Filme situado no sub-gênero do cinema
fantástico que aborda catástrofes de dimensões colossais, sendo nesse caso a
tragédia causada pela ação equivocada da humanidade no uso da energia nuclear,
e com a retaliação da natureza com consequências devastadoras. Também é
conhecido no Brasil como “O Fim do Mundo”, conforme informação do livro “Ficção
Científica”, de Gilberto Schoereder (Editora Francisco Alves, 1986).
O cientista Dr. Stephen Sorenson (Dana
Andrews), é informado por seu médico que está com uma doença terminal, devido a
grande exposição de radiação em suas experiências. Ele é casado com a bela
jovem Dra. Maggie (Janette Scott), e lidera uma equipe científica à frente de um
projeto audacioso que consiste em trazer para a superfície o magma derretido do
interior do planeta, que em condições controladas transforma-se em energia,
através do calor limpo e ilimitado. Trabalhando num complexo centro de
operações abaixo da superfície, eles precisam romper uma última camada sólida
para chegar ao magma, e tentam alcançar o objetivo com a explosão de um míssil
nuclear. Contra essa perigosa estratégia, um jovem geólogo, Dr. Ted Rampion
(Kieron Moore), defende a teoria de que a explosão atômica poderia causar uma
imensa rachadura ou fenda no crosta terrestre (daí o título do filme), e o
calor do magma em contato com os oceanos causaria uma série de terremotos,
maremotos, tsunamis e destruições em escala apocalíptica. Porém, uma vez pressionado
pelos investidores de vários países, liderados pelo inglês Sir Charles
Eggerston (Alexander Knox), que exigem resultados lucrativos e imediatos com o
projeto de alto custo, o Dr. Sorenson escolhe pelo lançamento da bomba numa
decisão arriscada que pode levar o mundo ao colapso.
“Uma Fenda no Mundo” tem ótimos efeitos
especiais para a época, sob o comando do diretor de arte Eugene Lourie, que
também é conhecido como o cineasta responsável por algumas preciosidades do
cinema bagaceiro de FC e Horror como “O Monstro do Mar” (1953), “O Monstro de
New York” (1958), “O Monstro Submarino” (1959) e “Gorgo” (1961). Passado meio
século, esses efeitos podem parecer ingênuos, mas numa época sem computação
gráfica, o trabalho de Lourie e sua equipe de técnicos certamente é um dos
grandes destaques do filme, misturando-se a imagens reais de explosões,
terremotos e erupções vulcânicas.
Curiosamente, a ideia central do roteiro,
inspirado numa história de Jon Manchip White, é inverter o foco da maioria dos
filmes similares, onde a temática é voltada à exploração do espaço exterior,
com a humanidade partindo para fora do planeta em busca de conhecimento,
contato com outras raças ou refúgio. Aqui, a opção da história é direcionar a
atenção para o interior da Terra, explorando regiões desconhecidas com o
objetivo de utilizar a energia do calor do magma para o desenvolvimento
industrial da humanidade.
Por outro lado, como ponto negativo, temos
um desnecessário triângulo amoroso entre os três principais personagens, com a
jovem Dra. Sorenson no meio de dois cientistas interessados em sua beleza. Essa
relação a três ficou bastante deslocada no meio da grande confusão criada pela
gigantesca rachadura que ameaçava a estabilidade do planeta.
Mas, independente desse detalhe desfavorável,
o filme é uma grande diversão, típica da saudosa e nostálgica “Sessão da Tarde”
da TV Globo. Por curiosidade, vale registrar outros filmes com histórias
explorando o espaço interior, como “Um Mundo Desconhecido (Unknown World,
1951), “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth, 1959,
baseado em livro de Jules Verne), “No Coração da Terra” (At the Earth´s Core,
1976), “Catástrofe” (The Deep Core, 2000) e “O Núcleo – Missão ao Centro da
Terra” (The Core, 2003).
(Juvenatrix - 02/02/15)
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