Também conhecido pelo título alternativo
inglês “The Robot vs. The Aztec Mummy”, essa produção mexicana em preto e
branco de 1958 e dirigida por Rafael Portillo, tem um nome sonoro que já
sinaliza para sua história bizarra de crossover entre uma múmia assassina
possuidora de força descomunal, e um robô criado a partir de partes de um
cadáver humano, que nos remete ao universo ficcional de “Frankenstein”. Tosco
ao extremo, desde a produção ao roteiro, passando pelo elenco com
interpretações que vão do exagero (caso do “cientista louco”) ao marasmo
(demais personagens), o filme diverte os apreciadores do cinema fantástico
bagaceiro justamente por sua ruindade involuntária, apesar da tentativa de ser
sério ao contar uma história absurda, repleta de clichês e situações distantes
de qualquer lógica.
Um tesouro da antiga civilização Azteca
está escondido e protegido por uma múmia que no passado foi o guerreiro Popoca
(difícil não rir desse nome, na interpretação de Angelo De Steffani, atuando sob
forte maquiagem tosca). A múmia carrega em si um bracelete e uma couraça
peitoral que trazem gravações em hieróglifos que revelam a localização secreta
do tesouro. De olho em suas riquezas, para financiar seus projetos científicos
mirabolantes, temos um “cientista louco”, o Dr. Krupp (Luis Aceves Castañeda),
também conhecido como o bandido “Morcego”, sempre acompanhado de seu capanga
Tierno (Arturo Martínez), que tem o rosto deformado num acidente com ácido
provocado numa luta com a múmia. Ele criou um robô humano unindo a cabeça de um
homem com o corpo mecânico de uma máquina radioativa movimentada por controle
remoto, para ajudá-lo no combate contra a múmia e se apossar do tesouro. Para tentar
impedí-los, temos o cientista Dr. Eduardo Almada (Ramón Gay) e seu fiel
assistente Pinacate (Crox Alvarado), que utilizam as importantes informações da
bela Flor (Rosa Arenas), jovem esposa do cientista, através de sessões de
hipnose que revelam sua relação com a vida passada da princesa azteca
Xochitl.
Curiosamente, o filme faz parte de uma
série de três, todos com a mesma direção de Rafael Portillo, roteiro de
Guillermo Calderón e Alfredo Salazar e elenco principal, sendo precedido por “A
Múmia Azteca” (La Momia Azteca ,)
e “A Maldição da Múmia Azteca” (La
Maldición de la Momia
Azteca ), ambos de 1957, e os quais tiveram várias cenas
reaproveitadas na edição final do crossover, para explicar acontecimentos do
passado da história, facilitando muito o trabalho dos produtores na redução do
orçamento.
“La Momia Azteca Contra
el Robot Humano” é bem curto, com apenas 65 minutos, e como na maioria dos
filmes bagaceiros de múmias, aqui também não encontramos nenhuma preocupação
dos roteiristas com situações inverossímeis e absurdas como o fato da múmia se
deslocar livremente sem nunca ser notada, ou como consegue se manter escondida
em segredo num mausoléu no interior de um cemitério, ou ainda a reduzida e
incompetente ação policial. E também temos obviamente alguns daqueles
tradicionais elementos do cinema fantástico tranqueira, como o laboratório do
cientista louco, repleto de equipamentos bizarros, a atmosfera sombria de um
cemitério sinistro e o interior claustrofóbico cheio de ambientes interligados de
uma pirâmide abandonada.
O destaque dessa tranqueira inacreditável vai
justamente para aquilo que dá nome ao filme, no conjunto formado pela múmia e
sua maquiagem risível e pelo robô extremamente hilário de tão tosco, culminando
com o confronto entre eles no desfecho, uma breve sequência dígna de constar na
memória por muito tempo pelo elevado grau de bizarrice. Indicado apenas para os
apreciadores de bagaceiras antigas.
(Juvenatrix - 15/03/15)
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