“A Mosca” é um conto de Ficção Científica
com elementos de Horror escrito pelo francês George Langelaan e publicado na
edição de Junho de 1957 da revista americana “Playboy”. No ano seguinte, a
ótima história com grande potencial para o cinema, transformou-se no filme “A
Mosca da Cabeça Branca” (The Fly), produzido e dirigido pelo alemão Kurt
Neumann (1908 / 1958), de “Da Terra à Lua” (1950) e “Kronos, o Monstro do
Espaço” (1957). No elenco, temos o ícone Vincent Price num papel coadjuvante, e
David Hedison como o protagonista, ele que esteve em “O Mundo Perdido” (1960) e
seu rosto é mais conhecido pelo papel do Capitão Lee Crane da série de TV
“Viagem ao Fundo do Mar” (1964 / 1968).
“Quanto mais eu sei, mais eu tenho certeza
que sei tão pouco. O eterno paradoxo.” – frase do “cientista louco” Andre
Delambre num momento de reflexão sobre seus avanços científicos
A história é ambientada na cidade canadense de
Montreal, onde o cientista Andre Delambre (David Hedison) faz experiências com
teletransporte de matéria. Casado com a bela Helene (a canadense Patricia
Owens) e pai do pequeno Phillipe (Charles Herbert), ele também é sócio de seu
irmão François (Vincent Price) numa bem sucedida empresa de eletrônica.
Obcecado por seu trabalho na pesquisa científica para o bem da humanidade, ele
não mede esforços para conseguir seus objetivos. Fazendo testes de
desintegração de objetos e cobaias vivas (sua gata de estimação e um porquinho
da índia) numa cabine especial, com seus átomos viajando na velocidade da luz
pelo tempo e espaço até se reintegrarem novamente em outro local. Porém, após a
ocorrência de um acidente onde ele próprio decidiu ser a cobaia da experiência,
seu corpo misturou-se ao de uma mosca intrusa na câmara de teletransporte. Como
resultado desastroso, o cientista transformou-se num monstro onde sua cabeça e
braço esquerdo eram de uma mosca, e o inseto fugiu com cabeça e braço humanos.
Para tentar reverter o processo, ele pede para sua esposa e filho tentarem
capturar a “mosca da cabeça branca”, antes que ele pudesse perder a sanidade e
o resto de sua humanidade pela influência da mosca em seu corpo. Paralelamente,
a polícia, sob a liderança do Inspetor Charas (o inglês Herbert Marshall),
investiga os mistérios e eventos sinistros envolvendo o cientista e seu
trabalho pioneiro de teletransporte.
O filme é um clássico dos saudosos anos 50 do século
passado abordando as temáticas de “cientista louco” e “homem transformado em
monstro”. Faz parte de um período fértil com centenas de filmes divertidos do
cinema fantástico, muitos deles produzidos com orçamentos baixos e roteiros
exagerados na fantasia, com características bagaceiras que justamente despertam
o interesse dos apreciadores do estilo. O laboratório do “cientista louco”
possui todos aqueles aparelhos sofisticados da época, repletos de luzes
piscando, botões e mostradores analógicos, num período turbulento onde a
humanidade convivia com a paranoia nuclear da guerra fria, com a preocupação e
medo da destruição do planeta e das consequências de atos equivocados com o
avanço da tecnologia, dos aparelhos eletrônicos, foguetes, satélites espaciais
e vôos supersônicos.
Foi criada uma franquia dentro desse interessante
universo ficcional, inicialmente com uma trilogia composta pelo original de
1958 e outras duas sequências com fotografia em preto e branco, “O Monstro de
Mil Olhos” (Return of the Fly, 1959), e “A Maldição da Mosca” (Curse of the
Fly, 1965). Cerca de vinte anos depois, o cineasta David Cronenberg retomou o
assunto e lançou a refilmagem “A Mosca” (The Fly, 1986), com horror gráfico e
mortes sangrentas em ótimos efeitos especiais, e que foi seguido por “A Mosca
II” (The Fly II, 1989), de qualidade bem inferior. “A
Mosca da Cabeça Branca” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fox”, com a opção de
exibição do filme com a dublagem em português da época em que foi exibido na
televisão. Na parte de materiais extras, temos apenas os trailers sem legendas
do próprio filme e também da refilmagem de 1986, sua continuação de 1989, e do
clássico de FC “Viagem Fantástica” (Fantastic Voyage, 1966).
(Juvenatrix – 22/02/16)
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