mil gols convertidos na carreira. Outro diferencial do conto é a forma, apresentado como se fosse um jogo, com preliminar, primeiro tempo, intervalo, segundo tempo e pós-jogo no vestiário. O conto tem uma ambientação steampunk e traz até algumas referências históricas muito bem-vindas para os fãs do esporte. Não sei se são verdades, mas se não forem, deveriam ser.
O melhor texto da antologia é "O último jogo", de Rodrigo Van Kampen, conhecido editor da extinta revista Trasgo. Uma pérola rara da ficção fantástica brasileira, na linha do realismo fantástico latino americano. Conta a história de um grupo de meninos que amam jogar bola no campinho da vila, que nem é um campo de verdade, pois tem árvores pelo meio e um formato desengonçado mas, para eles, é exatamente como um grande estádio. Ali eles se divertem fantasiando campeonatos nacionais e internacionais, mas a coisa fica mesmo séria quando, numa certa manhã, surge no campinho uma árvore antiga e enorme, e dela saem assustadores bichos-papões que desafiam os garotos para uma partida decisiva: se os meninos vencerem, eles vão embora mas, se perderem, serão devorados ali mesmo. Maravilhamento poderoso para encher de lágrimas os olhos de quem um dia fantasiou ser um craque da bola num campinho de terra. 
Fecha a seleção o texto "Nos gramados em cinzas da arena do abismo", de autoria do próprio organizador, Marco Rigobelli. Conta a história de um jogador que deve o sucesso de sua carreira a um pacto com o diabo. Mas, antes do fim do acordo, ele é convocado pelo cão para uma partida nas profundezas do inferno, com a promessa de, caso vença, ter sua alma libertada do contrato de perdição eterna. A ideia geral não é muito diferente da do conto anterior, mas não repete nem a ambientação, nem o estilo, nem o maravilhamento. Num erro de revisão, o autor chega a trocar o nome do protagonista. 
Publicada em meio a euforia de um tempo em que tudo parecia dar certo no Brasil, esta antologia acabou, mais uma vez, por chancelar o fracasso da seleção brasileira, desta vez com o vergonhoso sete a um contra a Alemanha na semifinal. Mas o que mais perturba é o deliberado apagamento da antologia de 1998, da qual o organizador até emprestou contos mas não se dignou a sequer citar no prefácio, sinal claro da desagregação pelo qual o fandom passou e ainda passa ao longo deste século. Não custava reconhecer o pioneirismo de Outras copas, outros mundos, e isso acrescentaria dignidade ao trabalho. Sem isso, tornou-se uma antologia oportunista, esquecida em meio aos fracassos do futebol brasileiro. 
Mas é sempre melhor olhar pelo ângulo favorável: valeu pelos bons textos publicados e por acrescentar mais alguns contos ao árido ambiente da fc&f esportiva nacional. 
— Cesar Silva

terça-feira, 15 de agosto de 2023

O dilema de Utterson

Quando terminou de ler os dois relatos — o do amigo Dr. Lanyon e o do Dr. Henry Jekyll — o advogado Utterson estava suando frio, tomado de um pavor que nunca antes sentira em sua vida.

Jamais poderia ter imaginado a verdade: que o misterioso Edward Hyde era o mesmíssimo Dr. Jekyll, num desdobramento de personalidades que incluía a mudança da aparência corporal. Portanto, se Hyde morreu, Utterson também estava morto e o seu corpo jamais seria encontrado, pois o que restava era o corpo de Hyde.

Mas como podia ser isso? E os átomos, ou as células, a mais ou a menos?

As dificuldades científicas para acreditar naquilo tudo esbarravam, é claro, na lógica dos dois relatos, que desvendavam o mistério da relação Jekyll-Hyde. Porém, tudo isso ia para segundo plano diante do fator que se lhe afigurava mais grave daquele imbróglio. Ao se retirar, pelas dez da noite, da residência do Dr. Jekyll, o advogado prometera ao mordomo Poole que retornaria pela meia-noite, para então chamarem a polícia. Afinal, o dono da casa achava-se desaparecido e havia o cadáver de um suicida no laboratório.

O problema era justamente esse.

Em primeiro lugar a polícia é racionalista demais para acreditar que um ser humano se transforme em outra pessoa. Isso é coisa de contos de fadas, não da vida real. Por consequência os dois relatos não seriam aceitos mesmo se mostrados e examinados. Nenhum tribunal tampouco iria aceitar que Jekyll se transformasse em Hyde e vice-versa. Acreditar em coisas fantásticas é tabu.

Nem a imprensa daria crédito.

Assim, Utterson só conseguia enxergar um resultado para aquela tragédia: ele e Poole seriam responsabilizados criminalmente pelo desaparecimento e possível morte do Dr. Henry Jekyll. E poderiam ambos acabar no patíbulo.

Não adiantava fugir. O pesadelo estava apenas começando e só lhe restava erguer-se e retornar à residência de seu falecido amigo.

Cobrindo o rosto com as mãos, em desespero de causa, Utterson murmurou:

— O que eu faço agora, meu Deus?

— Miguel Carqueija

Rio de Janeiro, 11 a 19 de agosto de 2022.

 

NOTA: Reli recentemente O médico e o monstro, ou, na tradução do original, O estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde, de Robert Louis Stevenson. E uma coisa que me intriga é a maneira inconclusa com que o romance termina, apenas com as transcrições dos dois documentos — do Dr. Lanyon e do Dr. Jekyll — esclarecendo o mistério. Fica em suspenso, portanto, a atitude posterior do Dr. Utterson, pois caberia a ele informar à polícia do suicídio do Sr. Hyde e desaparecimento do Dr. Jekyll. Mas aqui ocorre um terrível impasse, omitido por Stevenson e que eu me limito a mostrar sem buscar uma solução. Como explicar à polícia algo que a polícia não iria aceitar, mesmo com provas?

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Conto de Fadas

 



Conto de Fadas (Fairy Tale), Stephen King. Tradução: Regiane Winarski. Capa: Will Staehle. Ilustrações internas: Gabriel Rodriguez (capítulos ímpares e epílogo) e Nicolas Delort (capítulos pares). 623 páginas. Rio de Janeiro: Suma, 2022.

 

Talvez este seja o primeiro livro de Stephen King que eu comprei e li quase ao mesmo tempo do seu lançamento nos EUA. Isso porque a Suma, selo da Editora Schwarcz, foi mais rápida do que o habitual e o lançou no Brasil praticamente junto com o lançamento norte-americano. Outra curiosidade, que também talvez não interesse a você, leitor dessa resenha, é que esse foi o último livro que eu comprei na finada Livraria Cultura, em sua sede da capital paulista, duas semanas antes de sua falência. E por acaso, pois o livro, de forma estranha, estava esquecido num canto numa seção de livros usados da livraria, e com a metade do seu verdadeiro preço de capa.

Mas eu compraria o livro pelo valor que fosse. Afinal, é de Stephen King, um dos meus autores favoritos e do qual acompanho praticamente toda a sua carreira, desde meados dos anos 1970. E não preciso dizer que, claro, gostei demais da leitura, como pretendo comentar a seguir.

Conto de Fadas não é uma história de horror tradicional, de cunho mais sobrenatural, como na primeira fase de sua carreira, ou no estilo dark fantasy, que o tem caracterizado desde, pelos menos, o fim dos anos 1990. Contudo, o sobrenatural é explorado da perspectiva da magia. Sim, é um romance mais próximo de ser identificado com o gênero fantasia, embora de uma forma bem peculiar em se tratando de King.

Após a morte súbita e violenta da mãe, a vida do adolescente Charles Reade entra em crise. Não apenas pelo fato óbvio da perda, mas porque o pai se torna um alcoólatra. Charles meio que se perde, cometendo várias pequenas maldades, ao lado de um amigo de infância, de caráter bem questionável. Como, por exemplo, roubar as muletas de um idoso, deixando-o sem ter como andar. Em desespero pelo pai estar desempregado e cheio de dívidas, Charles faz uma promessa pessoal “ao seu Deus”, de que se ele se redimisse, seu pai reencontraria um rumo na vida.

Então, de forma fortuita, certo dia Charles ouve os latidos de uma velha cadela, ao passar pela casa mais estranha da pequena cidade de Sycamore, em Illinois, e ao pular o portão, vê que o dono, o solitário Sr. Bowditch caíra da escada e quebrara a perna. Charles o socorre e, conforme os dias passam, não só visita o ancião no hospital, como se envolve cada vez mais com ele, passando a ser o seu cuidador, depois do seu retorno à casa. Ao mesmo tempo seu pai faz terapia nos Alcóolicos Anônimos – graças à ajuda de um amigo –, arruma um emprego e, um pouco depois, abre seu próprio negócio. Ao que parece, o garoto Charles havia realizado sua promessa ao cuidar de Bowditch e se afeiçoar intensamente à Radar, a pastora alemã dele. Mas a verdadeira virada em sua vida ocorre quando ele descobre a fonte da boa vida de Bowditch: um cofre lotado com pequenas bolas de ouro. De onde teriam vindo?

Bowditch hesita em contar, e só o faz por meio de uma gravação, pouco antes de sofrer um ataque cardíaco e morrer. Mas Charles já desconfiava de onde vinham, pois nos fundos da casa havia um barracão com barulhos estranhos. Ele resolve investigar e descobre a entrada de um outro mundo. Do barracão se desce uma longa escada em espiral até chegar a um lugar com estrelas no céu e duas luas. Fascinado e assustado, Charles vai lá uma vez e resolve ocultar o segredo, mas por causa da Radar decide voltar para tentar salvá-la de suas muitas doenças que poderiam levá-la à morte. Aqui é interessante notar que King usa do recurso tradicional da fantasia de portas ou passagens que se escondem em ambientes familiares. O próprio autor já havia usado esse recurso antes – numa história de ficção científica – no seu monumental Novembro de 1963, quando o protagonista descobre uma porta numa lanchonete que o leva de volta aos anos 1960, em meio ao contexto que levou ao assassinato do presidente John Kennedy.

Charles e Radar, então, adentram no mundo chamado de Empis. Um reino movido por magia e não tecnologia e habitado por pessoas e animais fantásticos. Mas Empis é um mundo danado. A vegetação é rala e tomada por pragas, os animais são deficientes ou de tamanho exagerado, e a maioria das pessoas têm a pele cinzenta e deformações horríveis pelo corpo. Mas Charles conhece algumas pessoas adoráveis, como Dora, a consertadora de sapatos, e membros de uma antiga família real que foi destronada. Ele quer apenas cumprir sua missão e encontrar o relógio do sol, que vai permitir que Radar não só seja curada, mas rejuvenescida, seguindo a orientação do velho Bowditch que, ao passar por ele, viveu mais de um século, além de ter conseguido sua fortuna em ouro. Mas no caminho, a jornada de Charles vai se tornando muito perigosa, pois ele descobre que as noites são tomadas por temíveis lobos e os chamados soldados noturnos, zumbis que emitem raios de suas armas, entre outras monstruosidades deste mundo amaldiçoado.

Charles cumpre sua missão original, mas ao ser aprisionado na cidade real de Lilimar irá viver sua verdadeira aventura por sua vida e a própria segurança de nosso mundo, já que ele descobre, em meio a torturas e prisão num calabouço há centenas de metros abaixo da superfície, que o que causou o Mal a Empis foi a traição de Elder, o filho mais novo da família real de Gallien, após se aliar com o demônio que habita o Poço Profundo, que lhe concedeu poderes que o tornaram o novo rei, nem que com isso, matasse a maior parte da nobreza e levasse mortes e destruição a um mundo antes belo e próspero.

Como o leitor já deve ter notado, estamos diante de um enredo de conto de fadas, subgênero da fantasia, que trabalha certas características, como a jornada de um herói improvável, um reino em desgraça, seres míticos, poderes sobrenaturais e muita magia. King trabalha todos esses elementos com muita destreza, utilizando várias referências sobre histórias parecidas, e apresentando ao longo da narrativa várias associações com clássicos de fundo infantil, como João e o Pé de Feijão (1807), de Benjamin Tabart, e adultos, como Algo Sinistro Vem Por Aí (1962), de Ray Bradbury, além da vinculação com os Antigos de H.P. Lovecraft, na figura de Gogmagog, o monstro supremo que estaria por trás do mal liberado sobre Empis.

Nesse sentido, e pela própria autoconsciência do protagonista, King faz um experimento literário que poderia chamar de metaficcional. Ou seja, uma ficção própria, mas que dialoga e se referencia com outras, mas sem deixar de ter uma voz própria, dada a sua intensidade e habilidade narrativa. E este diálogo também ocorre por meio da problematização do próprio conteúdo do subgênero, ao recolocá-lo numa vertente mais horrorífica, como originalmente as histórias deste filão se desenvolviam, até serem modificadas para serem lidas por crianças num ambiente familiar, um movimento de revisionismo literário que tomou a cena no final do século XIX.

A jornada de Charles Reade, mesmo contada de forma retrospectiva e em primeira pessoa, não faz com que deixemos de sentir aflição e temor por seu destino e de Radar. A cada página virada, ambos se veem em situações de perigo e, ao mesmo tempo, estranhos encantamentos. No fundo é uma história de expiação, mais que de redenção, num adolescente que foi obrigado a amadurecer mais rápido do que deveria, em virtude dos infortúnios súbitos de sua vida.

Conto de Fadas é uma das histórias mais à vontade de King. Mas isso não a torna menos impactante. O sentimento é talvez de emoção, mais pela aventura do que pelo terror, embora, como dito, a trama seja norteada pelo malefício causado ao mundo de Empis. Que, afinal, o que seria? Um mundo paralelo ao nosso? Um portal que leva a outro ponto do Universo? King não explora muito essas premissas, se concentrando mais na construção do mundo em si e suas próprias regras e valores.

Em suma, esta é a história de conto de fadas particular de King, e em que ele trabalha e explora vários dos conceitos do subgênero. Mas que, sobretudo, proporciona ao leitor, uma das experiências de entretenimento mais marcantes de redenção e arrebatamento. Que livro estranho e fascinante.

Marcello Simão Branco