sábado, 12 de setembro de 2015

O Estranho de um Mundo Perdido (X: the Unknown, Inglaterra, 1956)


A cultuada produtora inglesa “Hammer” é muito conhecida por seus filmes coloridos com atmosfera gótica, lançados no final dos anos 50 e principalmente durante toda a década de 1960 do século passado, filmando novamente os monstros clássicos do estúdio americano “Universal” (anos 30 e 40). Mas, os primeiros filmes do gênero fantástico produzidos pela “Hammer” tem fotografia em preto e branco e elementos de ficção científica. “O Estranho de Um Mundo Perdido” (também conhecido no Brasil como “X: O Monstro Radioativo”) tem direção de Leslie Norman e roteiro de Jimmy Sangster, nome com grande relação com a “Hammer” e também lembrado como o cineasta de “O Horror de Frankenstein” (1970) e “Luxúria de Vampiros” (1971).
 Sob a liderança do Comandante Webb (Anthony Newley), o exército inglês está realizando treinamentos numa região no interior da Escócia, com os soldados tentando localizar objetos radioativos soterrados no solo. Eles são auxiliados por um aparelho de leitura de índices de radiação. Durante as manobras, ocorre uma violenta explosão e uma imensa fenda de grande profundidade é aberta no chão. A partir daí, tem início uma série de misteriosos assassinatos, onde graves queimaduras surgem nas vítimas e em alguns casos os cadáveres são derretidos. Despertando a atenção das autoridades, começa um trabalho de investigação por um cientista, Dr. Adam Royston (Dean Jagger), que trabalha com pesquisas numa indústria de energia atômica localizada nas proximidades, dirigida pelo arrogante John Elliot (Edward Chapman). Ele conta com a ajuda de Peter Elliot, filho do chefe da indústria, e do policial Inspetor McGill (Leo McKern), representante da Divisão de Energia Atômica do Departamento de Segurança, que veio ao local para tentar descobrir a autoria das mortes violentas.
“O Estranho de Um Mundo Perdido” é um filme curto com apenas 80 minutos e contribui significativamente para colocar o estúdio “Hammer” no topo das produções de divertidos filmes de horror e ficção científica de todos os tempos, como uma fábrica de pesadelos registrada na história do gênero fantástico. A ideia inicial era que esse filme fosse uma continuação de “Terror Que Mata” (The Quatermass Xperiment, 1955), com o cientista Prof. Bernard Quatermass. Mas, como o criador do personagem, o escritor Nigel Kneale, não havia liberado seu uso, a “Hammer” optou por utilizar uma história similar ao mesmo universo ficcional, através do roteiro de Jimmy Sangster, substituindo pelo cientista Dr. Royston.
O argumento básico utiliza-se do medo das consequências do uso indevido da energia nuclear, como a fabricação de bombas, durante o conturbado período após a Segunda Guerra Mundial, com a constante tensão gerada pela possibilidade de efeitos destrutivos da radiação. O filme possui uma atmosfera sinistra intensa com as mortes violentas e a investigação de suas origens, com um monstro radioativo desconhecido, “um estranho de um mundo perdido” (do título nacional), que surge das profundezas da Terra ávido por sobrevivência e em busca de alimento na forma de radiação atômica.
O monstro é formado por energia e derrete suas vítimas. Após se alimentar com radiação, adquire a forma de uma gigantesca massa gosmenta que aumenta seu tamanho progressivamente, inspirando vários filmes posteriores. Entre os que receberam sua influência, temos preciosidades como “A Bolha” (1958), com a criatura do espaço sideral crescendo conforme se alimenta, e o japonês “O Monstro da Bomba H” (também de 1958), produção da “Toho” dirigida por Ishiro Honda, com criaturas de radiação que dissolvem suas vítimas.
Curiosamente, o eterno ator coadjuvante Michael Ripper, um rosto conhecido em inúmeras participações em filmes da “Hammer”, também tem seu papel garantido por aqui, como o disciplinado Sargento Harry Grimsdyke.
(Juvenatrix – 12/09/15)

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