terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A Noite do Terror Rastejante (Squirm, 1976)


“Na noite de 29 de Setembro de 1975, uma tempestade elétrica repentina abateu a zona rural da costa marinha da Georgia. Os cabos de alta tensão, derrubados pelos ventos fortes, mandaram centenas de milhares de volts para a terra enlameada, deixando sem eletricidade a pequena e afastada cidade de Fly Creek. Durante o período que se seguiu à tempestade, os cidadãos de Fly Creek experimentaram os que os cientistas acreditam ser um dos mais bizarros episódios da natureza já registrados. Esta é a história...”
O cinema fantástico bagaceiro já mostrou uma infinidade de filmes com histórias de revoltas da natureza e ataques e invasões de animais e insetos de todos os tipos. Sapos, morcegos, pássaros, ovelhas, ratos, coelhos, aranhas, abelhas, vespas, lesmas, formigas, tubarões, cobras, etc, já foram assunto explorado em diversas tranqueiras divertidas justamente pelo absurdo dos roteiros. Em “A Noite do Terror Rastejante” (Squirm), a vez agora é das minhocas se revoltarem contra os humanos, sentindo o gosto do sangue e saboreando a carne, num filme com direção e roteiro de Jeff Lieberman (de “O Ajudante de Satã”, 2004), e produção da AIP (“American International Pictures”).
Conforme informa a introdução acima, uma pequena cidade americana no Estado americano da Georgia, enfrenta uma forte tempestade que derrubou os cabos de energia no solo, deixando a cidade sem luz e descarregando alta voltagem na terra, incitando uma imensa população de minhocas que se transformam em criaturas mutantes carnívoras, para invadir a superfície à noite, uma vez que são sensíveis à luz, atacando violentamente os humanos. Um casal de jovens namorados, Geri Sanders (Patricia Pearcy), uma moça local, e Mick (Don Scardino), um rapaz recém-chegado de New York, descobre os esqueletos de vítimas dos seres rastejantes. Eles tentam avisar a polícia, através do xerife Jim Reston (Peter Mac Lean), sem muito sucesso e com uma recepção indiferente e desacreditada, restando apenas lutar por suas vidas e esperar pelo término da “noite do terror rastejante”.
Um dos posters originais do filme, mostrando um homem enterrado e apenas com a cabeça para fora, cercado de minhocas interessadas em sua carne e já com algumas rastejando sob a pele do rosto, desperta a atenção em conhecer a história, principalmente para os apreciadores de bagaceiras divertidas do cinema fantástico. Os bons efeitos de maquiagem garantem vários momentos de tensão e horror nos ataques das criaturas melequentas, com os trabalhos liderados pelo especialista Rick Baker, mais conhecido por “Um Lobisomem Americano em Londres” (81). Em seu consagrado currículo, ainda temos os créditos em pérolas como “Nasce um Monstro” (74), “O Incrível Homem Que Derreteu” (77) e “Videodrome – A Síndrome do Vídeo” (83), entre diversas outras, sem contar as produções com mais recursos como “O Planeta dos Macacos” (2001), “O Chamado” (2002) e “O Lobisomem” (2010).
O início é meio arrastado, com muita enrolação na apresentação dos personagens e a lenta investigação do mistério sobre a invasão das minhocas, com as mortes só começando a acontecer a partir da metade da projeção, onde percebemos um resgate àquela divertida atmosfera dos antigos filmes bagaceiros dos anos 50 do século passado. Como um filme de revolta da natureza e invasão de animais enfurecidos, temos alguns dos tradicionais clichês desfilando livremente pelo roteiro. Como o casalzinho descobrindo o mistério e não conseguindo convencer as autoridades locais do perigo (nesse caso, um único xerife incompetente). Ou o manjado fato da pequena cidadezinha do interior dos Estados Unidos devastada pelas minhocas, como se estivesse isolada do mundo. Tem também as origens absurdas do terror (nesse caso, rastejante), conferindo às antes inofensivas minhocas uma fúria devoradora de homens. Até poderia ser plausível que uma descarga elétrica na terra encharcada de água fizesse com que as minhocas saíssem do subsolo, mas sem a fome por carne humana, e ainda emitindo grunhidos intimidadores (na verdade, foi relevado que os sons eram realmente ruídos eletrônicos de porcos reais em matadouros).
(Juvenatrix - 17/02/15)

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