A contribuição do estúdio inglês “Hammer” para
o universo ficcional das múmias do antigo Egito é composta por quatro filmes.
São eles: “A Múmia” (The Mummy, 1959), de Terence Fisher e com Christopher Lee
e Peter Cushing, “A Maldição da Múmia” (The Curse of the Mummy’s Tomb, 1964),
de Michael Carreras, “A Mortalha da Múmia / O Sarcófago Maldito” (The Mummy’s
Shroud, 1967), de John Gilling e com André Morell, e “Sangue no Sarcófago da
Múmia” (Blood From the Mummy’s Tomb, 1971), de Seth Holt e Michael Carreras, e
com Andrew Keir.
No segundo filme da série, a
história é ambientada no Egito de 1900, onde um grupo de arqueólogos europeus
encontra a tumba de 3000 anos do príncipe Ra-Antef, um dos filhos gêmeos do faraó
Ramsés VIII, após uma exaustiva jornada de dezoito meses pelo deserto. A equipe
é formada pelos egiptólogos ingleses Sir Giles Dalrymple (Jack Gwillim) e John
Bray (Ronald Howard), além da bela francesa Annette Dubois (Jeanne Roland) e do
empresário americano da área de entretenimento Alexander King (Fred Clark), o
financiador da expedição. A múmia preservada em seu sarcófago, e todos os
tesouros, pertences pessoais e artefatos valiosos, foram levados para Londres
para serem apresentados à imprensa. E depois seguiriam para os Estados Unidos
com o objetivo de serem expostos num evento itinerante, mesmo contra a vontade
do governo egípcio, representado por Hashmi Bey (George Pastell), que não
queria que a múmia saísse de seu país de origem. Durante o trajeto por navio
até a Inglaterra, os arqueólogos conhecem outro estudioso e colecionador de
objetos do antigo Egito, o misterioso Adam Beauchamp (Terence Morgan), que
desperta um interesse amoroso em Annette. Após chegarem a Londres, tem início uma
ocorrência de fatos estranhos, como o desaparecimento da múmia em seu sarcófago
seguido de uma série de ataques violentos com mortes envolvendo a equipe e
todos que testemunharam a abertura da tumba, desencadeando “a maldição da
múmia” (do título).
De todos os quatro filmes de
múmias da “Hammer”, certamente o melhor disparado é o clássico “A Múmia”
(1959), dirigido pelo especialista Terence Fisher (o melhor cineasta do
estúdio) e estrelado pela dupla dinâmica Christopher Lee (como o monstro) e
Peter Cushing (como o arqueólogo rival). Como esse trio não fez parte dos
outros três filmes, a qualidade e interesse inevitavelmente diminuíram. Mas,
apesar disso, “A Maldição da Múmia” é um filme da cultuada produtora (curto,
com apenas 78 minutos) e está situado dentro da temática de um dos grandes
monstros sagrados do cinema de horror. E esses já são motivos suficientes para
agregar valores ao filme e despertar o interesse dos fãs. Michael Carreras fez
de tudo aqui, dirigiu, escreveu o roteiro sob o pseudônimo de Henry Younger e
produziu o filme. Porém, é uma pena comprovar que ele é mais talentoso apenas
como produtor de muitos filmes divertidos da “Hammer”, e seu trabalho
principalmente como roteirista, é bem inferior. A história desse filme é apenas
trivial, exagerada nos clichês e com uma “surpresa” envolvendo o personagem
Adam Beauchamp que teve um efeito contrário (na verdade, a tal surpresa é até
previsível e exagerada na fantasia). O que realmente vale destacar nesse
segundo filme da série de múmias da “Hammer”, é o mesmo que acontece com os
outros dois seguintes: as cenas de ataque do monstro envolto em bandagens
(interpretado por Dickie Owen) contra os profanadores de sua tumba, e as
eventuais mortes violentas.
Curiosamente, o eterno ator
coadjuvante Michael Ripper também aparece aqui, numa ponta rápida no início
como o serviçal egípcio Achmed. Ele que é o campeão de participações em filmes
da “Hammer”.
(Juvenatrix – 10/02/16)
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