Um grupo de pessoas problemáticas reúne-se numa mansão gótica em Porto Alegre. Seu anfitrião se apresenta como Antônio Vilemun e informa ao grupo cada um deles foi escolhido para fazer parte do grupo Protetores, uma antiga sociedade secreta de caçadores monstros sobrenaturais.
Cada um dos presentes guarda algum tipo de experiência paranormal e por elas estão indelevelmente marcados: um caçador de vampiros, uma sensitiva, uma pesquisadora do oculto, uma mulher a procura do marido vampirizado, uma lutadora marcial que detém duas espadas mágicas e um enorme índio amazônico com um demônio de estimação.
Vilemun ainda esclarece que, caso aceitem o trabalho, serão muito bem remunerados, mas que o trabalho é duro e o perigo de morte não está descartado. Todos aceitam a oferta porque, mais que o dinheiro, estão interessados em desvendar seus próprios mistérios pessoais.
O grupo é imediatamente enviado a sua primeira missão numa casa nos subúrbios da cidade de onde chegou, por telefone, um pedido de socorro. Lá eles irão encontrar um quebra-cabeças macabro, que vai exigir o melhor de cada um para a sobrevivência do grupo.
Assim inicia Protetores, romance de horror que marca a estreia de Duda Falcão em livro solo, autor gaúcho mais conhecido pelos contos publicados em diversas antologias desde 2005. Falcão é professor, graduado em História e mestre em Estudos Culturais, sendo ainda um dos editores do periódico Sagas, da editora Argonautas.
Protetores não esconde sua origem inspirada nos jogos de representação, os conhecidos rpgs (Roling Playing Games). O início aqui narrado demonstra todas as características desse tipo de dinâmica, no qual um grupo de jogadores dotados de habilidades especiais é reunido por um mestre de jogo e lançado numa missão de alto risco sem nenhuma informação prévia, sendo o sucesso ou o fracasso das ações de cada jogador decididos por lances de dados. Pode ser que o autor tenha realmente usado esse recurso para definir a narrativa de forma geral, mas isso não chega a incomodar porque Falcão tem habilidade na descrição dos cenários e no desenvolvimento dos personagens. O romance é movimentado, com boa fluência narrativa e um clima geral de horror juvenil, sem aprofundamentos filosóficos complexos.
O livro é formado por uma série de aventuras mais ou menos independentes, cada uma delas com um conjunto diferente de personagens, que se revezam com outros agentes que já faziam parte da milícia paranormal de Vilemun.
Temos de tudo um pouco em Protetores: fantasmas, psicopatas, demônios, vampiros, lobisomens, mortos-vivos, possessões, cemitérios, casarões, esgotos, cavernas... Falcão não deixa nada de fora. As aventuras são intercalas por rápidos interlúdios nos quais o autor desenvolve algumas relações entre os personagens, e apresenta o novo “cenário de jogo”. Dessa forma, acompanhamos como cada um dos protagonistas apresentados no início do livro, encontra as respostas que procura, nem sempre de forma totalmente satisfatória ou preservando sua integridade física e moral.
Apesar de ser um livro de horror, a leitura é leve e divertida, deixando a sensação de que a história não acaba na última página deste volume. Os Protetores de Vilemun provavelmente ainda terão muito trabalho pela frente.
— Cesar Silva
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