domingo, 17 de setembro de 2017

Mistério no Bosque / Olhos na Floresta (The Watcher in the Woods, EUA, 1980)


A produtora “Walt Disney”, conhecida pelas animações e filmes com humor e histórias voltadas para a família, também tem a sua contribuição para o gênero fantástico, representado por “Mistério no Bosque” (1980), uma mistura de horror, assombração, suspense, mistério e até ficção científica. A direção é do inglês John Hough, que tem em seu currículo “As Filhas de Drácula” (1971), da “Hammer” e com o ícone Peter Cushing, e o clássico de casa assombrada “A Casa da Noite Eterna” (1973), com Roddy McDowall.
Uma família se muda para um antigo casarão no interior da Inglaterra, isolado e cercado por uma floresta. Temos o pai músico Paul Curtis (o escocês David McCallum, rosto conhecido pela série de TV dos anos 70 “O Homem Invisível”), a mãe escritora Helen (Carroll Baker) e as duas filhas, a adolescente Jan (Lynn-Holly Johnson) e a pequena Ellie (Kyle Richards). A mansão pertence à idosa mal humorada Sra. Aylwood, interpretada por Bette Davis (1908 / 1989), veterana com vários filmes de horror na carreira como o clássico “O Que Aconteceu Com Baby Jane?” (1962). 
Porém, um mistério ronda a região, com o desaparecimento 30 anos atrás da adolescente Karen (Katharine Levy), filha da Sra. Aylwood, em circunstâncias estranhas durante um raro eclipse solar, e que nunca foram solucionadas. Um segredo obscuro também envolve outros moradores das redondezas como o sinistro John Keller (Ian Bannen), o ermitão Tom Colley (Richard Pasco), e Mary Fleming (Frances Cuka), mãe do adolescente Mike (Benedict Taylor), amigo de Jan, e vizinho que trabalha com frutas e legumes.
Para complicar ainda mais as coisas, a família recém chegada precisa lidar com a ocorrência de constantes situações perturbadoras como ruídos, vozes e visões fantasmagóricas de uma menina com os olhos vendados, desesperada pedindo ajuda. Além de sensações desconfortáveis como se os novos moradores estivessem sendo observados à espreita (daí o título original), tanto no interior da enorme casa quanto principalmente no bosque sinistro, em relatos das filhas que revelam habilidades sensitivas.  
“Mistério no Bosque” é um filme comum sobre casas e florestas assombradas, com todos os velhos clichês e elementos do estilo, que ainda assim continuam funcionando sem muita exigência. Uma diferença notável que lhe confere certo destaque é a sempre bem vinda presença de Bette Davis no elenco, mesmo numa participação menor, e o fato de ser uma produção da “Walt Disney”, cujo nome está sempre associado às animações e filmes infanto-juvenis de aventura, comédia e dramas familiares, sem ligação com o horror.
Entre as diversas curiosidades interessantes, vale destacar que o final original do filme lançado em 1980 foi considerado muito sombrio e não foi bem recebido na época. Então os realizadores optaram por relançar o filme um ano depois em 1981, com outro final mais leve e explicativo, que teve a direção não creditada de Vincent McEveety. Particularmente, o final original e depois censurado é muito melhor e mais interessante, com ótimos efeitos especiais típicos daquele período e com uma associação mais efetiva com os elementos de ficção científica da história.
O filme foi baseado no livro “A Watcher in the Woods” (na tradição literal, “Um Observador na Floresta”, publicado em 1976 e escrito por Florence Engel Randall. A película recebeu dois nomes no Brasil, “Mistério no Bosque” na exibição nos cinemas e “Olhos na Floresta” no lançamento em vídeo VHS. Em 2017, ganhou uma refilmagem dirigida por Melissa Joan Hart e com Anjelica Houston liderando o elenco.
Boa parte das locações são as mesmas do clássico “Desafio ao Além” (The Haunting, 1963), de Robert Wise, um dos principais filmes de casas assombradas da história do cinema de horror.
(Juvenatrix – 17/09/17)

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