A produtora inglesa “Hammer” tem em seu
vasto catálogo vários filmes de vampirismo, muitos deles com a dupla
Christopher Lee e Peter Cushing liderando os elencos. Mas, também tem filmes
sem a presença desses astros, como “O Beijo do Vampiro”, que traz Clifford
Evans no papel do caçador de vampiros e Noel Willman no papel do líder de uma
seita vampírica. A direção é do australiano Don Sharp, de “Rasputin – O Monge Louco”
(66), e o roteiro é de autoria do produtor Anthony Hinds, utilizando o
pseudônimo John Elder.
A história é ambientada no início do
século XX, onde um casal em lua de mel, Gerald Harcourt (Edward de Souza) e
Marianne (Jennifer Daniel), está viajando de carro por estradas remotas da Alemanha
quando a falta de gasolina os obriga a se hospedar num decadente hotel pouco
frequentado. Os proprietários são um casal de idosos formado por Bruno (Peter
Madden) e Anna (Vera Cook), que dizem que não recebem hóspedes há muito tempo e
apenas um dos quartos está ocupado. O outro hóspede é o Prof. Zimmer (Clifford
Evans), um homem rude e alcoólatra, estudioso de ocultismo e que está na região
com objetivos misteriosos investigando as atividades de uma família que vive num
imenso castelo vizinho. O sinistro e refinado cientista Dr. Ravna (Noel
Willman) é o dono do imponente mausoléu de pedra, onde vive com um casal de
filhos, Carl (Barry Warren) e Sabena (Jacquie Vallis). Os jovens viajantes são
então convidados para uma festa no castelo e não imaginariam que no local
existe um culto vampírico liderado pelo Dr. Ravna, exilado de sua cidade natal
devido uma falha num de seus experimentos científicos, e que ficou encantado
com a beleza de Marianne, desejando o seu ingresso na sociedade secreta de
sugadores de sangue.
Mesmo sem os tradicionais “Drácula” e “Prof.
Van Helsing”, “O Beijo dos Vampiros” é mais uma preciosidade da “Hammer” dentro
da temática dos vampiros humanos, seres bestiais que se alimentam do sangue de
outros humanos. A narrativa é lenta, com uma atmosfera gótica e de horror
sutil, sem violência e com pouca exposição de sangue, mas com as tradicionais
características do estilo tão cultuado pelos fãs do estúdio, com um castelo
tétrico, um baile com máscaras sinistras e bizarras de gelar a espinha, aldeões
vivendo em constante medo, lindas vampiras sedutoras e um culto vampírico
secreto. Tem até um ataque de dezenas de morcegos (de borracha e manipulados
por barbantes) invocados num ritual de magia negra pelo Prof. Zimmer, contra os
discípulos da seita do Dr. Ravna, numa similaridade com o ataque dos pássaros
no filme de Alfred Hitchcock lançado no mesmo ano de 1963. Com direito a toques
de erotismo de belas mulheres vampiras sendo sugadas pelos morcegos.
Curiosamente, o filme teve uma versão
americana estendida, produzida para a televisão, com o acréscimo de mais
personagens e que recebeu o título de “Kiss of Evil”. “O Beijo do Vampiro” é o
terceiro filme de vampirismo da “Hammer” em ordem cronológica, sucedendo “O
Vampiro da Noite” (58), com a dupla Lee e Cushing, e “As Noivas do Vampiro”
(60), com Cushing sozinho.
(Juvenatrix - 06/06/15)
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