O cultuado estúdio inglês “Hammer”
refilmou em cores no final de década de 50 do século passado, os grandes
clássicos com fotografia em preto e branco dos anos 30, de monstros da
produtora americana “Universal”. Tivemos então “A Maldição de Frankenstein”
(57), “O Vampiro da Noite” (58) e “A Múmia” (59), todos com a “dupla dinâmica”
de ícones do horror Peter Cushing e Christopher Lee. Ficando para o
aristocrático Cushing os papéis de “cientista louco”, caçador de vampiros e
arqueólogo, e para Lee a missão de interpretar os vilões e monstros.
Dirigido pelo especialista Terence Fisher
e com roteiro de Jimmy Sangster (ambos com muitos créditos na “Hammer”), “A
Múmia” é inspirada nos filmes “A Mão da Múmia” (The Mummy´s Hand, 40) e “A
Sombra da Múmia” (The Mummy´s Ghost, 44). A história é ambientada inicialmente
no Egito de 1895, onde um grupo de arqueólogos liderado por John Banning (Peter
Cushing), encontra o Templo do deus pagão Karnak, onde está a tumba da princesa
e sacerdotisa Ananka (Yvonne Furneaux). Uma vez o túmulo transportado para a
Inglaterra, as ações se voltam para três anos depois, onde o egípcio Mehemet
Bey (George Pastell), um fanático religioso dos costumes antigos de seu país,
está descontente com a violação dos templos sagrados em escavações dos
arqueólogos ingleses. Ele consegue, através da leitura de um pergaminho místico
de 4000 anos, despertar a múmia Kharis (Christopher Lee), um ancestral guardião
da tumba da princesa, que foi condenado à morte, tendo a língua cortada e sendo
enfaixado e confinado num ataúde. A múmia recebeu a missão de espalhar uma
maldição vingando-se de todos que profanaram a tumba egípcia.
Assim como a grande maioria dos filmes da
“Hammer”, a diversão aqui também é garantida para quem aprecia as cultuadas
produções com elementos góticos e exploração dos monstros clássicos do horror.
A múmia é um tema já filmado à exaustão, apresentando basicamente as
consequências de uma maldição vingativa contra os profanadores de tumbas
misteriosas. E faz parte da cultura popular ao lado dos vampiros, zumbis,
lobisomens, demônios, fantasmas e monstros gigantes. São muitos filmes com a
ideia central similar, e a própria “Hammer” possui outros trabalhos no mesmo
segmento como “A Maldição da Múmia” (64), “A Mortalha da Múmia” (67) e “Sangue
no Sarcófago da Múmia” (71).
Só o fato da participação de Peter Cushing
e Christopher Lee no elenco, já é motivo para agregar muito valor ao filme e
servir de recomendação para os apreciadores de suas lendárias carreiras. Seus
currículos dentro do cinema de horror são parte integrante e inquestionável da
história do gênero. Lee é mais lembrado como o vampiro Drácula, mas também foi
a criatura de Frankenstein e a múmia, atuando sob forte maquiagem e enfaixado em bandagens. Suas
cenas ambientadas num pântano sombrio são memoráveis, num dos grandes ápices do
filme, e seu papel de múmia também deve ser lembrado como destaque em sua
filmografia, num paralelo de igual importância à múmia interpretada por Boris
Karloff no clássico da “Universal” de 1932.
Curiosamente, “A Múmia” é o único filme da
“Hammer” em que aparecem juntos Peter Cushing, Cristopher Lee e o eterno
coadjvante Michael Ripper, rosto visto com frequência em papéis pequenos de
diversos outros filmes tanto da própria “Hammer” como também da rival “Amicus”.
(Juvenatrix - 24/01/15)
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