segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Noite das Gaivotas (La Noche de las Gaviotas / Night of the Seagulls, Espanha, 1975)


Quarto e último filme da cultuada tetralogia dos mortos-vivos cegos do espanhol Amando de Ossorio. “A Noite das Gaivotas” é o sucessor de “A Noite do Terror Cego” (The Night of the Blind Terror, 1972), “O Retorno dos Mortos-Vivos” (The Return of the Evil Dead, 1973) e “O Galeão Fantasma” (The Ghost Galleon, 1974).
Uma ordem de cavaleiros templários com centenas de anos realiza cerimônias de magia negra idolatrando um demônio do mar, uma criatura bestial representada por uma estátua, que transformou os seguidores da seita em mortos-vivos esqueléticos vestindo trapos esfarrapados. Eles amaldiçoaram uma pequena vila à beira do mar, e para não destruí-la exigiram a cada sete anos, durante sete noites seguidas, o sacrifício de jovens e belas mulheres. Um médico, Dr. Henry Stein (Victor Petit) chega ao vilarejo com sua esposa Joan (Maria Kosti), para substituir o antigo médico (Javier de Rivera), ávido e impaciente pela transferência daquele lugar maldito. O casal é mal recebido pelos aldeões que não desejam os serviços médicos e não querem intrusos. Eles vivem numa aura de mistério e medo, escondendo um terrível segredo. Porém, uma única pessoa decide ajudá-los, a bela jovem Lucy (Sandra Mozarosky), que se oferece como empregada. Mas, as sinistras procissões noturnas na beira da praia e o desaparecimento de jovens mulheres desperta a atenção do Dr. Stein, que tenta descobrir a verdade e passa a lutar para defender sua vida, da esposa e de Lucy.   
Apesar de fazerem parte de um mesmo universo ficcional, os filmes com os mortos-vivos cegos de Amando de Ossorio podem ser conferidos isoladamente, com histórias independentes em torno de uma ideia central com os templários satanistas zumbis cadavéricos. Em “A Noite das Gaivotas”, temos uma incrível e constante atmosfera sombria com locações arrepiantes de gelar a espinha. E mesmo esbarrando nos velhos e tradicionais clichês do estilo, com efeitos bagaceiros (mas que divertem justamente pela tosquice), e pela narrativa por vezes lenta, é inegável sentir o efeito de horror autêntico escondido nos opressores castelos de pedras, iluminados por tochas de fogo. Além dos aldeões sempre rudes com forasteiros, escondendo segredos antigos, os rituais satânicos com sacrifícios humanos (com direito a corações arrancados e corpos devorados por caranguejos), e as misteriosas comitivas noturnas na praia, com sinos tocando e cantorias tristes simulando lamentos. Tem ainda os gritos agonizantes das gaivotas do título, ecoando pela noite e representando as almas sofridas das mulheres sacrificadas em nome de uma criatura demoníaca marinha, que lembra as feras indizíveis da literatura de H. P. Lovecraft. Não poderia faltar também um panaca com deficiência mental que sofre perseguições com pancadarias e apedrejamentos dos habitantes da vila. Ele é Teddy (interpretado por Jan Antonio Castro) e além de seu nome soar bem estranho, ele é resgatado pelo médico e sua esposa, e morre de medo dos mistérios que envolvem o vilarejo durante a noite. Entre os clichês explorados, tem também a cena dos sobreviventes encurralados numa casa, tentando suportar o ataque dos mortos-vivos sem olhos empunhando suas espadas, numa referência ao clássico americano “A Noite dos Mortos-Vivos” (1968), de George Romero. 
(Juvenatrix – 14/12/15)

Nenhum comentário:

Postar um comentário