domingo, 15 de março de 2015

La Momia Azteca Contra el Robot Humano (México, 1958)


Também conhecido pelo título alternativo inglês “The Robot vs. The Aztec Mummy”, essa produção mexicana em preto e branco de 1958 e dirigida por Rafael Portillo, tem um nome sonoro que já sinaliza para sua história bizarra de crossover entre uma múmia assassina possuidora de força descomunal, e um robô criado a partir de partes de um cadáver humano, que nos remete ao universo ficcional de “Frankenstein”. Tosco ao extremo, desde a produção ao roteiro, passando pelo elenco com interpretações que vão do exagero (caso do “cientista louco”) ao marasmo (demais personagens), o filme diverte os apreciadores do cinema fantástico bagaceiro justamente por sua ruindade involuntária, apesar da tentativa de ser sério ao contar uma história absurda, repleta de clichês e situações distantes de qualquer lógica.
Um tesouro da antiga civilização Azteca está escondido e protegido por uma múmia que no passado foi o guerreiro Popoca (difícil não rir desse nome, na interpretação de Angelo De Steffani, atuando sob forte maquiagem tosca). A múmia carrega em si um bracelete e uma couraça peitoral que trazem gravações em hieróglifos que revelam a localização secreta do tesouro. De olho em suas riquezas, para financiar seus projetos científicos mirabolantes, temos um “cientista louco”, o Dr. Krupp (Luis Aceves Castañeda), também conhecido como o bandido “Morcego”, sempre acompanhado de seu capanga Tierno (Arturo Martínez), que tem o rosto deformado num acidente com ácido provocado numa luta com a múmia. Ele criou um robô humano unindo a cabeça de um homem com o corpo mecânico de uma máquina radioativa movimentada por controle remoto, para ajudá-lo no combate contra a múmia e se apossar do tesouro. Para tentar impedí-los, temos o cientista Dr. Eduardo Almada (Ramón Gay) e seu fiel assistente Pinacate (Crox Alvarado), que utilizam as importantes informações da bela Flor (Rosa Arenas), jovem esposa do cientista, através de sessões de hipnose que revelam sua relação com a vida passada da princesa azteca Xochitl.     
Curiosamente, o filme faz parte de uma série de três, todos com a mesma direção de Rafael Portillo, roteiro de Guillermo Calderón e Alfredo Salazar e elenco principal, sendo precedido por “A Múmia Azteca” (La Momia Azteca,) e “A Maldição da Múmia Azteca” (La Maldición de la Momia Azteca), ambos de 1957, e os quais tiveram várias cenas reaproveitadas na edição final do crossover, para explicar acontecimentos do passado da história, facilitando muito o trabalho dos produtores na redução do orçamento. 
La Momia Azteca Contra el Robot Humano” é bem curto, com apenas 65 minutos, e como na maioria dos filmes bagaceiros de múmias, aqui também não encontramos nenhuma preocupação dos roteiristas com situações inverossímeis e absurdas como o fato da múmia se deslocar livremente sem nunca ser notada, ou como consegue se manter escondida em segredo num mausoléu no interior de um cemitério, ou ainda a reduzida e incompetente ação policial. E também temos obviamente alguns daqueles tradicionais elementos do cinema fantástico tranqueira, como o laboratório do cientista louco, repleto de equipamentos bizarros, a atmosfera sombria de um cemitério sinistro e o interior claustrofóbico cheio de ambientes interligados de uma pirâmide abandonada.
O destaque dessa tranqueira inacreditável vai justamente para aquilo que dá nome ao filme, no conjunto formado pela múmia e sua maquiagem risível e pelo robô extremamente hilário de tão tosco, culminando com o confronto entre eles no desfecho, uma breve sequência dígna de constar na memória por muito tempo pelo elevado grau de bizarrice. Indicado apenas para os apreciadores de bagaceiras antigas.
(Juvenatrix - 15/03/15)

Nenhum comentário:

Postar um comentário