domingo, 8 de março de 2015

O Demônio Imortal (Yilmayan Seytan, Turquia, 1973)


Filme obscuro, tanto pela produção tosca quanto pela história clichê e quantidade de bizarrices que desfilam para todos os lados, mas principalmente por ser da Turquia, numa bagaceira com elementos de espionagem, humor pastelão e ficção científica tranqueira. “O Demônio Imortal” (“Yilmayan Seytan” no original turco e “The Deathless Devil” nos Estados Unidos) tem direção de Yilmaz Atadeniz (que utilizou o óbvio pseudônimo de Robert Gordon na versão americana), e roteiro bagaceiro de seu irmão Orhan Atadeniz.
O jovem Tekin (Kunt Tulgar) recebe de seu pai a notícia que foi adotado, e que o verdadeiro pai morreu, sendo conhecido como um vigilante super-herói mascarado. Para combater o crime, ele é convencido então a personificar o justiceiro mascarado “Serpente”, com um patético laço vermelho no pescoço. Com a ajuda do atrapalhado Bitik (Erol Gunaydin), o alvo principal é combater o vilão bigodudo Dr. Seytan (Erol Tas), uma cópia barata do mais famoso “Dr. Fu Manchu” (interpretado várias vezes pelo ícone Christopher Lee). O vilão pretende roubar uma invenção militar do cientista Prof. Dogan (Yalin Tolga), um dispositivo capaz de controlar aviões no ar e a descarga de bombas em alvos planejados. Sua intenção maléfica é tornar-se um governante tirano do mundo, auxiliado também por um robô assassino criado por ele, e que serviria de protótipo para a construção de um exército. E para completar a enxurrada de clichês, não poderia faltar a presença da tradicional mocinha, Sevgi (Mine Mutlu), a bela filha do Prof. Dogan, que é obviamente apaixonada pelo herói Tekin.
Assistir esse filme em seu idioma original turco não é fácil, pois soa muito estranho e nem um pouco convidativo. Para ajudar na bizarrice como um todo, temos ainda uma história ridícula e entediante, num imenso convite ao sono. A narrativa até que não é lenta, e ao contrário é bem frenética, mas isso não impede o desinteresse, com cortes bruscos na edição. As atuações são patéticas ao extremo, e as cenas de lutas e perseguições do herói contra os capangas do Dr. Seytan são hilárias de tão ruins. É uma mistura de espionagem com piadas horríveis do panaca ajudante do herói e elementos toscos de ficção cientítica, onde o robô provavelmente é um dos piores de todos os tempos (com um ator dentro de uma fantasia que não tem palavras para definir a tosquice). A duração de uma hora e vinte e cinco minutos poderia ser reduzida para um filme de curta metragem de não mais que trinta minutos, e talvez isso pudesse funcionar para despertar algum interesse.
Curiosamente, “O Demônio Imortal” é considerado uma refilmagem do americano “O Misterioso Dr. Satã” (Mysterious Doctor Satan, 1940), um seriado produzido em preto e branco dividido em quinze capítulos.
Mas, de uma forma geral, esse filme turco é um daqueles ruins que são mais chatos que divertidos, diferente da maioria das outras bagaceiras do cinema fantástico de baixo orçamento, onde os clichês e excesso de situações bizarras com efeitos toscos tornam-se justamente o diferencial que leva ao entretenimento.
(Juvenatrix - 08/03/15)


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