Pensando no sub-gênero dentro do cinema
fantástico bagaceiro que explora o ataque ou invasão de insetos ou aracnídeos,
gigantes ou não, as aranhas estão entre aqueles que mais são escolhidos pelos
roteiristas para aparecer nos filmes, rivalizando com as formigas. Em 1975, o
diretor e produtor Bill Rebane, responsável por diversas tranqueiras no
currículo, lançou “A Invasão das Aranhas
Gigantes” (The Giant Spider Invasion), uma preciosidade dos “filmes ruins”
que era reprisada à exaustão na televisão nos bons e saudosos tempos onde os
canais exibiam tralhas divertidas de horror e ficção científica.
Um meteoro cai próximo de uma pequena
cidade americana no Estado do Wisconsin, causando panes mecânicas nos carros e
fazendo os rádios pararem de funcionar. Da pequena cratera aberta no chão pela
queda surgem diversas pedras redondas com diamantes em seu interior, e quando
abertas liberam aranhas peludas alienígenas parecidas com as nossas tarântulas.
Elas inicialmente atacam as vacas de uma fazenda e ao aumentar seus tamanhos de
forma descomunal, invadem a cidade colecionando vítimas pelo caminho.
Um cientista da NASA, Dr. Vance (Steve
Brodie), se desloca de Houston, Texas, até a região da queda da bola de fogo do
espaço para investigar junto com os esforços de outra cientista local, Dra.
Jenny Langer (Barbara Hale). Eles descobrem um buraco negro responsável pela
vinda das aranhas de outra dimensão. Depois que uma aranha gigante com quinze
metros causa um rastro de destruição por onde passa, a dupla de cientistas
tenta encontrar um meio de anular o buraco negro, fechando a porta do inferno,
e destruir a criatura aracnídea extraterrestre, contando com a ajuda do xerife
local, Jeff Jones (Alan Hale).
“A Invasão das Aranhas Gigantes” é um
daqueles filmes divertidos pela ruindade geral, desde a produção paupérrima ao
roteiro típico do horror bagaceiro, passando pelos efeitos extremamente toscos da
aranha gigante, lembrando um carro alegórico fuleiro de carnaval (na verdade,
um bicho de pelúcia enorme montado sobre um fusca). Já no caso das aranhas de
tamanho normal foram usadas criaturas de oito pernas reais passeando pelos cenários
e sobre os atores, algo que o grande cineasta brasileiro José Mojica Marins já
fazia muitos anos antes, como no clássico “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”
(1963).
É verdade que o monstro aparece pouco em
cena, seja destruindo uma casa, atacando um carro ou perseguindo pessoas
desesperadas pela cidade, e a primeira cena só vem com quase 50 minutos de
filme. Mas, é inegável a diversão garantida com a aranha colossal espalhando o
caos por onde anda.
Devido às dificuldades orçamentárias da
produção, o roteiro tratou de gastar muito tempo com enrolação na história,
seja na investigação dos cientistas ou com os habitantes de uma cidadezinha não
acostumada com movimentações na rotina simples. Mas, a espera pelas cenas da
aranha imensa é recompensada com momentos hilariantes para os apreciadores de
tosquices. Existem também várias cenas noturnas (filmadas na luz do dia) que ficaram
muita escurecidas, algo bem apropriado para os realizadores esconderem os
defeitos do monstro.
A história mistura um tom de seriedade
com elementos cômicos inseridos por Robert Easton, um dos roteiristas e que
também atuou como o fazendeiro Kester que encontrou as pedras espaciais com as
aranhas. E tem o xerife bonachão apenas acostumado em resolver problemas comuns
de uma pequena cidade do interior americano, e que passa a maior parte do tempo
em seu escritório lendo o livro “Flying Saucers Want You” (Os Discos Voadores
Querem Você) e atendendo chamadas no telefone.
Curiosamente, tem uma piada
referenciando o filme “Tubarão”, o clássico de Steven Spielberg lançado no mesmo
ano de 1975, onde um comentário hilário do xerife sobre a aranha gigante revela
que numa comparação, “o tubarão é um peixinho dourado”.
(Juvenatrix – 25/03/20)
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