Utilizando como inspiração a história do
livro “A Ilha do Dr. Moreau”, escrito em 1896 por H. G. Wells, sobre um
“cientista louco” que realiza experiências genéticas misturando animais e
homens, o diretor italiano Sergio Martino lançou em 1979 a aventura com
elementos de horror e ficção científica “A
Ilha dos Homens-Peixe” (Island of the Fishmen). Trata-se de uma divertida
preciosidade dos antigos filmes bagaceiros com elementos fantásticos, que
muitos apreciadores do estilo se lembrarão pelas exaustivas reprises na
televisão.
Ambientado em 1891 na região do Mar do Caribe,
temos um grupo de náufragos de um navio francês de prisioneiros tentando se
salvar à bordo de um bote que acaba se chocando contra os rochedos de uma ilha.
Somente alguns poucos conseguem sobreviver e se reúnem para explorar a região
em busca de comida e abrigo. Enfrentando os perigos de uma ilha vulcânica como
as águas venenosas de um lago ou ainda armadilhas mortais como um buraco com
lanças pontiagudas, o médico Tenente Claude de Ross (Claudio Cassinelli) e dois
prisioneiros, José (Franco Iavarone) e Peter (Roberto Posse), encontram um
casarão e o improvável morador da ilha, Edmond Rackham (Richard Johnson). Ele comanda
com austeridade um grupo de nativos praticantes de vodu, através de sua líder
sacerdotisa Shakira (Beryl Cunningham), e mantém sob seu domínio uma jovem
mulher, Amanda (Barbara Bach).
O médico náufrago inevitavelmente fica
intrigado com a bela mulher vivendo numa ilha remota fora dos mapas e com seu
misterioso anfitrião, que revela estar longe da civilização há quinze anos.
Além também com as estranhas criaturas anfíbias, mistura de homens e peixes,
que ele não sabe ao certo se fazem parte de um pesadelo ou realidade.
As coisas se complicam ainda mais depois
que seus companheiros náufragos desaparecem misteriosamente e o médico descobre
a existência de um laboratório bem equipado, comandado por um veterano biólogo,
Prof. Ernest Marvin (Joseph Cotten), que está doente e realiza experiências proibidas
como o típico “cientista louco” que dedica seu trabalho para o bem da
humanidade.
“A Ilha dos Homens-Peixe” é uma daquelas
divertidas tranqueiras italianas com história aproveitando ideias recicladas, já
vistas em filmes como “A Ilha do Dr. Moreau”, lançado apenas dois anos antes em
1977, sobre o cientista recluso responsável por criaturas híbridas de homens e
animais, ou “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), na apresentação de seres anfíbios
mutantes, mistos de homens e peixes. Nele encontramos todos aqueles elementos que
caracterizam o cinema fantástico bagaceiro, destacando principalmente os
efeitos toscos com os monstros do título, muito mais divertidos com suas
fantasias de borracha, garras afiadas e expressões estáticas, quando comparados
com a artificialidade da computação gráfica dos filmes atuais.
Curiosamente, o filme teve uma versão
americana lançada pelo produtor Roger Corman, acrescentando um prólogo e novo
título, “Screamers”, com a participação de atores conhecidos dos filmes de
poucos recursos como Cameron Mitchell e Mel Ferrer. Teve também uma continuação
picareta em 1995, uma produção para a TV também dirigida por Sergio Martino
chamada “La regina degli uomini pesce”, que basicamente é uma colagem com cenas
reutilizadas do filme anterior e também de “2019: After the Fall of New York”
(1983).
(Juvenatrix – 27/03/20)
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