domingo, 6 de janeiro de 2019

Boris Strugatsky (1933-2012)

No dia 20 de novembro de 2012, o mundo perdeu mais um grande nome da literatura especulativa: Boris Strugatsky, escritor russo que, ao lado do irmão mais velho Arkady Strugatsky (1925-1991), construiu uma sólida bibliografia no gênero da ficção científica, extremamente popular entre os soviéticos e reconhecida internacionalmente como clássica do gênero, sendo traduzida em mais de 30 idiomas.
Nascido em 14 de abril de 1933, Boris Natanovich Strugatsky passou sua infância em Leningrado e lá estava quando a cidade foi sitiada pelo exército nazista. Em 1955, formou-se em astronomia pela Universidade de Leningrado (atual São Petersburgo) e trabalhou como matemático no Observatório de Pulkov.
Os primeiros trabalhos da dupla eram profundamente influenciados por outro grande nome da ficção russa, Ivan Efremov (1908-1972), com uma visão positivista e ingênua da ciência, mas com o passar do tempo, os textos ficaram mais críticos e satíricos. O romance de estreia foi From beyond (Извне), publicado em 1958, e o primeiro grande sucesso editorial veio em 1962, com a publicação de Meio-dia: Século 22 (Полдень, XXII век), romance fix-up formado por várias histórias curtas interligadas.
A enorme aceitação dos leitores russos permitiu que, a partir de 1966, os irmãos Strugatsky se dedicassem à escrita em tempo integral. No total, a dupla publicou cerca de 30 romances e dezenas de contos e novelas.
Muitos de seus livros estão disponíveis em língua portuguesa, especialmente em edições lusitanas, tais como Prisioneiros do poder (Обитаемый остров, 1969), Que difícil é ser deus (Трудно быть богом, 1964) e Um besouro no formigueiro (Жук в муравейнике, 1980), entre outros.
Contudo, quase nada foi publicado no Brasil. Além do conto "O cone branco de Alaíde" ("Белый конус Алаида", 1959), visto nas antologias Rotas para o amanhã (s/d, Editora Bruguera) e 5 novelas de antecipação soviéticas (1964, Editora Estúdios Cor), somente dois romance foram traduzidos: Certamente, talvez (За миллиард лет до конца света, 1977), publicado em 1980 pela editora Civilização Brasileira – que explora um polêmico conceito científico sobre a ação da própria natureza para equilibrar o Universo no caso de descobertas científicas ameaçarem estabelecer paradoxos irreversíveis –, e o maior sucesso da dupla, o romance Piquenique na estrada (Пикник на обочине, 1972), publicado em 2017 pela editora Aleph, sobre exploradores ilegais que entram em um território perigoso e proibido com o intuito de resgatar artefatos abandonados por alienígenas em parada temporária, para vendê-los num ávido mercado negro. A história inspirou um longa-metragem Stalker, dirigido pelo respeitado cineasta Andrey Tarkovsky em 1979.
Diversos outros romances dos Strugatsky chegaram a telona, entre os quais Certamente, talvez, filmado por Alexander Sukorov cujo título americano é Days of eclipse; Prisioneiros do poder, dirigido por Feodor Bondarchuk sob o título The inhabited island, e Que difícil é ser deus, filmado por Peter Fleishmann com o nome de Hard to be a god.
Após a morte de Arkady, em 1991, Boris publicou mais dois romances assinados como S. Vititsky: Busca da predestinação ou o 27º teorema da ética (Поиск предназначения, или Двадцать седьмая теорема этики, 1994) e Os incapazes deste mundo (Бессильные мира сего, 2003).
Boris Strugatsky morreu em São Petersburgo, aos 79 anos, de causa incerta, provavelmente de problemas cardíacos, dos quais o escritor já sofria há algum tempo.
Cesar Silva

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