quinta-feira, 18 de junho de 2020

A Maldição da Mosca (Curse of the Fly, Inglaterra, 1965, PB)



A franquia da “Mosca” é composta por uma trilogia formada por “A Mosca da Cabeça Branca” (The Fly, 1958), seguido por “O Monstro de Mil Olhos” (Return of the Fly, 1959), e fechando a saga com “A Maldição da Mosca” (Curse of the Fly, 1965), com fotografia em preto e branco e estrelado por Brian Donlevy, lançado em DVD no Brasil pela “Fox”. Depois, muitos anos mais tarde, o cineasta David Cronenberg fez a refilmagem “A Mosca” (The Fly, 1986), investindo pesado no sangue, escatologia e efeitos especiais nojentos, que foi seguido por “A Mosca II” (The Fly II, 1989), uma seqüência dispensável.

No terceiro filme da série, com direção de Don Sharp, o filho do cientista da película original de 1958, Henri Delambre (Brian Donlevy), continua trabalhando no projeto de teletransporte da matéria, aperfeiçoando a máquina para enviar seres humanos entre Quebec (Canadá), onde fica baseado um laboratório mantido por seu filho Martin (George Baker), e Londres (Inglaterra), no laboratório administrado pelo outro filho, Albert (Michael Graham). Henri está obcecado em obter sucesso nas experiências, tanto que cobaias humanas foram utilizadas e se transformaram em monstros mutantes por causa de falhas técnicas, mantidas aprisionadas na fazenda do cientista. Ele também tem que enfrentar a desaprovação de seus filhos, que querem ter uma vida comum, montando suas famílias, e que estão cansados de continuar a saga de gerações atrás do sonho (ou será pesadelo?) do teletransporte, o que já causou muitos transtornos e tragédias no passado. Os problemas aumentaram ainda mais depois que Martin, numa viagem a Montreal para comprar um equipamento científico, encontrou a bela jovem Patricia Stanley (Carole Gray), que estava fugindo de um hospital psiquiátrico onde se tratava de um distúrbio emocional, e se apaixonou pela garota trazendo-a consigo para se casar. A moça acabou descobrindo as vítimas deformadas das experiências e chamou a atenção da polícia, que estava em seu encalço, que veio novamente atrapalhar os planos do cientista.

Particularmente, aprecio muito os filmes de “cientista loucos” obcecados por seus trabalhos para o “bem da humanidade”, tornando-se tão concentrados em seus objetivos que perdem os escrúpulos, cometendo crimes para alcançar resultados. É como diz o cientista Henri Delambre em duas oportunidades: “Somos cientistas. Temos de fazer coisas que odiamos e que nos enojam...” e “Há sacrifícios humanos em todos os grandes avanços científicos...”. E em “A Maldição da Mosca”, a idéia principal continua o foco na tão sonhada máquina que permitiria o transporte de seres vivos entre pontos distantes do planeta, através da desintegração e reintegração da matéria, e que por falhas ainda a serem corrigidas, tem causado mutações nas pessoas que participaram dos testes.

Curiosamente, nesse terceiro filme aparece numa ponta o Inspetor Charas (Charles Carson), que foi o policial que investigou o caso em “A Mosca da Cabeça Branca” (aqui, interpretado por Herbert Marshall), criando mais uma ponte de ligação entre os filmes.
Também por curiosidade e apenas para registro, seguem abaixo pequenos comentários sobre os outros quatro filmes dentro desse mesmo universo ficcional:
* “A Mosca da Cabeça Branca”: com direção de Kurt Neumann, fotografia a cores, um elenco formado por David Hedison (o Capitão Lee Crane da série de TV dos anos 60 “Viagem ao Fundo do Mar”) e o ícone do horror Vincent Price, e inspirado num conto de George Langelaan, esse filme é um clássico do subgênero “cientista louco” e “homem transformado em monstro”. Quando o cientista Andre Delambre (Hedison), pioneiro nas experiências de teletransporte de matéria, utilizou a si mesmo como cobaia, ocorreu um acidente e ele teve seu corpo misturado ao de uma mosca intrusa na cabine. Transformou-se num monstro com cabeça e uma das patas da mosca, e o inseto fugiu com uma cabeça e braço humanos. Lançado em DVD no Brasil pela “Fox”.
* “O Monstro de Mil Olhos”: em preto e branco e novamente com Vincent Price, nessa seqüência o filho do cientista do original, Phillipe Delambre (Brett Halsey), com a ajuda do tio François (Price), retoma as experiências de teletransporte novamente criando um monstro metade homem metade mosca. O filme falha por praticamente manter a mesma história do original, investindo exclusivamente no drama do filho do cientista transformado numa criatura mutante. Enquanto no filme anterior, o monstro é pouco mostrado, aqui ele é o foco do roteiro, sem inovações.
* “A Mosca”: ótima nova versão do clássico de 1958, atualizado para os anos 80 por David Cronenberg, com uma overdose de cenas sangrentas e efeitos especiais interessantes. Agora o cientista é Seth Brundle (Jeff Goldblum) que se transforma num monstro após o fracasso de uma experiência de teletransporte. Sua namorada Veronica Quaife (Geena Davis) tenta em vão ajuda-lo.
* “A Mosca II”: o filho do cientista do filme de 1986, Martin Brundle (Eric Stoltz) retoma as experiências do pai, novamente com resultados desastrosos. Filme menor e que poderia ter sido evitado, não acrescentando nada à saga, sendo facilmente esquecido depois de visto.

(Juvenatrix - 20/08/2009)




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