sexta-feira, 27 de março de 2020

A Ilha dos Homens-Peixe (Island of the Fishmen, Itália, 1979)


Utilizando como inspiração a história do livro “A Ilha do Dr. Moreau”, escrito em 1896 por H. G. Wells, sobre um “cientista louco” que realiza experiências genéticas misturando animais e homens, o diretor italiano Sergio Martino lançou em 1979 a aventura com elementos de horror e ficção científica “A Ilha dos Homens-Peixe” (Island of the Fishmen). Trata-se de uma divertida preciosidade dos antigos filmes bagaceiros com elementos fantásticos, que muitos apreciadores do estilo se lembrarão pelas exaustivas reprises na televisão.
Ambientado em 1891 na região do Mar do Caribe, temos um grupo de náufragos de um navio francês de prisioneiros tentando se salvar à bordo de um bote que acaba se chocando contra os rochedos de uma ilha. Somente alguns poucos conseguem sobreviver e se reúnem para explorar a região em busca de comida e abrigo. Enfrentando os perigos de uma ilha vulcânica como as águas venenosas de um lago ou ainda armadilhas mortais como um buraco com lanças pontiagudas, o médico Tenente Claude de Ross (Claudio Cassinelli) e dois prisioneiros, José (Franco Iavarone) e Peter (Roberto Posse), encontram um casarão e o improvável morador da ilha, Edmond Rackham (Richard Johnson). Ele comanda com austeridade um grupo de nativos praticantes de vodu, através de sua líder sacerdotisa Shakira (Beryl Cunningham), e mantém sob seu domínio uma jovem mulher, Amanda (Barbara Bach).
O médico náufrago inevitavelmente fica intrigado com a bela mulher vivendo numa ilha remota fora dos mapas e com seu misterioso anfitrião, que revela estar longe da civilização há quinze anos. Além também com as estranhas criaturas anfíbias, mistura de homens e peixes, que ele não sabe ao certo se fazem parte de um pesadelo ou realidade.
As coisas se complicam ainda mais depois que seus companheiros náufragos desaparecem misteriosamente e o médico descobre a existência de um laboratório bem equipado, comandado por um veterano biólogo, Prof. Ernest Marvin (Joseph Cotten), que está doente e realiza experiências proibidas como o típico “cientista louco” que dedica seu trabalho para o bem da humanidade.
“A Ilha dos Homens-Peixe” é uma daquelas divertidas tranqueiras italianas com história aproveitando ideias recicladas, já vistas em filmes como “A Ilha do Dr. Moreau”, lançado apenas dois anos antes em 1977, sobre o cientista recluso responsável por criaturas híbridas de homens e animais, ou “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), na apresentação de seres anfíbios mutantes, mistos de homens e peixes. Nele encontramos todos aqueles elementos que caracterizam o cinema fantástico bagaceiro, destacando principalmente os efeitos toscos com os monstros do título, muito mais divertidos com suas fantasias de borracha, garras afiadas e expressões estáticas, quando comparados com a artificialidade da computação gráfica dos filmes atuais.
Curiosamente, o filme teve uma versão americana lançada pelo produtor Roger Corman, acrescentando um prólogo e novo título, “Screamers”, com a participação de atores conhecidos dos filmes de poucos recursos como Cameron Mitchell e Mel Ferrer. Teve também uma continuação picareta em 1995, uma produção para a TV também dirigida por Sergio Martino chamada “La regina degli uomini pesce”, que basicamente é uma colagem com cenas reutilizadas do filme anterior e também de “2019: After the Fall of New York” (1983).
       
(Juvenatrix – 27/03/20)




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