Em 1999 o filme “A Bruxa de Blair”
utilizou uma bem sucedida campanha de marketing pela internet para promover seu
roteiro no estilo “found footage”, ou seja, com imagens gravadas em câmeras e
encontradas posteriormente, cujas evidências registradas seriam tratadas como
supostamente “reais” e poderiam esclarecer algum mistério envolvendo a história.
Não foi o primeiro filme a usar esse recurso, pois em 1980 o italiano
“Holocausto Canibal”, de Ruggero Deodato, já tinha causado polêmicas com uma
história violenta de canibalismo com imagens encontradas em fitas revelando o
destino trágico de uma equipe de filmagens que se aventurou pela floresta e
encontrou índios comedores de carne humana. Mas, “A Bruxa de Blair” incentivou a
produção de inúmeros filmes utilizando a mesma técnica, com imagens tremidas e
correrias dos personagens segurando câmeras. Foram tantas histórias que depois
de quinze anos esse sub-gênero do cinema fantástico tornou-se extremamente
saturado.
Porém, para os produtores da indústria do
entretenimento, sempre existirão oportunidades de lucros, não se importando com
a qualidade dos resultados. “A Forca” (The Gallows), dirigido e escrito por
Travis Cluff e Chris Lofing, também utilizou uma campanha de marketing pela
internet que obteve êxito, com as pessoas brincando com um jogo de evocar o
espírito perturbado de Charlie, que morreu enforcado num acidente durante a
encenação de uma peça escolar de teatro. Esse marketing viral tornou-se mais
interessante que o próprio filme.
A história de “A Forca” é bem simples e
pouca atrativa. Um grupo de estudantes está ensaiando uma peça de teatro para
homenagear o aniversário de 20 anos da apresentação original que ocorreu na
escola no início dos anos 90 e que foi marcada por uma tragédia, quando num
acidente fatal um jovem chamado Charlie morreu enforcado. Seu papel original
era o de carrasco, mas ele teve que assumir na última hora o posto do galã
depois que um dos atores não compareceu, e o roteiro da peça reservaria um
destino trágico para esse personagem, fato que ocorreu na realidade. Muitos
anos depois, os jovens Reese Mishler (Reese Houser), que tem um interesse
romântico com Pfeifer Brown (Pfeifer Ross), e o casal de namorados Ryan Shoos
(Ryan Shoos) e Cassidy Gifford (Cassidy Spilker), ficam presos na sala de
teatro durante a noite, e são perseguidos e atacados misteriosamente por um
fantasma vingativo.
O filme é curto, com apenas 81 minutos, e
a badalada campanha de marketing não se justifica de modo algum, pois não passa
de mais uma história trivial que se junta às dezenas que são produzidas o tempo
todo, fadada certamente ao limbo em pouco tempo, por não apresentar nenhuma
atração que mereça algum destaque ou lembrança posterior, num imenso e cansativo
clichê. Aliás, o filme deverá ser lembrado unicamente pela campanha de
marketing, que também não é grande coisa, mas que conseguiu chamar a atenção.
Em “A Forca” você encontrará sustos fáceis com a já manjada técnica dos “jump
scares” e algumas poucas mortes violentas, mas sem sangue ou tensão, tudo muito
previsível e óbvio. E num dos únicos momentos com um interesse maior, a cena é
entregue totalmente na exibição dos trailers de divulgação, revelando o destino
de um dos estudantes em pânico.
(Juvenatrix – 03/08/15)
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