domingo, 8 de fevereiro de 2015

Uma Fenda no Mundo (Crack in the World, 1965)



Filme situado no sub-gênero do cinema fantástico que aborda catástrofes de dimensões colossais, sendo nesse caso a tragédia causada pela ação equivocada da humanidade no uso da energia nuclear, e com a retaliação da natureza com consequências devastadoras. Também é conhecido no Brasil como “O Fim do Mundo”, conforme informação do livro “Ficção Científica”, de Gilberto Schoereder (Editora Francisco Alves, 1986).
O cientista Dr. Stephen Sorenson (Dana Andrews), é informado por seu médico que está com uma doença terminal, devido a grande exposição de radiação em suas experiências. Ele é casado com a bela jovem Dra. Maggie (Janette Scott), e lidera uma equipe científica à frente de um projeto audacioso que consiste em trazer para a superfície o magma derretido do interior do planeta, que em condições controladas transforma-se em energia, através do calor limpo e ilimitado. Trabalhando num complexo centro de operações abaixo da superfície, eles precisam romper uma última camada sólida para chegar ao magma, e tentam alcançar o objetivo com a explosão de um míssil nuclear. Contra essa perigosa estratégia, um jovem geólogo, Dr. Ted Rampion (Kieron Moore), defende a teoria de que a explosão atômica poderia causar uma imensa rachadura ou fenda no crosta terrestre (daí o título do filme), e o calor do magma em contato com os oceanos causaria uma série de terremotos, maremotos, tsunamis e destruições em escala apocalíptica. Porém, uma vez pressionado pelos investidores de vários países, liderados pelo inglês Sir Charles Eggerston (Alexander Knox), que exigem resultados lucrativos e imediatos com o projeto de alto custo, o Dr. Sorenson escolhe pelo lançamento da bomba numa decisão arriscada que pode levar o mundo ao colapso.
Uma Fenda no Mundo” tem ótimos efeitos especiais para a época, sob o comando do diretor de arte Eugene Lourie, que também é conhecido como o cineasta responsável por algumas preciosidades do cinema bagaceiro de FC e Horror como “O Monstro do Mar” (1953), “O Monstro de New York” (1958), “O Monstro Submarino” (1959) e “Gorgo” (1961). Passado meio século, esses efeitos podem parecer ingênuos, mas numa época sem computação gráfica, o trabalho de Lourie e sua equipe de técnicos certamente é um dos grandes destaques do filme, misturando-se a imagens reais de explosões, terremotos e erupções vulcânicas.
Curiosamente, a ideia central do roteiro, inspirado numa história de Jon Manchip White, é inverter o foco da maioria dos filmes similares, onde a temática é voltada à exploração do espaço exterior, com a humanidade partindo para fora do planeta em busca de conhecimento, contato com outras raças ou refúgio. Aqui, a opção da história é direcionar a atenção para o interior da Terra, explorando regiões desconhecidas com o objetivo de utilizar a energia do calor do magma para o desenvolvimento industrial da humanidade.
Por outro lado, como ponto negativo, temos um desnecessário triângulo amoroso entre os três principais personagens, com a jovem Dra. Sorenson no meio de dois cientistas interessados em sua beleza. Essa relação a três ficou bastante deslocada no meio da grande confusão criada pela gigantesca rachadura que ameaçava a estabilidade do planeta.
Mas, independente desse detalhe desfavorável, o filme é uma grande diversão, típica da saudosa e nostálgica “Sessão da Tarde” da TV Globo. Por curiosidade, vale registrar outros filmes com histórias explorando o espaço interior, como “Um Mundo Desconhecido (Unknown World, 1951), “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth, 1959, baseado em livro de Jules Verne), “No Coração da Terra” (At the Earth´s Core, 1976), “Catástrofe” (The Deep Core, 2000) e “O Núcleo – Missão ao Centro da Terra” (The Core, 2003).
(Juvenatrix - 02/02/15)

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