Os anos 50 do século passado foram
marcantes para o cinema fantástico pela expressiva quantidade de filmes
abordando o tema dos efeitos destrutivos e ameaçadores que a radiação poderia
acarretar para a humanidade. “The Magnetic Monster” (1953) é mais um desses
preciosos filmes, com fotografia em preto e branco, roteiro do escritor alemão
Curt Siodmak junto com o produtor húngaro Ivan Tors, e direção de Siodmak em
parceria com Herbert L. Strock (não creditado). O elenco é liderado por Richard
Carlson, rosto reconhecido em outros filmes divertidos do mesmo período como
“Veio do Espaço” (1953) e “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), além do posterior
“O Vale de Gwangi” (1969).
O Dr. Jeffrey Stewart (Carlson) é casado
com a bela Connie (Jean Byron), que está grávida. Ele trabalha num órgão do
governo americano conhecido como “Gabinete de Investigação Científica”, de
grande importância estratégica no conturbado período da guerra fria entre os
Estados Unidos e a antiga União Soviética, na disputa pela supremacia da
tecnologia científica que poderia levar ao domínio do poder político e militar
no mundo. Seu chefe é o Dr. Allard (Harry Ellerbe) que o envia junto com o
assistente Dr. Dan Forbes (King Donovan) para investigar a ocorrência de um
fenômeno magnético no prédio onde funciona uma loja de relógios, os quais
apresentavam um misterioso defeito. Eles então descobrem uma atividade perigosa
de radiação que os leva a um laboratório no andar de cima, que foi parcialmente
danificado numa explosão. Investigando o caso, eles encontram evidências sobre
a existência de um novo elemento radioativo chamado “serranium”, criado em
experiências do físico Dr. Howard Denker (Leonard Mudie, que tem uma cara
típica de “cientista louco”) e que se transformou numa criatura viva que se
alimenta de eletricidade, aumentando de tamanho e criando um imenso campo
magnético ao seu redor. O monstro magnético (do título do filme) torna-se
extremamente ameaçador para a humanidade à medida que cresce em massa, com um
altíssimo poder magnético que poderia deslocar a Terra de seu eixo, levando
nosso mundo à destruição. Por isso, os esforços dos cientistas estão
concentrados em eliminar o novo elemento radioativo com uma sobrecarga de eletricidade
utilizando uma máquina imensa geradora de energia, localizada numa mina
subterrânea de uma cidade canadense, no fundo do oceano.
Em “The Magnetic Monster” temos todos
aqueles equipamentos excêntricos e exagerados com a tecnologia da época, além
de um computador enorme chamado de cérebro eletrônico, e que passados 60 anos,
no início do século XXI, parecem tão obsoletos e pré-históricos que comprovam a
imensa evolução tecnológica que ocorreu em poucas décadas. O filme é curto, com
apenas 76 minutos de duração, seguindo a tendência do cinema fantástico de
baixo orçamento da época com histórias rápidas. Aqui, a narrativa é fluente e
não se perde muito tempo com futilidades e desvios desnecessários, a ação toda
é basicamente concentrada na investigação científica do fenômeno magnético, a
descoberta do “monstro”, e as tentativas de combater a ameaça. O filme diverte
principalmente pelas características gerais das bagaceiras de ficção científica
daquela época, com tecnologia do período soando extremamente antiquada para
nossos tempos modernos. Também percebemos a intenção dos realizadores em passar
uma interessante mensagem sobre os trabalhos solitários de cientistas abnegados,
cujos resultados podem trazer consequências desastrosas. Essa ideia é reforçada
pelas palavras do “cientista louco” Dr. Howard Denker” à beira da morte: “numa
investigação nuclear, não se pode cavalgar sozinho”, enfatizando a necessidade
de trabalho em conjunto, concentrando esforços e cooperação, para as
experiências e descobertas científicas que podem alterar o futuro da humanidade.
(Juvenatrix – 26/09/15)
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