O canal de TV a cabo “SyFy” é conhecido
pela exibição de filmes de ação com elementos de ficção científica e histórias
de catástrofes globais abordando a destruição de nosso planeta. São tantos
filmes similares com os mesmos clichês exaustivos, que dá pena da Terra sendo
tão maltratada pelos roteiristas sem imaginação e preguiçosos em tentar
desenvolver alguma ideia no mínimo razoável. Em “Tempestade Solar”, uma
produção canadense dirigida pelo inexpressivo Michael Robison e roteiro
patético de Jeff Schechter, que não tem nenhuma importância para o cinema fantástico,
a única diferença para a imensidão de outros filmes ruins do mesmo estilo e
temática, é que sua duração tem quase três horas, com a exibição dividida em
dois filmes, dobrando o sofrimento do espectador. Depois que termina a péssima
primeira parte ainda vem em seguida a continuação ainda pior.
Apesar da duração enorme do filme, é
plenamente possível resumir a sinopse em poucas linhas de tão ruim e sem
interesse que é a história. Uma empresa privada está anunciando a primeira
viagem espacial civil, com um avião projetado especialmente para dar a volta na
Lua e retornar em poucas horas, graças à capacidade de viajar numa velocidade
extremamente alta. Porém, um defeito ocorre com os motores após uma tempestade
solar com explosão de raios cósmicos e a nave perde o controle rumando para uma
colisão com o Sol. Após o trágico acidente, a Terra passa a ser terrivelmente
ameaçada com uma imensa descarga de raios solares que se dirige ao planeta.
Para evitar o apocalipse final, o destino do mundo fica nas mãos do cientista
Craig Bakus (Anthony Lemke) e do astronauta Don Wincroft (David James Elliott),
que partem rumo ao Sol numa nave similar da agência espacial americana, para
tentar criar um evento que anule os efeitos destrutivos dos raios solares.
A primeira parte é centrada na nave
“Roebling Clipper” com seus seis passageiros, entre tripulação e civis,
apresentando os personagens e mostrando a aventura do vôo espacial inaugural
para a Lua. Perde-se tempo demais com personagens que não despertam interesse,
com uma overdose de clichês e cenas carregadas de pieguice. Onde o ápice do
tédio gira em torno de um triângulo amoroso entre os protagonistas que tentam
salvar o mundo e a conselheira científica do presidente americano, Cheryl
Wincroft (Natalie Brown), ex-esposa de um deles e atual mulher do rival.
Na segunda parte de noventa minutos, a
ação se volta, depois da tragédia da nave civil que se chocou com o Sol, para a
tentativa banal de evitar o fim do mundo. Com a utilização de outra nave,
pertencente à NASA e copiada e melhorada a partir da primeira, para reverter o
processo da tempesatde solar que acabaria com a vida na Terra.
É difícil dizer qual das duas partes é a
pior. Imagine dois filmes péssimos que se complementam, com o roteirista
inventando uma série de tramas paralelas para conseguir preencher o total de
três horas do filme. São cenas envolvendo personagens secundários que só
contribuem para o sono do espectador. Temos vários momentos descartáveis com o
presidente americano Mathany (Frank Schorpion), sua filha adolescente Lara
(Charlotte Legault) e a primeira dama Simone (Jane Wheeler), que era uma das
passageiras da nave que foi para a Lua, contribuindo para promover a viagem.
Temos também cenas tediosas com Joan Elias (Julia Ormond), a responsável de um
acampamento humanitário no Afeganistão, esposa de Alan (John Mclaren), outro
passageiro do primeiro vôo espacial civil. E a pior de todas as subtramas está
reservada para uma pequena cidade americana onde vive Marta Hernandez (Cristina
Rosato), esposa de outro passageiro, que ganhou a vaga numa loteria e tem medo
de avião.
Se eu fosse enumerar e descrever a imensa
quantidade de erros, furos de roteiro, situações inverossímeis e cenas
patéticas, provavelmente não conseguiria terminar esse texto. Então, prefiro
parar por aqui e finalizar com um pequeno alerta de um apreciador de cinema
fantástico bagaceiro: “Tempestade Solar” é um completo desperdício de um longo
tempo de três horas que poderia ser melhor aproveitado com outros filmes ruins,
mas que pelo menos divertem.
(Juvenatrix – 08/02/16)
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