quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Monstro de Pedras Brancas (The Monster of Piedras Blancas, EUA, 1959)


Sturges (John Harmon) é um homem viúvo que administra o funcionamento de um farol instalado numa construção à beira do mar, com o objetivo de alertar as diversas embarcações durante a noite sobre o perigo de acidentes contra os rochedos, responsáveis por muitos naufrágios. Ele tem uma jovem e bela filha, Lucille (Jeanne Carmen), que trabalha de garçonete num restaurante da pequena vila próxima, e é a namorada do jovem bioquímico Fred (Don Sullivan, das bagaceiras “O Gigante Monstro Gila” e “Teenage Zombies”). Quando assassinatos misteriosos e violentos começam a ocorrer na região, com vítimas degoladas e sem sangue, os moradores do vilarejo, especialmente o dono de um açougue, Kochek (Frank Arvidson), ficam assustados e creditam a responsabilidade das mortes para um lendário monstro que habita as cavernas nos penhascos logo abaixo do farol. Como Sturges parece esconder um terrível segredo, ele não é bem visto pelos habitantes, enfrentando problemas de relacionamento.
Mais mortes estranhas acontecem e o xerife George Matson (Forrest Lewis) está liderando as investigações, sempre fumando seu charuto e bastante intrigado pelas cabeças cortadas com precisão e a ausência de sangue nos cadáveres. Ele é auxiliado pelas perícias e análises do médico Dr. Sam Jorgenson (o inglês Les Tremayne, visto em outras bagaceiras divertidas do período como “Rastros do Espaço” e “Viagem ao Planeta Proibido”, além do clássico “A Guerra dos Mundos”). Devido ao crescente perigo ameaçando os moradores da pequena vila, e para interromper os assassinatos violentos, eles organizam um grupo para caçar o monstro. 


Dirigido por Irvin Berwick, com fotografia em preto e branco e curto (apenas 71 minutos), “O Monstro de Pedras Brancas” é mais um daqueles típicos filmes bagaceiros indispensáveis dos saudosos anos 50 do século passado, com seu roteiro simples e cheio de clichês, onde basicamente uma pequena cidade próxima do mar é atacada por um monstro carnívoro. E para os apreciadores dessas tranqueiras, a diversão está garantida justamente por esse tipo de história e pelos efeitos toscos de maquiagem com mortes violentas para a época, com um ator alto vestindo uma fantasia de borracha para interpretar o monstro assassino. Nesse caso, o trabalho é do ator Pete Dunn, que interpreta também outro personagem no filme, Eddie, um ajudante do açougue. Aliás, a concepção do monstro foi inspirada na criatura do clássico “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature From the Black Lagoon, 1954), onde percebemos muitas similaridades. Isso pode ser explicado pelo fato do técnico em efeitos de maquiagem Jack Kevan, ter trabalhado na equipe que criou o famoso monstro que vivia nas águas escuras de uma região remota na Amazônia, e ele é o produtor de “O Monstro de Pedras Brancas”. Por curiosidade o nome do filme refere-se às rochas abaixo do farol, que pareciam brancas pela grande quantidade de gaivotas desorientadas que se lançavam para a morte à noite contra as pedras.
O monstro é uma mutação da família dos diplovertebrons, uma raça pré-histórica anfíbia extinta, e de tão tosco consegue despertar aquele bem vindo sentimento de nostalgia dos incontáveis filmes de baixo orçamento que eram produzidos com histórias parecidas, e que divertiam pelas características bagaceiras. E não falta a tradicional cena onde o monstro caminha carregando em seus braços a mocinha indefesa e desacordada.
Numa época que não existia computação gráfica, os efeitos eram toscos pela falta de recursos técnicos e indisponibilidade de investimentos para resultados com mais qualidade, mas ainda assim eram infinitamente mais divertidos. Até mesmo pela ingenuidade das histórias absurdas, quando em comparação com o cinema fantástico bagaceiro do início do século 21 com efeitos em CGI que não despertam o mesmo interesse pelo excesso de artificialidade, e que facilitam o trabalho preguiçoso dos realizadores em tentar contar uma história melhor.
Em 2005 foi lançado “The Naked Monster”, que é uma homenagem aos filmes “B” da década de 1950, com a participação de muitos atores veteranos, os quais tornaram possíveis e imortalizadas aquelas tranqueiras divertidas do passado. Com uma ideia de comédia de ficção científica e horror, o filme homenageia “O Monstro de Pedras Brancas” numa cena passada num farol, com os atores originais John Harmon e Jeanne Carmen. Curiosamente, um dos diretores dessa paródia é Wayne Berwick (filho de Irvin Berwick), que também esteve no filme de 1959, num papel menor interpretando o garoto Jimmy, que era manco de uma perna e corria aos gritos avisando para todos que o monstro tinha assassinado outra vítima.   
Também por curiosidade, vale citar que antigamente eu visitava os sebos do centro de São Paulo à procura de raridades sobre cinema fantástico, e comprei um poster gigante (70 x 90 cm) nacional e da época de lançamento do filme, com uma arte desenhada destacando o rosto do monstro. “O Terror Invade a Praia... Surge das Profundezas... O Monstro de Pedras Brancas”.
(Juvenatrix – 07/09/16)


Nenhum comentário:

Postar um comentário