“Na noite de 29 de Setembro de 1975, uma
tempestade elétrica repentina abateu a zona rural da costa marinha da Georgia.
Os cabos de alta tensão, derrubados pelos ventos fortes, mandaram centenas de
milhares de volts para a terra enlameada, deixando sem eletricidade a pequena e
afastada cidade de Fly Creek. Durante o período que se seguiu à tempestade, os
cidadãos de Fly Creek experimentaram os que os cientistas acreditam ser um dos
mais bizarros episódios da natureza já registrados. Esta é a história...”
O cinema fantástico bagaceiro já mostrou
uma infinidade de filmes com histórias de revoltas da natureza e ataques e
invasões de animais e insetos de todos os tipos. Sapos, morcegos, pássaros,
ovelhas, ratos, coelhos, aranhas, abelhas, vespas, lesmas, formigas, tubarões,
cobras, etc, já foram assunto explorado em diversas tranqueiras divertidas
justamente pelo absurdo dos roteiros. Em “A Noite do Terror Rastejante” (Squirm),
a vez agora é das minhocas se revoltarem contra os humanos, sentindo o gosto do
sangue e saboreando a carne, num filme com direção e roteiro de Jeff Lieberman
(de “O Ajudante de Satã”, 2004), e produção da AIP (“American International
Pictures”).
Conforme informa a introdução acima, uma
pequena cidade americana no Estado americano da Georgia, enfrenta uma forte
tempestade que derrubou os cabos de energia no solo, deixando a cidade sem luz
e descarregando alta voltagem na terra, incitando uma imensa população de
minhocas que se transformam em criaturas mutantes carnívoras, para invadir a
superfície à noite, uma vez que são sensíveis à luz, atacando violentamente os
humanos. Um casal de jovens namorados, Geri Sanders (Patricia Pearcy), uma moça
local, e Mick (Don Scardino), um rapaz recém-chegado de New York, descobre os
esqueletos de vítimas dos seres rastejantes. Eles tentam avisar a polícia, através
do xerife Jim Reston (Peter Mac Lean), sem muito sucesso e com uma recepção
indiferente e desacreditada, restando apenas lutar por suas vidas e esperar
pelo término da “noite do terror rastejante”.
Um dos posters originais do filme,
mostrando um homem enterrado e apenas com a cabeça para fora, cercado de
minhocas interessadas em sua carne e já com algumas rastejando sob a pele do
rosto, desperta a atenção em conhecer a história, principalmente para os
apreciadores de bagaceiras divertidas do cinema fantástico. Os bons efeitos de
maquiagem garantem vários momentos de tensão e horror nos ataques das criaturas
melequentas, com os trabalhos liderados pelo especialista Rick Baker, mais
conhecido por “Um Lobisomem Americano em Londres” (81). Em seu consagrado
currículo, ainda temos os créditos em pérolas como “Nasce um Monstro” (74), “O
Incrível Homem Que Derreteu” (77) e “Videodrome – A Síndrome do Vídeo” (83),
entre diversas outras, sem contar as produções com mais recursos como “O
Planeta dos Macacos” (2001), “O Chamado” (2002) e “O Lobisomem” (2010).
O início é meio arrastado, com muita
enrolação na apresentação dos personagens e a lenta investigação do mistério
sobre a invasão das minhocas, com as mortes só começando a acontecer a partir
da metade da projeção, onde percebemos um resgate àquela divertida atmosfera
dos antigos filmes bagaceiros dos anos 50 do século passado. Como um filme de
revolta da natureza e invasão de animais enfurecidos, temos alguns dos
tradicionais clichês desfilando livremente pelo roteiro. Como o casalzinho
descobrindo o mistério e não conseguindo convencer as autoridades locais do
perigo (nesse caso, um único xerife incompetente). Ou o manjado fato da pequena
cidadezinha do interior dos Estados Unidos devastada pelas minhocas, como se
estivesse isolada do mundo. Tem também as origens absurdas do terror (nesse
caso, rastejante), conferindo às antes inofensivas minhocas uma fúria
devoradora de homens. Até poderia ser plausível que uma descarga elétrica na
terra encharcada de água fizesse com que as minhocas saíssem do subsolo, mas
sem a fome por carne humana, e ainda emitindo grunhidos intimidadores (na
verdade, foi relevado que os sons eram realmente ruídos eletrônicos de porcos
reais em matadouros).
(Juvenatrix - 17/02/15)
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