quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Carnossauro (Carnosaur, EUA, 1993) + Carnossauro 2 (Carnosaur 2, EUA, 1995) + Criaturas do Terror (Carnosaur 3: Primal Species, EUA, 1996)



* Carnossauro (1993)
 “A Terra não foi criada para nós. Ela foi feita para os dinossauros. Estava desenhada para suas dimensões. Os seres humanos são como formigas passeando pelos seus quartos.” – comentário da “cientista louca” Dra. Jane Tiptree
Aproveitando o lançamento em 1993 de “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”, de Steven Spielberg, que gerou uma franquia milionária, o produtor e também diretor Roger Corman, com centenas de filmes no currículo, a maioria situados no gênero fantástico, aproveitou o momento favorável comercialmente e lançou o cultuado “Carnossauro”. O filme é uma tranqueira divertida de dinossauros que gerou outras duas continuações. Corman é conhecido como “O Rei dos Filmes B” por seu incrível talento em produzir filmes com orçamentos baixos e filmagens em tempos curtos, e sua carreira marcante teve início nos anos 1950, já tendo acumulado mais de 400 filmes no currículo, e também grande quantidade de créditos na função de diretor, tendo trabalhado com atores ícones do Horror como Vincent Price e Boris Karloff. É uma pena que seu último trabalho na direção foi em 1990 com “Frankenstein – O Monstro das Trevas” (Frankenstein Unbound). Mas, em compensação, como produtor Corman tem mais de 60 anos de contribuições para o cinema fantástico bagaceiro, com um legado eterno de filmes de qualidade duvidosa, mas a maioria com diversão garantida.
Em “Carnossauro”, dirigido por Adam Simon (de “Brain Dead”, 1990) e com sequências adicionais por Darren Moloney, temos uma história tosca ao extremo apresentando a “cientista louca” Dra. Jane Tiptree (Diane Ladd) liderando um projeto científico de engenharia genética com estudos de recombinação de DNA e manipulação de um vírus de frangos. Como resultados, temos dinossauros nascendo em ovos de galinha, crescendo numa velocidade extremamente rápida, e devorando as pessoas. Além da propagação de uma contaminação nas mulheres causando uma febre misteriosa e transformando-as em grávidas de dinossauros. Tudo faz parte de um plano maquiavélico da cientista para eliminar as mulheres e consequentemente a raça humana, dando lugar para os dinossauros pré-históricos povoarem novamente nosso planeta. Para tentar combatê-la, temos um vigia noturno, Doc Smith (Raphael Sbarge), que toma conta dos tratores de uma empresa que está destruindo a natureza, e uma ecologista hippie, Ann Thrush (Jennifer Runyon, atriz casada com um sobrinho de Corman), que defende o slogan “As grandes corporações estão matando nosso mundo”. E tem também um xerife durão, Fowler (Harrison Page), que tenta impedir a invasão dos dinossauros. 
Ao contrário da produtora picareta “The Asylum”, que copia ideias e faz filmes modernos extremamente ruins e exagerados nos efeitos de computação gráfica, o cultuado produtor Roger Corman sempre aproveitou argumentos e cenários usados para fazer filmes também ruins, mas divertidos. Principalmente pela precariedade dos recursos, sem a utilização dos efeitos artificiais de CGI, como exemplificado nos dinossauros toscos de “Carnossauro”, feitos por bonecos em miniatura com controle remoto e fantoches de mão, ou como no caso do tiranossauro, por um robô desajeitado com quase cinco metros de altura. Temos as sempre esperadas cenas de mortes violentas de dezenas de vítimas com o sangue jorrando, e pedaços de seus frágeis corpos destroçados pelas garras e dentes das feras, que vão de um imponente tiranossauro aos ágeis deinonicos (animais parecidos com velociraptores). É verdade que o roteiro é bem exagerado na fantasia, desde a ideia insana da cientista geneticista até a forma como ela coloca seu plano diabólico em ação, mas em compensação, a overdose de mortes sangrentas e o desfecho pessimista contribuem significativamente para o interesse pelo filme, que concluiu com um gancho para sequências inferiores que foram lançadas nos anos seguintes. 
Curiosamente, a veterana atriz Diane Ladd é mãe de Laura Dern, que no mesmo ano de 1993 atuava ao lado de Sam Neill, Jeff Goldblum e Richard Attenborough em “Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros”. O experiente ator Clint Howard, com mais de 230 créditos no currículo, tem uma participação rápida com destaque para uma cena onde conta uma piada num bar antes de virar comida de dinossauro. A famosa cena do bebê alien rasgando o ventre de seu hospedeiro no clássico “Alien, o Oitavo Passageiro” (1979) é também referenciada em cena similar no filme produzido por Corman.

Carnossauro 2 (1995)
“Carnossauro” impulsionou a realização de outros filmes ambientados em seu universo ficcional, nas mesmas mãos de Roger Corman como produtor. Em 1995 foi lançado “Carnossauro 2” (Carnosaur 2), com direção de Louis Morneau (de “Morcegos”, 1999 e “Lobisomem: A Besta Entre Nós”, 2012) e com o veterano ator John Savage, com mais de duas centenas filmes na carreira. Foi exibido na televisão na “Sessão das Dez” do SBT.
Na história, ocorre um acidente numa mina de urânio operada por militares, uma unidade secreta localizada no meio do deserto. Depois que os funcionários morrem misteriosamente, cortando as comunicações, o governo americano decide enviar um representante para averiguar, Major Tom McQuade (Cliff De Young). Ele é acompanhado por um grupo contratado de especialistas em missões especiais de resgate, liderado por Jack Reed (John Savage). A equipe é ainda formada por Ben Kahane (Don Stroud), Monk Brody (Rick Dean), a bela Sarah Rowlins (Arabella Holzbog), o expert em computação e piadista Ed Moses (Miguel A. Núñez Jr.) e a piloto de helicóptero Joanne Galloway (Neith Hunter). Ao entrar nas instalações militares, o grupo encontra um cenário de destruição com mortes violentas, e resgatam um sobrevivente em estado de choque, o adolescente Jesse Turner (Ryan Thomas Johnson). Mas, o pior ainda viria com a descoberta de que o local está infestado de dinossauros ávidos por suas frágeis carnes.
Em termos de roteiro, mesmo sendo um clichê colossal, podemos considerar que é melhor do que o filme original, cuja história básica é extremamente exagerada na fantasia. Mas, por outro lado, temos aqui a tão manjada ambientação claustrofóbica, onde um grupo de pessoas está encurralado num local isolado, sendo atacado por dinossauros carnívoros e tentando desesperadamente lutar por suas vidas. Esse argumento é um dos mais explorados no cinema de horror e ficção científica, com centenas de filmes similares, alternando apenas as pessoas, o local e a ameaça. Como sendo nitidamente uma produção de baixo orçamento, o ambiente interno é bem escuro para ajudar a camuflar a precariedade dos efeitos dos dinossauros, mas assim como no filme anterior, temos várias cenas de mortes sangrentas, com braço decepado, cabeça arrancada a dentadas e dilacerações diversas. Porém, os ataques dos monstros demoram e a carnificina inicia apenas depois de meia hora de filme (antes, as cenas de mortes são “off screen”).
“Carnossauro 2” é curto, com pouco mais de 80 minutos, e o desfecho é bem similar ao filme original, com um confronto inverossímil e exagerado entre o adolescente metido a herói Jesse, dirigindo uma grande empilhadeira, contra um tiranossauro, culminando com aqueles resultados já previsíveis. Curiosamente, e talvez como uma homenagem ao clássico da guerra do Vietnã “Apocalipse Now” (1979), de Francis Ford Coppola, quando o helicóptero do grupo de resgate chega à instalação militar, um dos membros da equipe faz questão de ouvir um trecho da música clássica “Cavalgada das Valquírias”, do alemão Richard Wagner. É uma referência para uma cena similar do filme de Coppola, onde um grupo de helicópteros ataca uma aldeia vietnamita ao som da mesma música.

Criaturas do Terror (1996)
Em 1996 veio o terceiro filme da franquia, que recebeu por aqui o manjado título sem criatividade “Criaturas do Terror” (Carnosaur 3: Primal Species), dirigido por Jonathan Winfrey. O pior é que ainda recebeu outro nome patético quando foi exibido na telinha na “Sessão Especial” da TV Record, “Carnossauro: O Monstro Destruidor”, apenas para confundir e dificultar ainda mais um trabalho de catalogação dos filmes que chegam no Brasil.
Um comboio do exército escoltando um caminhão misterioso é surpreendido numa emboscada por mercenários terroristas, que o roubam acreditando num carregamento valioso de urânio. Porém, eles descobrem que na verdade a carga trata-se de uma criação de répteis carnívoros que logo os transforma em alimento. São réplicas de dinossauros geneticamente construídos através de um projeto científico que buscava a cura de várias doenças, estudando sua estrutura de DNA regenerativa. Uma equipe especial de militares, liderada pelo Coronel Rance Higgins (Scott Valentine) e contando com soldados treinados como Sanders (Rodger Halston) e o piadista Polchek (Rick Dean, que curiosamente esteve também em “Carnossauro 2” como outro personagem), é convocada pelo General Pete Mercer (Anthony Peck) para investigar a ocorrência do roubo da carga secreta. Eles encontram corpos despedaçados e sangue espalhado para todos os lados e ficam sabendo através da cientista Dra. Hodges (Janet Gunn) sobre o projeto científico de criação de dinossauros e da necessidade de capturar as criaturas vivas. O grupo do Cel. Higgins une-se com uma equipe de fuzileiros navais para combater as feras, primeiramente num galpão e depois num navio, onde um tiranossauro rex imenso montou um ninho no porão de carga e está criando dúzias de ovos para reprodução.
O terceiro filme da franquia “Carnossauro” pode ser classificado simplesmente como “mais do mesmo”. Ou seja, roteiro similar aos anteriores, explorando o velho clichê formado por um grupo de soldados num ambiente fechado e com atmosfera de claustrofobia (galpão, depois navio), combatendo uma ameaça (dinossauros famintos por suas carnes). O filme tem até um desfecho novamente com gancho, mas a série parou por aí, até porque não tinha mais como contar uma história com um mínimo de interesse. Também temos os mesmos efeitos bagaceiros e fotografia escura para esconder a precariedade, e os mesmos personagens estereotipados como um líder militar metido a durão. E continuam as piadas banais e comentários absurdos de personagens que estão prestes a morrer de forma violenta, e ainda encontram humor nos últimos momentos de vida, não combinando com a postura esperada de soldados. Tudo isso até consegue divertir um pouco, principalmente para os apreciadores de cinema bagaceiro, mas no caso desse “Carnossauro 3” a repetição de clichês tornaram o filme mais cansativo, num último suspiro da franquia.  
Curiosamente, um dos policiais que chega ao local onde está o caminhão roubado pelos terroristas com a carga de dinossauros, encontra um cenário sangrento repleto de vítimas esquartejadas, e faz um comentário hilário: “Isto aqui está parecendo um pesadelo de sexta-feira 13”.

(Juvenatrix – 17/02/16)

Um comentário:

  1. Quando eu tinha meus 4 anos de idade achava o filme 3 um terror diguino de me fazer perder o sono HAHAHAHAHA

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