“Há muitos anos atrás,
quando o planeta Krypton, lar de uma raça de super homens, explodiu no espaço,
o único sobrevivente foi um menino que veio para a Terra, com poderes e
habilidades muito superiores a dos homens mortais. Hoje o menino é um adulto
conhecido como Super Homem. Para ajuda-lo em sua batalha sem fim contra as
forças do mal, ele se disfarça de Clark Kent, um discreto repórter de um grande
jornal de Metrópolis. Ninguém sabe que Kent é o Super Homem, corajoso defensor
da verdade, da justiça e da América.”
Com essa introdução narrada
inicia-se o filme de aventura com elementos de fantasia e ficção científica
“Superman and the Mole-Men”, produção em preto e branco de 1951 que numa
tradução literal seria “Super Homem e os Homens-Toupeira”. Curto, com apenas 58
minutos de duração, o filme é bem ruim, principalmente pela história ingênua e
previsível demais, cheia de clichês óbvios e cansativos (mesmo para aquela
distante época), e pelos efeitos hilários de tão bagaceiros.
Com direção de Lee Sholem, a
história mostra a pequena cidade de Silsby, que é conhecida pelo poço de
petróleo mais profundo do mundo. Os repórteres do jornal “Planeta Diário”, Lois
Lane (Phyllis Coates) e Clark Kent (George Reeves, que morreu com apenas 45
anos), foram escalados para viajar até a cidade e fazer uma matéria sobre o
assunto. Porém, eles são mal recebidos pelo supervisor do campo de petróleo,
Bill Corrigan (Walter Reed), que informa que o poço está fechado, contrariando
até o responsável pelas relações públicas da empresa, John Craig (Ray Walker),
que não sabia desse fato e acompanhava os jornalistas na visita monitorada.
Entretanto, os repórteres
ainda ganhariam um assunto interessante e no mínimo incomum para sua matéria,
depois que dois pequenos seres estranhos parecidos com toupeiras (daí a
motivação para o título original “mole-men”), decidiram sair de suas tocas num
mundo subterrâneo através de uma escotilha no poço de petróleo, e investigar
por curiosidade o mundo dos humanos acima do solo.
As criaturas são mal
recebidas pelos moradores da cidade, e liderados pelo prepotente Luke Benson
(Jeff Corey), começam a caçar mortalmente os invasores com a ajuda de cães
farejadores. Resta ao herói Super Homem a tarefa de impedir a chacina e salvar
os homens toupeira, restabelecendo a ordem e justiça na cidade.
O filme especula que o
centro da Terra é oco e que o profundo poço de petróleo permitiu a entrada de
uma raça de criaturas parecidas com toupeiras radioativas na superfície do
planeta. Elas são inofensivas, mas são confundidas como seres hostis, ameaçadores
e perigosos, validando a ideia extremamente explorada no cinema fantástico
sobre a intolerância da humanidade contra tudo que desconhece, sempre adotando reações
ofensivas antes de avaliar a situação com mais inteligência. As criaturas inevitavelmente
tornaram-se vítimas dos homens da superfície, sendo perseguidas e caçadas
violentamente.
A história é tão ingênua e
recheada de situações óbvias e previsíveis, que fica difícil despertar algum
interesse no espectador. E os efeitos bagaceiros ao extremo, típicos de uma
produção de baixíssimo orçamento e com as dificuldades técnicas da época, apenas
ajudaram a tornar o filme ainda mais ruim. Normalmente, para os apreciadores de
filmes bagaceiros, os efeitos toscos fazem parte da diversão junto com as histórias
exageradas no escapismo e fantasia, mas no caso de “Superman and the Mole-Men”,
o roteiro banal de super herói junto com os efeitos ruins tornaram o resultado
final bem decepcionante.
As criaturas do centro da
Terra são anões fantasiados de forma hilária, usando uma espécie de touca na
cabeça para simular a falta de cabelos na parte central, e com sobrancelhas
grossas e mãos peludas, tentando passar a ideia de seres com corpo de marmota e
rostos humanoides. Entre os “efeitos especiais”, vale destacar uma cena que
provavelmente está entre as mais toscas que já vi no cinema fantástico
bagaceiro, e posso garantir que já vi muita porcaria do gênero: o resgate de um
homem toupeira baleado, caindo do alto de uma barragem e sendo salvo no ar pelo
super homem.
Para completar, ainda temos
um xerife extremamente incompetente, interpretado por Stanley Andrews, que não
tem autoridade na pequena cidade e é facilmente dominado pelos habitantes
revoltosos contra as criaturas do subterrâneo. Aliás, os homenzinhos tentam se
vingar da má receptividade dos humanos utilizando uma enorme arma de raios que
quase não conseguem carregar, que é risível de tão bizarra.
(Juvenatrix – 21/09/17)
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