domingo, 5 de fevereiro de 2017

O Fantasma de Frankenstein (The Ghost of Frankenstein, EUA, 1942)


A produtora americana “Universal”, assim como toda empresa que precisa lucrar para manter e continuar suas atividades, aproveitou a boa receptividade do público com a história do monstro de Frankenstein (criado pela escritora Mary Shelley em 1818) e explorou a ideia o máximo possível. “O Fantasma de Frankenstein” (1942) é o quarto filme da série, após “Frankenstein” (1931), “A Noiva de Frankenstein” (1935) e “O Filho de Frankenstein” (1939), sendo que nestes três filmes a criatura foi interpretada pelo lendário Boris Karloff (1887 / 1968), que não repetiu mais o papel. Em seu lugar foi escalado então outro ícone do cinema de horror, Lon Chaney Jr. (1906 / 1973), mais conhecido como o “lobisomem” no clássico de 1941.
Em “O Fantasma de Frankenstein”, dirigido por Erle C. Keaton, a história segue a partir dos acontecimentos do filme anterior, e o monstro estaria supostamente destruído, soterrado numa mina de enxofre debaixo da torre do cientista Frankenstein, e o ajudante Ygor, interpretado pelo húngaro Bela Lugosi (1886 / 1956), o eterno “Drácula” depois de surgir no filme homônimo de 1931, havia sido cravejado de balas. Porém, os aldeões do vilarejo estão descontentes com o declínio da região, alegando influência da maldição de Frankenstein. Nada prospera no local e então eles conseguem autorização das autoridades para explodir o castelo do “cientista louco”. Para a surpresa geral, encontram o manco Ygor ainda vivo e ele, depois da destruição do imenso casarão de pedras, localiza o monstro no subsolo, preservado pelo enxofre.
Ygor consegue resgatar seu companheiro e juntos fogem para a cidade de Visaria para procurar o outro filho de Frankenstein, o médico Ludwig (Cedric Hardwicke), especialista em doenças mentais. Após uma série de incidentes entre a criatura e os moradores da cidade, envolvendo também o promotor Erick Ernst (Ralph Bellamy), namorado de Elsa (Evelyn Ankers, filha de Ludwig Frankenstein), Ygor consegue convencer o também cientista e seu assistente ressentido Dr. Theodore Bohmer (Lionel Atwill), a realizarem novas experiências com o monstro, tentando trocar seu cérebro maligno. O Dr. Ludwig recebe também a influência de uma aparição do fantasma de seu pai, que aconselha não destruir a criatura feita de restos de cadáveres humanos. 
      
No entanto, quase resolvi um problema que tem confundido o ser humano desde tempos imemoriais: o segredo da vida criada artificialmente” – fantasma do Barão Henry Frankenstein

Com fotografia em preto e branco e duração de apenas 67 minutos (era comum naquela época os filmes serem curtos), “O Fantasma de Frankenstein” desperta interesse quase que exclusivamente pela atmosfera gótica e pelos atores (Lon Chaney Jr. e Bela Lugosi sempre tiveram grande relação com o Horror). Enquanto Chaney continua fazendo do monstro de Frankenstein uma aberração assustadora, numa decisão acertada em manter os mesmos aspectos visuais da criatura dos filmes anteriores interpretada por Karloff, o sinistro Ygor de Bela Lugosi também continua convincente e de extrema importância para os rumos da história.
Por outro lado, o roteiro pouco contribuiu para esse universo ficcional já bastante explorado, mesmo em 1942. A necessidade de obtenção de lucros pelos realizadores pressionou os roteiristas, que por sua vez enfrentaram uma escassez de criação. Eles reciclavam as mesmas ideias, contando histórias similares com os descendentes do cientista, ressuscitando o monstro e outros personagens, e utilizando as mesmas motivações e elementos que caracterizaram os filmes anteriores. O ápice dessa falta de originalidade resultou em vários filmes “crossover” produzidos em seguida, misturando os monstros “Drácula”, “Lobisomem” e “Criatura de Frankenstein” numa mesma história, abandonando ainda mais qualquer regra de coerência. 
Por curiosidade, o filme recebeu primeiramente o título nacional “A Alma de Frankenstein” e depois também ganhou o mais apropriado “O Fantasma de Frankenstein”. Foi lançado em DVD tanto pela “Universal” quanto “Dark Side” num programa duplo com o filme anterior da série, “O Filho de Frankenstein”. E também sozinho, pela “Continental”.
(Juvenatrix – 05/02/17)

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