“No ano 2055, uma nova
tecnologia foi inventada que poderia mudar o mundo, ou destruí-lo. Um homem
chamado Charles Hatton a usou para ganhar dinheiro.”
A
primeira ideia que vem à cabeça depois de ver “O Som do Trovão” (A Sound
of Thunder), é um questionamento sobre por que esse filme não foi exibido em
nossos cinemas, sendo apenas lançado diretamente no mercado de DVD (pela
“Europa”, em Março de 2006). Pois o filme reúne alguns elementos favoráveis do
ponto de vista comercial, tendo um bom potencial para entrar em cartaz nas
salas de exibição, ou seja, é uma super produção de 80 milhões de dólares, um
típico filme pipoca com ação, aventura, e muitos efeitos especiais numa
história de Ficção Científica e viagem no tempo. Por outro lado, filmes
insignificantes como “Amaldiçoados” (Cursed), de Wes Craven, são exibidos nos
cinemas quando deveriam ir direto para o vídeo. Isso apenas é mais uma das
incoerências cometidas pelas distribuidoras responsáveis pelos filmes que chegam
ao Brasil.
Em
“O Som do Trovão”, a ação é ambientada em 2055, época em que o Homem já havia
criado uma forma de viajar no tempo. Um empresário rico e sem escrúpulos,
Charles Hatton (Ben Kingsley), é dono de uma agência que faz viagens ao
passado, a “Time Safari”, proporcionando aos seus clientes uma pequena e
rápida, porém bastante convincente e real, turnê para o passado da humanidade,
voltando 65 milhões de anos no tempo, em plena época dos dinossauros. Qualquer
pessoa, depois de pagar uma quantia imensa em dinheiro, poderia participar de
uma expedição e abater um alossauro em seu habitat natural (meticulosamente
escolhido), pouco antes dele se atolar num pântano ou ser carbonizado na
erupção de um vulcão.
A
expedição era sempre repetida com precisão para os vários clientes diferentes,
sob a liderança do cientista Dr. Travis Ryer (Edward Burns), que contava com o
auxílio de outros profissionais em sua equipe como a jovem Jennifer Krase
(Jemima Rooper), responsável por registrar a caçada, Marcus Payne (David
Oyelowo), o oficial de segurança, e o Dr. Lucas (Wilfried Hochholdinger), o
médico que monitora as condições físicas dos clientes. Participa também das
expedições um agente a serviço do governo (Departamento de Regulamentação
Temporal), Clay Derris (August Zirner), cuja função é fiscalizar as ações para
impedir que alguma interferência no passado possa gerar alguma conseqüência
grave no tempo seguinte.
E
é justamente isso que acontece quando após um acidente numa das expedições,
ocorre uma série de efeitos turbulentos no presente desestabilizando a vida
como conhecemos e colocando em risco o planeta. Confirmando uma ameaça prevista
pela cientista Dra. Sonia Rand (Catherine McCormack), a criadora do super
computador que faz os cálculos de viagem no tempo, e que se une ao Dr. Ryer
para tentar reverter o processo e colocar as coisas novamente em seu curso
normal. Enfrentando uma infinidade de perigos como ondas de choque que
modificam todo o processo evolutivo, e um mundo hostil infestado de plantas e animais
mutantes como macacos dinossauros, morcegos monstruosos e serpentes aquáticas.
Com
direção de Peter Hyams (de “A Relíquia” e “Fim dos Dias”) e história inspirada
por um conto do cultuado escritor de Ficção Científica Ray Bradbury, “O Som do
Trovão” é uma aventura de viagem no tempo explorando as conseqüências graves
causadas quando algum evento do passado (por menor que seja e mais
insignificante que pareça) é inadvertidamente alterado, podendo culminar com a
destruição do mundo que conhecemos. Dentro dessa ideia interessante, que sempre
tem um potencial para o entretenimento, somos convidados a acompanhar a
trajetória de um grupo de cientistas para tentar reparar um erro cometido e
anular o efeito devastador de um evento alterado no tempo.
Os
efeitos especiais são uma atração à parte, mostrando desde a rotina de uma
enorme cidade futurista, com seus belos e imensos prédios e tráfego intenso de
carros, passando pela recriação de um ambiente pré-histórico de milhões de anos
no passado habitado por dinossauros, até um mundo caótico dominado por uma
realidade alternativa onde vivem criaturas mutantes desconhecidas por nós.
Por
outro lado, e servindo apenas para evidenciar que estamos vendo um filme
comercial que privilegia exclusivamente um tipo de diversão simples e sem
compromisso, temos aqueles conhecidos desfiles de clichês e situações absurdas,
como por exemplo a queda do casal de cientistas, que para fugirem de uma
invasão de insetos no apartamento da Dra. Rand, se jogam pela janela e caem de
uma altura significativa por cima de algumas árvores e não sofrem nem um
arranhão. Além do desfecho previsível que sempre tem que existir para
satisfazer a maioria do público (faço parte da minoria e preferiria de vez em
quando um pouco de ousadia dos roteiristas com um desfecho mais pessimista e
diferente do trivial).
Uma
curiosidade interessante é quando o empresário Charles Hatton faz um discurso
padrão para seus clientes nas viagens no tempo encorajando-os no desafio que
enfrentarão ao confrontar um dinossauro real, citando eventos importantes na
história da humanidade como Cristóvão Colombo ter descoberto a América, Neil
Armstrong ter pisado na Lua, e de “Brubaker ter chegado em Marte” (será uma
previsão?)... Aliás, Brubaker é o nome do comandante de uma expedição fraudada
para Marte no thriller de FC “Capricórnio Um” (Capricorn One, 1978), dirigido
também por Peter Hyams.
Outra
curiosidade é que as filmagens ocorreram em 2002 em Praga, na República Tcheca,
e o filme deveria ter sido lançado em 2003. Mas, como aconteceram várias
inundações naquele país europeu, os cenários foram danificados e os trabalhos
de filmagens atrasaram muito, com o lançamento apenas em 2005.
“1 – Não mude nada. 2 – Não
deixe nada para trás. 3 – Não traga nada de volta.” – regras básicas que devem
ser respeitadas em viagens no tempo
(Juvenatrix - 10/09/2006)
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