domingo, 13 de novembro de 2016

984 - Prisioneiro do Futuro (984: Prisoner of the Future, Canadá, 1982)


O cineasta húngaro Tibor Takacs, que foi o responsável pelo cultuado “O Portão” (The Gate, 1987) e outras tranqueiras divertidas, teve como um de seus primeiros trabalhos a ficção científica distópica “984 – O Prisioneiro do Futuro”, produzido em 1979 e lançado em 1982, e que também tem o título original alternativo “The Tomorrow Man”.
“Algum dia no futuro existirá uma prisão de segurança máxima em algum lugar na América do Norte, mantendo prisioneiro de um novo regime.”
Essa introdução já permite visualizar a ideia central do filme: um futuro distópico, com o surgimento de um novo modelo político autoritário, que pune com rigor e violência seus oponentes, sem oportunidade de defesa ou comprovação de culpa.
Um executivo bem sucedido, Tom Weston (Stephen Markle) é levado para uma prisão de segurança máxima controlada por guardas robôs e administrada por um diretor sádico (Don Francks). Acusado de fazer parte de um grupo de empresários ricos e conspiradores que querem derrubar o governo liderado pelo Dr. Braxton Fontaine (Andrew Foot), que instaurou um “mundo novo” com o regime político chamado “O Movimento”. Sem chance de se defender, ele logo recebe a identificação numérica “984” (do título do filme), e torna-se um prisioneiro que sofre interrogatórios com lavagem cerebral e espancamentos (através do guarda Jeffries, interpretado por Stan Wilson) para admitir seu suposto crime contra a humanidade. E também para servir de diversão e alívio do tédio do diretor do presídio, que vigia tudo num sistema de monitoramento com câmeras e insinua um mistério perturbador sobre o mundo exterior.
O filme é claramente datado, onde percebemos características que nos remetem ao final dos anos 70 e década de 80 do século passado. A produção é paupérrima e os robôs futuristas com os olhos vermelhos que controlam o presídio são hilariantes de tão precários, se movimentando com rodinhas nos pés. As ações se concentram no ambiente sinistro e claustrofóbico da penitenciária, com uma atmosfera sufocante imposta pelas imensas paredes de concreto, alternando para alguns momentos no mundo exterior em flashbacks do personagem Tom Weston com sua família, no trabalho e em reuniões conspiratórias.
A história básica é interessante, mesmo sendo um clichê já muito explorado, e a intenção dos realizadores era apresentar o filme como piloto para uma série de TV cujo projeto foi cancelado. Curiosamente, ele não consegue se sustentar como longa metragem, com a sensação de repetição causando um incômodo inevitável, e ainda temos um roteiro confuso com informações soltas provavelmente de forma proposital para serem melhor exploradas caso se transformasse numa série televisiva. O ideal seria a exibição num formato menor, apenas como um episódio único de cerca de meia hora de alguma outra série de TV com histórias envolvendo elementos fantásticos..
Apesar dos problemas, “984 – Prisioneiro do Futuro” é um filme obscuro com uma atmosfera sombria e que garante alguns bons momentos de entretenimento para os apreciadores do cinema bagaceiro, principalmente nas cenas com os robôs toscos e no desfecho desolador e depressivo.
 (Juvenatrix – 13/11/16)

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