segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Som do Trovão (A Sound of Thunder, EUA / Alemanha / República Tcheca, 2005)


Escrito originalmente em 10/09/2006.

“No ano 2055, uma nova tecnologia foi inventada que poderia mudar o mundo, ou destruí-lo. Um homem chamado Charles Hatton a usou para ganhar dinheiro.”

                    A primeira ideia que vem à cabeça depois de ver “O Som do Trovão” (A Sound of Thunder), é um questionamento sobre por que esse filme não foi exibido em nossos cinemas, sendo apenas lançado diretamente no mercado de DVD (pela “Europa”, em Março de 2006). Pois o filme reúne alguns elementos favoráveis do ponto de vista comercial, tendo um bom potencial para entrar em cartaz nas salas de exibição, ou seja, é uma super produção de 80 milhões de dólares, um típico filme pipoca com ação, aventura, e muitos efeitos especiais numa história de Ficção Científica e viagem no tempo. Por outro lado, filmes insignificantes como “Amaldiçoados” (Cursed), de Wes Craven, são exibidos nos cinemas quando deveriam ir direto para o vídeo. Isso apenas é mais uma das incoerências cometidas pelas distribuidoras responsáveis pelos filmes que chegam ao Brasil.
                    Em “O Som do Trovão”, a ação é ambientada em 2055, época em que o Homem já havia criado uma forma de viajar no tempo. Um empresário rico e sem escrúpulos, Charles Hatton (Ben Kingsley), é dono de uma agência que faz viagens ao passado, a “Time Safari”, proporcionando aos seus clientes uma pequena e rápida, porém bastante convincente e real, turnê para o passado da humanidade, voltando 65 milhões de anos no tempo, em plena época dos dinossauros. Qualquer pessoa, depois de pagar uma quantia imensa em dinheiro, poderia participar de uma expedição e abater um alossauro em seu habitat natural (meticulosamente escolhido), pouco antes dele se atolar num pântano ou ser carbonizado na erupção de um vulcão.
                    A expedição era sempre repetida com precisão para os vários clientes diferentes, sob a liderança do cientista Dr. Travis Ryer (Edward Burns), que contava com o auxílio de outros profissionais em sua equipe como a jovem Jennifer Krase (Jemima Rooper), responsável por registrar a caçada, Marcus Payne (David Oyelowo), o oficial de segurança, e o Dr. Lucas (Wilfried Hochholdinger), o médico que monitora as condições físicas dos clientes. Participa também das expedições um agente a serviço do governo (Departamento de Regulamentação Temporal), Clay Derris (August Zirner), cuja função é fiscalizar as ações para impedir que alguma interferência no passado possa gerar alguma conseqüência grave no tempo seguinte.
                    E é justamente isso que acontece quando após um acidente numa das expedições, ocorre uma série de efeitos turbulentos no presente desestabilizando a vida como conhecemos e colocando em risco o planeta. Confirmando uma ameaça prevista pela cientista Dra. Sonia Rand (Catherine McCormack), a criadora do super computador que faz os cálculos de viagem no tempo, e que se une ao Dr. Ryer para tentar reverter o processo e colocar as coisas novamente em seu curso normal. Enfrentando uma infinidade de perigos como ondas de choque que modificam todo o processo evolutivo, e um mundo hostil infestado de plantas e animais mutantes como macacos dinossauros, morcegos monstruosos e serpentes aquáticas.
                    Com direção de Peter Hyams (de “A Relíquia” e “Fim dos Dias”) e história inspirada por um conto do cultuado escritor de Ficção Científica Ray Bradbury, “O Som do Trovão” é uma aventura de viagem no tempo explorando as conseqüências graves causadas quando algum evento do passado (por menor que seja e mais insignificante que pareça) é inadvertidamente alterado, podendo culminar com a destruição do mundo que conhecemos. Dentro dessa ideia interessante, que sempre tem um potencial para o entretenimento, somos convidados a acompanhar a trajetória de um grupo de cientistas para tentar reparar um erro cometido e anular o efeito devastador de um evento alterado no tempo.
                    Os efeitos especiais são uma atração à parte, mostrando desde a rotina de uma enorme cidade futurista, com seus belos e imensos prédios e tráfego intenso de carros, passando pela recriação de um ambiente pré-histórico de milhões de anos no passado habitado por dinossauros, até um mundo caótico dominado por uma realidade alternativa onde vivem criaturas mutantes desconhecidas por nós.
                    Por outro lado, e servindo apenas para evidenciar que estamos vendo um filme comercial que privilegia exclusivamente um tipo de diversão simples e sem compromisso, temos aqueles conhecidos desfiles de clichês e situações absurdas, como por exemplo a queda do casal de cientistas, que para fugirem de uma invasão de insetos no apartamento da Dra. Rand, se jogam pela janela e caem de uma altura significativa por cima de algumas árvores e não sofrem nem um arranhão. Além do desfecho previsível que sempre tem que existir para satisfazer a maioria do público (faço parte da minoria e preferiria de vez em quando um pouco de ousadia dos roteiristas com um desfecho mais pessimista e diferente do trivial).
                    Uma curiosidade interessante é quando o empresário Charles Hatton faz um discurso padrão para seus clientes nas viagens no tempo encorajando-os no desafio que enfrentarão ao confrontar um dinossauro real, citando eventos importantes na história da humanidade como Cristóvão Colombo ter descoberto a América, Neil Armstrong ter pisado na Lua, e de “Brubaker ter chegado em Marte” (será uma previsão?)... Aliás, Brubaker é o nome do comandante de uma expedição fraudada para Marte no thriller de FC “Capricórnio Um” (Capricorn One, 1978), dirigido também por Peter Hyams.
                    Outra curiosidade é que as filmagens ocorreram em 2002 em Praga, na República Tcheca, e o filme deveria ter sido lançado em 2003. Mas, como aconteceram várias inundações naquele país europeu, os cenários foram danificados e os trabalhos de filmagens atrasaram muito, com o lançamento apenas em 2005.

“1 – Não mude nada. 2 – Não deixe nada para trás. 3 – Não traga nada de volta.” – regras básicas que devem ser respeitadas em viagens no tempo

(Juvenatrix - 10/09/2006)

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