
Até 2013, a fc&f no Brasil foi acompanhada de pertinho pelo
Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica.
Essa missão está agora disseminada num grande número de iniciativas de
fãs e acadêmicos, de forma que há muitas interpretações e análises
circulando, especialmente na internet. Contudo, minha análise pessoal
ainda pode ter algum valor para aqueles que gostam de discutir os
lançamentos mais expressivos da literatura especulativa no Brasil. Assim
sendo, vou exercitar aqui a minha opinião baseada na lista do
Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2014 - Lançamentos, recentemente publicado
aqui.

Começando
pelos autores brasileiros, o gênero da fantasia segue firme e forte
como o preferido de autores, editores e leitores, tomando pelo menos
metade dos lançamentos de ficção fantástica. É claro que caberia
discutir os limites de cada gênero e até mesmo questionar se um
determinado título faz parte ou não do rol das obras especulativas – há
muitas definições e algumas delas são diametralmente opostas – mas tomo a
liberdade de usar a minha: se não é claramente fc ou terror, é
fantasia. E entram na definição as histórias de realismo mágico e
fantástico.

Dessa forma, destaco, na fantasia, os livros
A cabeça do santo, de Socorro Acioli, publicado pela Companhia das Letras, e
Os sóis da América,
de Simone Saueressig, publicado pela autora em quatro volumes ao longo
de 2013 e 2014. Ambas são autoras experientes no gênero, com diversos
títulos publicados por grandes editoras. Socorro investiu num romance
regionalista moderno que trata de costumes e tradições bem brasileiras,
enquanto Simone fez um romance de alta fantasia em um continente
americano povoado por seres mitológicos inspirados nas culturas de
diversos povos, entre os quais os brasileiros, embora estes não sejam
predominantes.

Também destaco o segundo volume da coletânea
Hiperconexões: Realidade expandida,
organizada por Luiz para a editora Patuá. Trata-se de uma proposta que,
se não é de toda original, é bastante rara: uma seleta de poemas de
ficção científica de diversos autores, todos explorando o tema do
pós-humanismo. O primeiro volume foi publicado em 2013, pela editora
Terracota.

Na ficção científica, Luiz Bras também sustentou uma boa posição com
Distrito Federal,
publicado pela Patuá, romance que o autor prefere chamar de rapsódia,
uma fantasia tecnológica sobre a corrupção e suas consequências.
Também vale destacar
A lição de anatomia do temível Dr. Louison, de Enéias Tavares, publicação da LeYa Brasil/Casa da Palavra.


O romance foi vencedor da primeira edição do Prêmio Fantasy e inaugurou a coleção Brasiliana Steampunk.
Trata-se de uma ficção alternativa que reúne, numa mesma aventura, diversos personagens da literatura fantástica brasileira.
Entre as coletâneas, é impossível não voltar a Luiz Bras e sua
Pequena coleção de grandes horrores,
pela editora Circuito, um conjunto de narrativas muito curtas que
brincam com ícones da cultura pop e dialogam com várias obras do gênero.


No horror, vale a pena buscar por
As máscaras do pavor,
do veterano escritor e roteirista R. F. Lucchetti, uma das maiores
personalidades do gênero no país, muito conhecido por suas parcerias
como o ilustrador Nico Rosso, nos quadrinhos, e com José Mojica Marins,
no cinema. O romance é o primeiro de uma coleção do autor – conhecido
como o homem dos mil livros – numa parceria das editoras Devaneio e
Corvo.
Entre as coletâneas, vale registrar Flores mortais, de Giulia Moon, pela Giz Editorial e Sete monstros brasileiros,
de Braulio Tavares, pela Casa da Palavra. A primeira reúne contos com
as vampiras criadas pela autora, que é uma das melhores escritoras da
Terceira Onda da ficção fantástica brasileira. A
segunda é mais uma contribuição valiosa do experiente escritor
paraibano Braulio Tavares, desta feita navegando no ainda pouco
explorado panteão de criaturas assustadoras da mitologia nacional.
Alguns dos títulos citados neste artigo dispõe de resenhas neste blogue, é só buscar pelos autores no índice de tags.
— Cesar Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário