Ficção científica bagaceira da década de
50 do século passado, dirigida por William Asher (mais conhecido pela série de
TV “A Feiticeira”, 1964 / 1972). Situado dentro da temática de invasão
alienígena e principalmente abordando a tensão da guerra fria entre Estados
Unidos e União Soviética, com a paranoia de destruição do planeta com bombas
atômicas, com um sentimento constante de insegurança após o final da Segunda
Guerra Mundial. “Ultimato à Terra” tem apenas 75 minutos de duração e
fotografia em preto e branco, numa produção de baixo orçamento distribuída pela
“Columbia Pictures”. O roteiro é de James Mantler, baseado em seu livro
homônimo.
Um humanoide alienígena (Arnold Moss, um rosto
conhecido em várias séries de TV da época) captura cinco pessoas aleatórias
representando países diferentes como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha,
China e Rússia (identificado no filme apenas como sendo parte do bloco
soviético conhecido como “Cortina de Ferro”). Eles são abduzidos para uma nave
espacial em formato tradicional de disco e são considerados pelo extraterrestre
como representantes da raça humana: o jornalista americano Jonathan Clark (Gene
Barry, de “A Guerra dos Mundos”, 1953), a jovem inglesa Eve Wingate (Valerie
French), o cientista alemão Dr. Klaus Bechner (George Voskovec), a chinesa Su
Tan (Marie Tsien, não creditada e que não diz uma só palavra), e o soldado
russo Ivan Godfsky (Azemat Janti).
Lá, cada um deles recebe um pequeno recipiente
contendo três cápsulas com imenso poder de destruição, capaz de aniquilar a
vida humana na Terra, mantendo os outros seres vivos e a natureza intactos.
Apenas eles poderiam abrir suas respectivas caixas através de uma projeção
mental e acionar as armas, que perderiam seus efeitos após 27 dias (daí o
título original do filme). O desafio proposto pelo alienígena é que os
portadores dessas armas de outro mundo consigam manter a paz nesse período,
algo extremamente difícil uma vez que a história da humanidade é conhecida pelas
constantes guerras e conflitos, e a ameaça do fim do mundo por uma catástrofe
nuclear nunca esteve tão perto como no período da guerra fria. Caso a
eliminação da vida humana de fato ocorresse, a Terra ficaria livre para ser habitada
pelos avançados alienígenas, cuja civilização estava próxima da extinção por
causa da explosão da estrela que mantém a vida em seu planeta natal. E o prazo
para seu extermínio é de apenas 35 dias. Como eles eram impedidos de realizar a
invasão à força por questões morais, a decisão foi testar a humanidade sobre
sua capacidade de autodestruição.
“Ultimato à Terra” faz parte do período
dourado do cinema fantástico, aquele que abrange principalmente a década de 50
do século XX. São tantos filmes de horror e ficção científica sobre os mais
variados temas que um trabalho de catalogação é uma tarefa bastante complexa. A
maioria desses filmes foi produzida com orçamentos reduzidos e roteiros repletos
de situações exageradamente absurdas ou excessivamente mirabolantes, e
justamente a combinação dessas características é que proporciona uma esperada
diversão descontraída. Neste filme em particular, percebemos que o alienígena e
sua nave espacial são secundários, e o foco está nos conflitos da raça humana,
dividida em dois blocos distintos: os países que defendem a liberdade e a
“cortina de ferro”, com sua tirania. E o desafio é descobrir quem irá apertar
primeiro o botão de acionamento da bomba atômica, ou acionar as armas das
cápsulas alienígenas. Essa ideia acaba incomodando um pouco pelo imenso clichê
que sempre coloca os americanos como mocinhos e os soviéticos como os vilões, e
pela previsibilidade dos acontecimentos, onde sabemos sempre com grande
antecedência o rumo das ações e principalmente o desfecho. O que seria da
humanidade se não existissem os americanos para nos salvar?
Curiosamente, o disco voador fuleiro
aparece pouco e foi editado do filme imediatamente anterior “A Invasão dos
Discos Voadores” (Earth Vs. The Flying Saucers, 1956), de Fred F. Sears, também
distribuído pela “Columbia”.
(Juvenatrix – 09/09/15)
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