"Esta é a quarta edição do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica. O primeiro número saiu em 2005, cobrindo o ano anterior. E assim tem sido desde então. Para o leitor que o está conhecendo agora, a novidade é quanto ao formato. As edições anteriores foram publicadas ora como formatinho, ora no tamanho A4, por meio de fotocópias e recursos mais modestos. A partir de agora cresce a tiragem também, o que aumenta o alcance de nosso trabalho e – esperamos – a sua repercussão.
Este projeto tem realizado a cobertura noticiosa e crítica do panorama do fantástico brasileiro em suas três manifestações literárias principais, a ficção científica, a fantasia e o horror, além de contemplar também as criações híbridas entre estes gêneros e os chamados trabalhos de fronteira, isto é, o fantástico abordado a partir de uma perspectiva do mainstream literário.
O ano de 2007 assistiu a dois movimentos interessantes no cenário nacional. O primeiro é com respeito ao relativo revigoramento da publicação de livros de ficção científica, em comparação com os anos anteriores e também com respeito aos outros gêneros do fantástico. Algumas editoras importantes voltaram a dar atenção à ficção científica com algumas delas, inclusive, nomeando coleções e, mais importante, publicando autores brasileiros. Há anos não se via este entusiasmo entre os leitores e fãs que acompanham o gênero mais de perto. Compartilhamos deste sentimento, mas é bom um pouco de cautela, pois em termos históricos estas ‘bolhas’ têm crescido, inflado e implodido, para o retorno de uma situação de estagnação. Nesse sentido este Anuário espera, dentro do que se propõe, a servir como uma espécie de bússola crítica para que a bolha se expanda com segurança e, se não for pedir muito, permita que a qualidade dos livros cresça em proporção com a quantidade publicada.
O segundo movimento tem se verificado no ambiente dos fãs. De uns três anos para cá, mas de forma mais acentuada a partir de 2007, o chamado fandom tem mudado suas características, ficado cada vez mais voltado ao ambiente virtual, notadamente da internet e, mais especificamente, suas comunidades de relacionamento. Apesar do ambiente mais fragmentado e da desarticulação das instituições tradicionais – o que inclui a decadência dos clubes, a extinção da maioria dos fanzines e o rareamento dos encontros pessoais –, gente nova tem se apresentado como fãs de ficção científica e afins e isto é positivo pois, em tese, amplia o leque dos possíveis leitores a consumirem a produção realizada no país.
Há anos pedia-se por uma renovação e ela, ao que parece, se realiza ao menos no nível dos fãs. Falta ainda que se desenvolva com o surgimento de uma nova gama de autores, que se juntem aos que já escrevem há algumas décadas. Conforme o próprio Anuário vem mostrando em suas edições, eles estão surgindo – alguns até resenhados em nossas páginas – , mas ainda é cedo para apontar tendências mais seguras e o que eles podem trazer de inovador ao panorama da FC&F produzida no país.
Este Anuário traz um amplo painel do que de melhor se realizou em termos de literatura fantástica no Brasil em 2007 e a sua publicação neste formato profissional pode ser visto como mais um sinal do bom momento que o gênero – especialmente a ficção científica – voltou a vivenciar. Nestas páginas você encontrará as listagens dos livros, revistas, sites e fanzines publicados, seguidos da devida análise do mercado de livros e periódicos e as críticas de algumas das obras mais significativas. Também distinguimos a “Personalidade do Ano” – que inclui uma longa e substancial entrevista, a exemplo dos números anteriores –, assim como realizamos o trabalho de pesquisa e crítica histórica dos gêneros no país. Isso porque a reavaliação de nossa trajetória é fundamental para que tenhamos uma identidade e possamos nos situar em melhorar continuamente o que criamos em termos de FC&F."
— Os autores
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