segunda-feira, 25 de outubro de 2021

As Filhas de Drácula (Twins of Evil, Inglaterra, 1971)

 


“Nós andamos na Terra, mas só existimos no inferno.” – Condessa Mircalla.


O livro “Carmilla”, do irlandês Sheridan Le Fanu (1814 / 1873), apresentando vampiras sensuais e sedutoras, serviu de inspiração para a “trilogia Karnstein”, produzida pelo estúdio inglês “Hammer” no início da década de 1970. A trinca de filmes é formada por “Camilla, a Vampira de Karnstein” (The Vampire Lovers), de Roy Ward Baker e com Peter Cushing e Ingrid Pitt, “Luxúria de Vampiros” (Lust For a Vampire), de Jimmy Sangster e com Yutte Stensgaard, e “As Filhas de Drácula” (Twins of Evil), de John Hough e com as gêmeas Madeleine e Mary Collinson, além de novamente Cushing, como um caçador de bruxas.


Num típico vilarejo europeu com aldeões supersticiosos existe um grupo de vigilantes liderados pelo fanático religioso Gustav Weil (Peter Cushing), que persegue jovens mulheres acusadas sem provas de bruxaria, e que são executadas queimadas vivas em fogueiras. Nesse cenário de medo e tensão, chegam as gêmeas órfãs Maria e Frieda Gellhorn (Mary e Madeleine Collinson), sobrinhas de Weil e que vão morar com ele e a tia Katy (Kathleen Byron).

Uma das gêmeas é mais ousada e determinada (Frieda), e se interessa pelo Conde Karnstein (Damien Thomas), adorador do diabo e que gosta de rituais satânicos em seu castelo. A outra é mais pacata e insegura (Mary), que tenta alertar a irmã dos perigos ao sair escondida à noite procurando aventuras com o sinistro conde, que por sua vez, se transforma em vampiro após invocar a Condessa Mircalla (Katya Wyeth) de seu túmulo através de um ritual sangrento com sacrifício humano.

Depois que ocorrem mortes misteriosas no vilarejo, com as vítimas sem sangue e com marcas de mordidas no pescoço, os justiceiros liderados por Weil e um jovem professor de música, Anton Hoffer (David Warbeck), mesmo em lados opostos, se unem para invadir o castelo e salvar a inocente Maria das garras do vampiro.   


“As Filhas de Drácula” encerra a “trilogia Karnstein”, e assim como nos filmes anteriores, aposta na beleza e sensualidade de belíssimas mulheres jovens transformadas em vampiras sedentas de sangue. Contando com os tradicionais elementos dos filmes góticos de horror como o sinistro castelo, as execuções de mulheres inocentes na fogueira, os rituais satânicos, a atmosfera fantasmagórica das florestas envoltas em névoas, e o respeito com a mitologia tradicional dos vampiros: aversão aos crucifixos, inexistência de reflexo nos espelhos e morte apenas com estaca no coração ou decapitação.

As gêmeas Mary e Madeleine Collinson são mulheres lindas e fizeram um bom trabalho ao interpretarem irmãs com personalidades opostas. Elas tiveram carreiras muito curtas no cinema e foram escolhidas para a capa da revista “Playboy” em 1970. 

Peter Cushing sempre agrega muito valor aos filmes que participa, deixando de lado dessa vez o papel de cientista louco ou do incansável caçador de Drácula, para interpretar um religioso cego pelo fanatismo, que é o responsável pela morte violenta de mulheres inocentes acusadas de bruxaria.   

O título nacional foi mal escolhido, o que não é novidade, num tratamento oportunista citando Drácula, quando na verdade o filme é inspirado no vampirismo do universo ficcional de “Karnstein”.  

Curiosamente, o ator Dennis Price faz aqui o papel de Dietrich, um fornecedor de diversão para o Conde Karnstein, como trazer jovens camponesas para os rituais demoníacos no castelo. Um papel similar que ele fez também no anterior “O Horror de Frankenstein” (1970), onde foi um ladrão de cadáveres para as experiências macabras do cientista na criação de vida artificial.  


O filme foi lançado em DVD no Brasil pela “Works / Dark Side / London”, sem material extra, encartado na revista “Dark Side DVD” ano 2, número 11 (Agosto de 2005). A revista, com distribuição nas bancas, tem vários interessantes textos sobre o filme em questão, além da “Trilogia Karnstein”, um artigo caprichado sobre as belas atrizes de filmes de horror que posaram nuas para a revista “Playboy”, e um perfil do cineasta John Hough, que dirigiu também o cultuado filme de fantasmas “A Casa da Noite Eterna” (The Legend of Hell House, 1973).


(Juvenatrix – 25/10/21)






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