Dois meses depois do lançamento oficial, em novembro, chegou às bancas o primeiro número da revista Ataque dos titãs (Shingeki no kyojin), novela gráfica de ficção científica de autoria do jovem artista japonês Hajime Isayama, publicada no Brasil pela editora Panini.
A série faz um sucesso estrondoso no Japão – com mais de 25 milhões de exemplares vendidos – e chegou ao Brasil com grande expectativa, uma vez que a versão em desenho animado já circula pelos saites especializados e conta com inúmeros fãs no País. Tanto que a primeira tiragem foi esgotada apenas pelas reservas feitas nas gibiterias, daí o atraso nas bancas.
Lançada originalmente em 2006 em forma de seriado na revista Weekly Shōnen Magazine, Ataque dos titãs conta a história de Eren Jaeger, adolescente que sonha conhecer o mundo. Mas isso é impossível desde que, há cem anos, depois de um devastador ataque planetário de zumbis gigantes – os titãs – o que restou da humanidade é obrigado a viver em uma região cercada e subdividida por muralhas de cinquenta metros de altura, conduzido por um governo militar que treina os soldados em uma tecnologia baseada em espadas elétricas, ganchos e cabos de aço que os faz praticamente voar ao enfrentar os monstros, que só podem ser mortos se forem mutilados no seu único ponto vulnerável: a nuca.
Com o passar dos anos, a vida quase se normalizou dentro dos muros e, exceto pelo medo constante, o povo vive mais ou menos em paz numa condição de baixa tecnologia, uma vez que todos os recursos são destinados à manutenção das tropas e das muralhas, e ao conforto da classe dominante que vive nas áreas mais protegidas.
Até o dia em que surge um titã nunca visto, mais alto que os muros, e com sua força descomunal abre uma brecha na muralha externa, permitindo a invasão em massa dos titãs e obrigando a população a recuar para trás da segunda das três muralhas que cercam a cidade, com muitas mortes no processo. Durante o ataque, Eren testemunha a morte da sua mãe, devorada por um titã, e jura que um dia será um matador de titãs. Mas, para isso, terá de alistar-se e dominar não só o perigoso equipamento militar, mas também seu temperamento explosivo e inconsequente.
Contudo, no porão da antiga casa de Eren, jaz uma informação deixada por seu pai, um cientista desaparecido há anos, que pode revelar o mistério da natureza dos titãs. Mas esse segredo está agora numa zona infestada e, para lá chegar, será necessário fazer o que em cem anos nunca se conseguiu: vencer os gigantes antropófagos.
A história, ágil e emocionante, ecoa conceitos vistos anteriormente no clássico da ficção científica Nausicaa do Vale do Vento, de Hayao Miyazaki, que também parte do fato da civilização ter desmoronado depois de um ataque de gigantes. Repleta de conceitos morais típicos de tempos de guerra, como escolhas difíceis, fome, medo, traição, covardia, amor, sacrifício, confiança, fé, abnegação e coragem, aproxima-se também de outro bom mangá de ficção militarista, Fullmetal alchemist, de Hiromu Arakawa, com a qual compartilha a mistura de ficção científica, fantasia e horror – por vezes escatológico –, mas as semelhanças ficam por aí.
A edição brasileira será bimestral, uma boa decisão da Panini uma vez que o seriado ainda está em publicação no Japão, onde já conta com onze volumes. No passado, outras editoras deixaram os leitores brasileiros na mão ao tentarem maximizar seus lucros publicando afoitamente séries inacabadas, que ficaram pelo meio sem qualquer satisfação. Mas este parece ser um risco que, se não está de todo afastado, vale a pena correr.
— Cesar Silva
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