“Jasão e os Argonautas” (Jason and the Argonauts, 1963), que também
é conhecido no Brasil como “Jasão e o Velo de Ouro”, título que recebeu quando
foi exibido na televisão, é um daqueles filmes antigos de puro entretenimento
que passavam na saudosa “Sessão da Tarde” da TV Globo. Na época em que eram
exibidas preciosidades do cinema fantástico como “O Planeta dos Macacos”
(1968), “Viagem Fantástica” (1966), “Robur, o Conquistador do Mundo” (1961), “Destino: Lua”
(1951), “Jornada ao Centro do Tempo” (1968), “Viagem ao Centro da Terra”
(1959), entre outras.
Com direção de Don Chaffey e co-produção
entre Estados Unidos e Inglaterra, o filme é muito conhecido entre os
apreciadores do cinema fantástico do passado, principalmente por causa dos
excepcionais efeitos especiais de Ray Harryhausen (1920 / 2013), um mestre na
concepção de criaturas que ganham vida com a técnica de “stop motion”.
Na divertida história inspirada na
mitologia grega, Jasão (Todd Armstrong), é o herdeiro do trono de Tessália, e
pretende assumir o seu posto vinte anos depois que seu pai foi assassinado e o
reino tomado por Pelias (Douglas Wilmer). Porém, Jasão acaba participando de um
jogo manipulado pelos deuses do Olimpo, Zeus (Niall MacGinnis) e Hera (Honor
Blackman), e reúne um grupo de guerreiros gregos que partem num navio de guerra
para o fim do mundo. O objetivo é se apossar de um valioso artefato, o “Velo de
Ouro” do título alternativo, um presente dos deuses para o reino de Cólquida, e
que garante paz e prosperidade para o povo que o possuir.
No tortuoso caminho, Jasão e os
argonautas, os tripulantes da nau “Argos” (mesmo nome de seu proprietário,
interpretado por Laurence Naismith), recebem a ajuda limitada de Hera, a rainha
dos deuses, e enfrentam grandes perigos que ameaçam suas vidas. Incluindo um
gigante de bronze (“Talos”), guardião dos tesouros dos deuses numa ilha
escondida; demônios alados (“harpias”), que atormentam um velho cego, Hermes
(Michael Gwynn), que sabe como chegar ao destino final da expedição; um
desmoronamento mortal na passagem do navio por um estreito das “Rochas
Estrondosas”; um monstro de sete cabeças (“hidra”), que protege o “velo de
ouro” de saqueadores; e finalmente um grupo de esqueletos guerreiros invocados
do mundo dos mortos por vingança pelo rei Aeetes (Jack Gwillim).
Além ainda de enfrentar a traição de
Acastus (Gary Raymond), filho de Pelias, infiltrado na expedição. Mas, para
compensar a imensa quantidade de desafios mortais em sua jornada, Jasão
encontra a bela Medea (Nancy Kovack), resgatada de um naufrágio e que o ajudou
na localização do desejado “velo de ouro”.
“Jasão e os Argonautas” é um clássico “B”
da Fantasia com elementos de Horror, com uma história extremamente divertida e
sem compromisso com a realidade, um mergulho no escapismo que traz a simples
satisfação do entretenimento. Mas, o que principalmente faz do filme algo que
fica guardado num lugar especial na memória, se destacando de tantos outros
similares, são as criaturas animadas pelo mestre em “stop motion” Ray
Harryhausen. Os efeitos de qualidade impecável são obtidos com um trabalho
árduo na captação dos movimentos quadro a quadro da miniaturas dos monstros,
com um resultado impressionante para a época da produção, e que desperta admiração
até hoje. Particularmente, acho essa técnica mais interessante que os efeitos
do cinema moderno com imagens geradas por computador, que muitas vezes soam tão
artificiais que depreciam os filmes.
Um destaque certamente é a fascinante
batalha de três argonautas com um pequeno exército de sete esqueletos criados
em “stop motion”, sendo um dos melhores trabalhos de toda a bem sucedida
carreira de Ray Harryhausen. Essa sequência serviu de inspiração para os
esqueletos de “Uma Noite Alucinante 3” (1992), terceiro filme da trilogia “Evil
Dead”, de Sam Raimi.
Seguem algumas pequenas curiosidades. O
filme teve um final aberto, com um gancho para a continuação que não aconteceu.
Com o fim da perigosa jornada de Jasão, surgiu uma vasta variedade de
possibilidades para o herói, infelizmente não exploradas. O ator Todd Armstrong
(1937 / 1992), que interpretou Jasão, teve uma carreira curta e “Jasão e os
Argonautas” foi seu único trabalho relevante. Sua parceira em cena, Nancy
Kovack, que fez a mocinha Medea, aparece pouco, somente a partir do último ato,
apesar de seu nome figurar em destaque nos créditos.
(Juvenatrix – 10/06/20)
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