sexta-feira, 3 de abril de 2015

Il Coltello di Ghiaccio (Knife of Ice, Itália / Espanha, 1972)


O sub-gênero do cinema italiano que aborda histórias de assassinos em série ficou conhecido como “Giallo”, que significa “amarelo” em italiano, numa referência às capas amarelas das revistas populares de suspense e romance policial, com assassinatos sendo investigados por detetives. Esses tipos de filmes tiveram seu ápice entre as décadas de 70 e 80 do século passado, apresentando as ações de assassinos usando luvas pretas, com as vítimas na maioria das vezes sendo mulheres, e com a investigação policial tentando descobrir o mistério por trás das mortes, com a solução apenas no final e reservando surpresas.
Com o título original italiano “Il Coltello di Ghiaccio”, o espanhol “Detrás del Silencio” e o inglês “Knife of Ice”, o filme foi lançado em 1972 e dirigido por Umberto Lenzi, um cineasta italiano conhecido por outros significativos trabalhos dentro do Horror como os violentos “Os Vivos Serão Devorados” (80) e “Canibal Ferox” (81), sobre canibais, e “Nightmare City” (80), sobre zumbis.
Na história, Martha Caldwell (Carroll Baker) é uma mulher que perdeu a capacidade de falar após um evento traumático ocorrido quando era adolescente, através de um acidente ferroviário que matou seus pais num incêndio. Ela mora com seu tio inglês Ralph (George Rigaud) numa casa ao lado de um cemitério, localizada numa pequena cidade espanhola próxima de Barcelona. Ela recebe a visita de sua prima Jenny Ascot (Ida Galli, atuando sob o pseudônimo de Evelyn Stuart), uma cantora bem sucedida. Porém, mortes misteriosas começam a ocorrer na casa e proximidades, colocando pessoas do círculo de amigos e empregados da família numa lista de suspeitos, como o sinistro motorista Marcos (Eduardo Fajardo) e o médico Dr. Laurent (Alan Scott), além do próprio proprietário da casa, o idoso Ralph, um estudioso de ocultismo. Outro suspeito dos crimes é um jovem hippie viciado em morfina e simpatizante de cultos satânicos. Entre as candidatas a tornarem-se vítimas do misterioso assassino, temos a governanta Sra. Annie Britton (Silvia Monelli) e a adolescente Christina (Rosa-Maria Rodrigues), filha adotiva de um padre local, Martin (José Marco). E para tentar desvendar a autoria dos crimes e impedir mais mortes, o Inspetor Duran (Franco Fantasia) está na liderança das investigações.
O filme é um “Giallo” com as tradicionais características desse sub-gênero, tentando manipular o espectador no mistério que envolve os assassinatos, com pistas falsas, elementos de satanismo e investigação policial. Não é muito empolgante e as cenas com as poucas mortes são filmadas “off screen”, reduzindo a intensidade de violência. Mas, ainda assim, a história até desperta algum interesse, principalmente pela surpresa no final, com a esperada revelação da identidade e motivações do assassino.
Entre as curiosidades, podemos citar que o diretor Umberto Lenzi procurou mostrar muitas cenas evidenciando os olhos dos personagens, uma característica que ficou mais conhecida e associada com outro diretor italiano de filmes de horror, o cultuado Lucio Fulci. E, em determinado momento, a jovem Jenny recém chegada de viagem, presenteia seu tio Ralph, apreciador de ciências ocultas, com livros sobre feitiçaria, zumbis e demônios, e informa que são materiais raros comprados no Brasil. O cineasta Lenzi, que também participa do roteiro, talvez quisesse apenas citar nosso país como uma breve homenagem, mas com um resultado estranho, uma vez que não somos conhecidos por esses tipos de livros com temáticas não convencionais, principalmente sendo raros.          
(Juvenatrix - 03/04/15)

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