A franquia da “Mosca” é composta por uma trilogia
formada por “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958), seguido por “O Monstro
de Mil Olhos” (Return of the Fly, 1959), e fechando a saga com “A Maldição da Mosca” (Curse of the Fly,
1965), com fotografia em preto e branco e estrelado por Brian Donlevy, lançado
em DVD no Brasil pela “Fox”. Depois, muitos anos mais tarde, o cineasta David
Cronenberg fez a refilmagem “A Mosca” (The Fly, 1986), investindo pesado no
sangue, escatologia e efeitos especiais nojentos, que foi seguido por “A Mosca
II” (The Fly II, 1989), uma seqüência dispensável.
No terceiro filme da série, com direção de Don Sharp,
o filho do cientista da película original de 1958, Henri Delambre (Brian Donlevy),
continua trabalhando no projeto de teletransporte da matéria, aperfeiçoando a
máquina para enviar seres humanos entre Quebec (Canadá), onde fica baseado um
laboratório mantido por seu filho Martin (George Baker), e Londres
(Inglaterra), no laboratório administrado pelo outro filho, Albert (Michael
Graham). Henri está obcecado em obter sucesso nas experiências, tanto que
cobaias humanas foram utilizadas e se transformaram em monstros mutantes por
causa de falhas técnicas, mantidas aprisionadas na fazenda do cientista. Ele
também tem que enfrentar a desaprovação de seus filhos, que querem ter uma vida
comum, montando suas famílias, e que estão cansados de continuar a saga de
gerações atrás do sonho (ou será pesadelo?) do teletransporte, o que já causou
muitos transtornos e tragédias no passado. Os problemas aumentaram ainda mais
depois que Martin, numa viagem a Montreal para comprar um equipamento
científico, encontrou a bela jovem Patricia Stanley (Carole Gray), que estava
fugindo de um hospital psiquiátrico onde se tratava de um distúrbio emocional,
e se apaixonou pela garota trazendo-a consigo para se casar. A moça acabou
descobrindo as vítimas deformadas das experiências e chamou a atenção da
polícia, que estava em seu encalço, que veio novamente atrapalhar os planos do
cientista.
Particularmente, aprecio muito os filmes de “cientista
loucos” obcecados por seus trabalhos para o “bem da humanidade”, tornando-se
tão concentrados em seus objetivos que perdem os escrúpulos, cometendo crimes
para alcançar resultados. É como diz o cientista Henri Delambre em duas
oportunidades: “Somos cientistas. Temos
de fazer coisas que odiamos e que nos enojam...” e “Há sacrifícios humanos em todos os grandes avanços científicos...”.
E em “A Maldição da Mosca”, a idéia principal continua o foco na tão sonhada
máquina que permitiria o transporte de seres vivos entre pontos distantes do
planeta, através da desintegração e reintegração da matéria, e que por falhas
ainda a serem corrigidas, tem causado mutações nas pessoas que participaram dos
testes.
Curiosamente, nesse terceiro filme aparece numa ponta
o Inspetor Charas (Charles Carson), que foi o policial que investigou o caso em
“A Mosca da Cabeça Branca” (aqui, interpretado por Herbert Marshall), criando
mais uma ponte de ligação entre os filmes.
Também por curiosidade e apenas para registro, seguem
abaixo pequenos comentários sobre os outros quatro filmes dentro desse mesmo
universo ficcional:
* “A Mosca da
Cabeça Branca”: com direção de Kurt Neumann, fotografia a cores, um elenco
formado por David Hedison (o Capitão Lee Crane da série de TV dos anos 60
“Viagem ao Fundo do Mar”) e o ícone do horror Vincent Price, e inspirado num
conto de George Langelaan, esse filme é um clássico do subgênero “cientista
louco” e “homem transformado em monstro”. Quando o cientista Andre Delambre
(Hedison), pioneiro nas experiências de teletransporte de matéria, utilizou a
si mesmo como cobaia, ocorreu um acidente e ele teve seu corpo misturado ao de
uma mosca intrusa na cabine. Transformou-se num monstro com cabeça e uma das
patas da mosca, e o inseto fugiu com uma cabeça e braço humanos. Lançado em DVD
no Brasil pela “Fox”.
* “O Monstro de
Mil Olhos”: em preto e branco e novamente com Vincent Price, nessa
seqüência o filho do cientista do original, Phillipe Delambre (Brett Halsey),
com a ajuda do tio François (Price), retoma as experiências de teletransporte
novamente criando um monstro metade homem metade mosca. O filme falha por
praticamente manter a mesma história do original, investindo exclusivamente no
drama do filho do cientista transformado numa criatura mutante. Enquanto no
filme anterior, o monstro é pouco mostrado, aqui ele é o foco do roteiro, sem
inovações.
* “A Mosca”:
ótima nova versão do clássico de 1958, atualizado para os anos 80 por David
Cronenberg, com uma overdose de cenas sangrentas e efeitos especiais
interessantes. Agora o cientista é Seth Brundle (Jeff Goldblum) que se
transforma num monstro após o fracasso de uma experiência de teletransporte.
Sua namorada Veronica Quaife (Geena Davis) tenta em vão ajuda-lo.
* “A Mosca II”:
o filho do cientista do filme de 1986, Martin Brundle (Eric Stoltz) retoma as
experiências do pai, novamente com resultados desastrosos. Filme menor e que
poderia ter sido evitado, não acrescentando nada à saga, sendo facilmente
esquecido depois de visto.
(Juvenatrix - 20/08/2009)
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