A parceria entre os japoneses Ishiro Honda
(na direção) e Eiji Tsuburaya (nos efeitos especiais) trouxe uma infinidade de
filmes divertidos do cinema fantástico bagaceiro. “Matango, a Ilha da Morte” é
mais um deles, uma produção japonesa da “Toho” de 1963, e que tem o sonoro
título em inglês “Attack of the Mushroom People”, ou numa tradução literal,
“Ataque das Pessoas Cogumelo”.
Um grupo descontraído de jovens formado
por cinco homens e duas mulheres está passeando num iate em alto mar. Formado
pelo empresário e dono do barco Masafumi Kasai (Yoshio Tsuchiya), o capitão
Naoyuki Sakuda (Hiroshi Koizumi), o marinheiro Senzô Koyama (Kenji Sahara), o
professor de psicologia Kenji Murai (Akira Kubo), a estudante Akiko Sôma (Miki
Yashiro), o escritor de livros de mistério Etsurô Yoshida (Hiroshi Tachikawa),
e a atriz e cantora Mami Sekiguchi (Kumi Mizuno). Após enfrentarem uma
inesperada tempestade no mar, o barco fica seriamente avariado com os
instrumentos de navegação quebrados, e uma vez perdidos e à deriva, eles encontram
uma ilha onde desembarcam na procura de recursos para sobrevivência. Explorando
o local em busca de alimentos, encontram um navio naufragado e destruído
encalhado na beira da praia. Eles decidem investigar e descobrem evidências que
revelam ser um navio de pesquisas científicas sobre os efeitos da radiação em
testes com explosões nucleares.
Utilizando o navio como um refúgio para sobreviverem
enquanto não conseguem sair da ilha, eles encontram um pequeno estoque de
alimentos conservados em latas e tentam se organizar para enfrentarem o
isolamento forçado. Porém, o grupo de náufragos não imaginava que as
dificuldades os levariam a diversos conflitos de relacionamento, além de
encontrar uma grande quantidade de cogumelos gigantes alucinógenos na ilha que
transformam quem os ingerirem em monstros mutantes.
“Matango, a Ilha da Morte” é um cultuado e
divertido filme japonês, situado no sempre interessante sub-gênero do cinema
fantástico conhecido como “homem transformado em monstro”. Nesse caso, as
pessoas náufragas perdidas numa misteriosa ilha que pode ter recebido os
efeitos radioativos de explosões de bombas nucleares, são transformadas em
criaturas mutantes deformadas parecidas com cogumelos gigantes. A transformação
ocorre depois que elas, famintas e desesperadas na luta pela sobrevivência,
cedem à tentação de comer os cogumelos. Os monstros são muito interessantes,
coloridos, envoltos numa atmosfera sinistra na floresta com névoa, em efeitos
toscos de maquiagem com roupas de borracha, mas que funcionam de forma
convincente, compondo as melhores cenas do filme.
E o roteiro também explora com eficiência
o desgaste progressivo das relações entre os sobreviventes, pois com o passar
do tempo os conflitos tornam-se constantes na luta pela vida. Evidenciando a
existência da sempre recorrente linha frágil que separa o comportamento social
com trabalho em equipe para o bem comum, das ações egoístas e selvagens para os
interesses individuais perante situações turbulentas pela sobrevivência. Um fato
claramente comprovado numa frase retirada do filme: “As frágeis barreiras da
sociedade se desintegravam frente ao desejo de conseguir sobreviver a todo
custo”.
(Juvenatrix – 29/09/15)
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