A produtora americana “The Asylum” é
conhecida por seus filmes tranqueiras de ficção científica e horror, com
roteiros ridículos, atores inexpressivos e efeitos especiais vagabundos. São
produções baratas feitas em pouco tempo sem qualquer tipo de preocupação com
lógica, verossimilhança ou qualidade. O importante é produzir em quantidade e
descarregar seus filmes em lançamentos em DVD e exibições na televisão, como o
canal a cabo “SyFy”, especializado no gênero. Podemos considerar como o “cinema
bagaceiro do século XXI”, que se hoje é ruim demais e um exercício de coragem e
excesso de tolerância para conseguir assistir, pode ser que daqui meio século
essas porcarias até sejam cultuadas, justamente por suas características
bagaceiras. Assim como atualmente temos uma legião de apreciadores dos filmes
tranqueiras com roteiros absurdos e efeitos toscos produzidos em imensa
quantidade a partir de meados do século passado.
“The Asylum” também é conhecida por
descaradamente e assumidamente copiar o nome, a ideia central e partes das
histórias de filmes com orçamentos milionários, aproveitando o sucesso
comercial dos chamados “blockbusters”. Eles lançam em pouco tempo as suas
versões fuleiras desses filmes de grandes bilheterias, que ganharam o nome
pejorativo “mockbusters”. Dentro desse princípio, a produtora oportunista fez
“O Fim do Amanhã” (Age of Tomorrow), dirigido por James Kondelik, e que também
ganhou o título no Brasil de “No Limite da Salvação”, quando exibido pelo canal
de TV “SyFy” (algo típico em nosso país, que costuma criar vários nomes para os
filmes, confundindo e dificultando um trabalho de pesquisa e catalogação). No
caso, o plágio é para o ótimo “No Limite do Amanhã” (Edge of Tomorrow), com o
astro Tom Cruise.
Na cópia picareta, um grande asteróide
está em rota de colisão com a Terra, obrigando o exército, sob o comando do
General Magowan (Robert Picardo), com o auxílio do Coronel Mac (Mitchell
Carpenter), a organizar uma equipe para uma missão que viajaria até o asteróide
a bordo de um foguete e tentaria explodir partes dele, desviando sua rota. A
equipe é liderada pelo Capitão James Wheeler (Anthony Marks), que conta com a
ajuda da cientista Dra. Gordon (Kelly Hu), entre outros. Lá chegando, eles
encontram uma caverna e em seu interior uma sala de controle com um portal
tecnológico de teleporte para outro planeta, descobrindo que o asteróide é
apenas uma ponte para uma invasão alienígena. Enquanto isso, numa trama
paralela, na Terra as pessoas estão sendo atacadas por máquinas fortemente
armadas e um bombeiro metido a herói (típico dos americanos), Chris Meher (Lane
Townsend), se junta ao militar Major Blake (Nick Stellate) para combater a
ameaça do espaço e tentar encontrar sua filha no meio da confusão. Todos acabam
se encontrando no planeta dos invasores e descobrem que eles estão abduzindo os
humanos, mantendo-os prisioneiros e fazendo experiências. É inevitável um
confronto mortal com eles com os heróis lutando pela continuidade da
civilização humana.
O filme foi rodado em Los Angeles , na
California, em apenas quinze dias, o que dá para imaginar o resultado final,
com a história sendo contada muito rapidamente, sendo impossível estabelecer
qualquer tipo de empatia com os personagens, que são fúteis ao extremo. Tudo é
bagaceiro demais, desde o elenco patético ao CGI vagabundo. O bombeiro herói
usa um machado como arma, desferindo golpes para todos os lados, destruindo as
sondas robóticas que atacam a Terra e os alienígenas em seu planeta, e o
machado está sempre limpo e impecável. As decisões estratégicas para definir o
futuro da humanidade que está com risco de extinção por uma invasão alienígena,
são todas tomadas por um único militar, pois o filme não tem orçamento para
reunir uma conferência com representantes que definiriam melhor o destino de
nosso mundo.
“O Fim do Amanhã” é um filme tão
descartável que nem mereceria ter tantas linhas nessa resenha.
(Juvenatrix - 07/06/15)
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