sábado, 13 de junho de 2020

Criatura Sangrenta (Blood Creature, EUA / Filipinas, 1959, PB)



O escritor inglês Herbert George Wells foi o autor de inúmeros livros de Ficção Científica e Horror que serviram de inspiração para o cinema fantástico. Histórias como “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos”, “O Alimento dos Deuses”, “Daqui a Cem Anos”, “Os Primeiros Homens na Lua”, “A Máquina do Tempo”, transformaram-se em muitos filmes e várias versões. No caso de “A Ilha do Dr. Moreau” (1896), o livro foi filmado em três produções mais conhecidas, em 1933 (com Charles Laughton e Bela Lugosi), 1977 (com Burt Lancaster, Michael York e Richard Basehart), e 1996 (com Marlon Brando e Val Kilmer).
Porém, em 1959 foi lançada uma bagaceira chamada “Criatura Sangrenta” (Blood Creature / Terror is a Man), dirigida pelo filipino Gerry de Leon, cujo roteiro de Harry Paul Harber também é baseado na famosa obra literária de Wells, porém de forma não creditada. E surpreendentemente, o filme teve distribuição em DVD por aqui, para a satisfação dos colecionadores ávidos por filmes bizarros, exóticos, desconhecidos e principalmente ruins de forma não proposital.      

O único sobrevivente do naufrágio de um navio de carga, o engenheiro de petróleo William Fitzgerald (Richard Derr), chega inconsciente num bote até o litoral de uma ilha isolada na costa do Oceano Pacífico. Lá, ele é resgatado pelo Dr. Charles Girard (o tcheco Francis Lederer), um médico exilado de New York, que procurou privacidade na ilha para se dedicar às pesquisas e experiências genéticas com animais e homens, dando origem a um grotesco ser mutante. Inevitavelmente, o novo hóspede acaba tendo um romance com a carente esposa solitária e insatisfeita do cientista, Frances (a dinamarquesa Greta Thyssen), cujo marido cirurgião está mais preocupado com seu trabalho, no desenvolvimento de uma raça de homens perfeitos, gerados a partir de uma pantera negra e através da descoberta de um composto químico capaz de controlar o tamanho do cérebro, transformando a matéria viva.
Porém, a “criatura sangrenta” consegue fugir do laboratório, entre uma cirurgia e outra, fazendo vítimas fatais em quem atravessasse seu caminho, como o ajudante do cientista, Walter Perrera (Oscar Keesee Jr.), e uma criada, Selene (Lilio Duran), que vive na casa com seu irmão pequeno Tiago (Peyton Keesee). E, após seqüestrar Frances se refugiando na floresta, o Dr. Girard e o visitante náufrago partem em seu encalço para salvar a mulher das garras da besta assassina.     

O filme, com fotografia em preto e branco e apenas 82 minutos de duração, é uma produção das Filipinas, e foi realizado com um orçamento minúsculo. No roteiro, temos o “cientista louco” obcecado em contribuir para o bem da humanidade, e seu assistente que mais tarde não concorda com os resultados das experiências, além do mocinho (alguém que surge para tentar se opor às barbaridades científicas do vilão), e da mocinha (uma mulher infeliz com o casamento e à espera de alguém para salvá-la). Não poderia faltar também o monstro (interpretado por Flory Carlos), que no caso é uma fera gerada através de inúmeros procedimentos cirúrgicos, e que obviamente escapa e volta-se contra o criador em busca de vingança.
A história original de H. G. Wells é famosa e cultuada, explorando um argumento bem interessante, principalmente para a época em que foi escrita, há mais de um século atrás, apresentando um cientista na criação de uma raça mutante, transformando animais em homens. E diante de todas as limitações impostas pela produção barata, o que mais importa é que “Criatura Sangrenta” até consegue atingir seu objetivo de entreter os apreciadores de filmes bagaceiros, ou seja, todos aqueles que sabem antecipadamente o que irão encontrar num filme com essas características: vários defeitos facilmente notáveis, com imagens muito escuras em algumas cenas noturnas, maquiagem tosca do monstro, edição ineficiente e cheia de cortes bruscos, elenco inexpressivo, diálogos banais, desfecho previsível e roteiro superficial.      

 “Criatura Sangrenta” foi lançado em DVD no Brasil pela “Fantasy Music” em Setembro de 2006, na coleção “Sessão da Meia-Noite”, trazendo no mesmo DVD a tranqueira “O Lobisomem no Quarto das Garotas” (Lycanthropus / Werewolf in a Girl´s Dormitory, 1962), de Richard Benson (pseudônimo do diretor italiano Paolo Heusch). Infelizmente, a qualidade das imagens apresentadas no DVD é ruim, com algumas manchas, riscos e imperfeições que parecem causados por deterioração e má conservação dos originais.

(Juvenatrix - 04/11/2006)



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