Charles Band nasceu em
1951 nos Estados Unidos. Roteirista, diretor e produtor, ele fez parte, junto
com seu pai Albert Band, da extinta produtora “Empire Pictures”, que foi a responsável
por várias preciosidades como “A Hora dos Mortos-Vivos” (Re-Animator, 1985) e
“Do Além” / “Possuídos Pelo Mal” (From Beyond, 1986), ambos baseados em
histórias de H. P. Lovecraft. Após o encerramento das atividades da “Empire”,
ele fundou a produtora “Full Moon Entertainment” e continuou lançando suas
pérolas de horror e ficção científica como a imensa franquia “Puppet Master”.
“A Maldição dos Brinquedos”
(Curse of the Puppet Master, 1998) é o sexto filme da franquia e foi lançado no
mercado brasileiro de vídeo VHS pela “Play Time”. Com direção de David
DeCoteau, creditado como Victoria Sloan, a história é sobre o “cientista louco”
Dr. Magrew (George Peck), que utiliza os conhecimentos de Andre Toulon, o
famoso “mestre dos brinquedos” dos filmes anteriores, e mantém em cativeiro um
grupo de bonecos vivos assassinos, apresentando-os num show bizarro como se
fossem marionetes que se movimentam sozinhas misteriosamente.
Ele é obcecado em fazer
experiências tentando transferir a alma das pessoas para dentro de bonecos,
criando “brinquedos humanos” (daí a ideia da tagline “...A Experiência Humana”).
Para isso, ele encontra o jovem Robert “Tank” Winsley (Josh Green), um rapaz
tímido e sem família, que viveu num orfanato e trabalha num posto de gasolina.
Ele sempre tem pesadelos e é constantemente ridicularizado por seus colegas,
até ser convidado para trabalhar com o cientista depois de revelar que é um talentoso
escultor de bonecos em madeira. Tank logo se apaixona pela bela filha do
cientista, Jane Magrew (Emily Harrison), não imaginando os planos maquiavélicos
de seu novo patrão. Enquanto isso, em paralelo o xerife Garvey (Robert Donavan)
e seu assistente Wayburn (Jason-Shane Scott), estão desconfiados do trabalho sinistro
do cientista e investigam o desaparecimento suspeito de seu antigo empregado.
O filme até diverte um
pouco justamente pelos bonecos toscos e as cenas de mortes sangrentas, mas eles
e os assassinatos somente entram em cena para valer a partir da metade da
projeção. O roteiro tem muitos furos que podem ser notados sem esforço,
validando o fato de que os realizadores não estão se importando muito com os
espectadores e a qualidade da história. Quando Tank é apresentado para os
bonecos vivos, ele não parece admirado com algo tão incomum. E o desfecho
abrupto gera um inevitável desconforto, onde não esperávamos o corte brusco
para os créditos finais. “A Maldição dos Brinquedos” foi filmado às pressas em
apenas 8 dias e com a grande maioria das cenas dos fantoches sobrenaturais aproveitadas
dos filmes anteriores, fazendo desse sexto capítulo da franquia apenas mais um
produto comum e de fácil esquecimento.
Curiosamente, entre os
bonecos assassinos que aparecem nesse capítulo da franquia, temos “Blade” (dublado
no Brasil como “Lâmina”, que tem uma faca e um gancho no lugar das mãos) e “Six-Shooter”
(“Seis Tiros”, um pistoleiro do velho oeste habilidoso com os revólveres). Além
de “Pinhead” (“Cabeça de Alfinete”, que tem uma cabeça muito pequena e
desproporcional ao tamanho do corpo, com sua força concentrada nas mãos enormes),
“Tunneler” (“Tonelada”, que tem uma broca na cabeça e gosta de furar suas
vítimas em imensos banhos de sangue), “Jester” (um comediante fantasiado como
“o bobo da corte”), e “Sugismunda” (“Leech Woman”, uma mulher que tem sanguessugas
na boca).
A imensa franquia começou
em 1989 com “Bonecos da Morte” (Puppetmaster) e teve mais dez filmes. Alguns
foram lançados no Brasil e os títulos nacionais ruins contribuíram para uma enorme
confusão e dificuldade num trabalho de catalogação. São eles: “O Mestre dos
Brinquedos” (Puppet Master II, 1990), “A Volta do Mestre dos Brinquedos”
(Puppet Master III: Toulon´s Revenge, 1991), “Bonecos em Guerra” (Puppet Master
4, 1993) e “Bonecos em Guerra – O Capítulo Final” (Puppet Master 5, 1994).
Depois de 4 anos veio o filme analisado rapidamente nesse texto, seguido de “Retro
Puppet Master” (1999), “Puppet Master: The Legacy” (2003), “Puppet Master: Axis
of Evil” (2010), “Puppet Master X: Axis Rising” (2012), e “Puppet Master: Axis
Termination” (2017).
(Juvenatrix – 08/06/17)