A produtora “Walt Disney”,
conhecida pelas animações e filmes com humor e histórias voltadas para a
família, também tem a sua contribuição para o gênero fantástico, representado
por “Mistério no Bosque” (1980), uma mistura de horror, assombração, suspense, mistério
e até ficção científica. A direção é do inglês John Hough, que tem em seu
currículo “As Filhas de Drácula” (1971), da “Hammer” e com o ícone Peter
Cushing, e o clássico de casa assombrada “A Casa da Noite Eterna” (1973), com
Roddy McDowall.
Uma família se muda para um antigo
casarão no interior da Inglaterra, isolado e cercado por uma floresta. Temos o
pai músico Paul Curtis (o escocês David McCallum, rosto conhecido pela série de
TV dos anos 70 “O Homem Invisível”), a mãe escritora Helen (Carroll Baker) e as
duas filhas, a adolescente Jan (Lynn-Holly Johnson) e a pequena Ellie (Kyle
Richards). A mansão pertence à idosa mal humorada Sra. Aylwood, interpretada
por Bette Davis (1908 / 1989), veterana com vários filmes de horror na carreira
como o clássico “O Que Aconteceu Com Baby Jane?” (1962).
Porém, um mistério ronda a
região, com o desaparecimento 30 anos atrás da adolescente Karen (Katharine
Levy), filha da Sra. Aylwood, em circunstâncias estranhas durante um raro
eclipse solar, e que nunca foram solucionadas. Um segredo obscuro também
envolve outros moradores das redondezas como o sinistro John Keller (Ian
Bannen), o ermitão Tom Colley (Richard Pasco), e Mary Fleming (Frances Cuka),
mãe do adolescente Mike (Benedict Taylor), amigo de Jan, e vizinho que trabalha
com frutas e legumes.
Para complicar ainda mais as
coisas, a família recém chegada precisa lidar com a ocorrência de constantes situações
perturbadoras como ruídos, vozes e visões fantasmagóricas de uma menina com os
olhos vendados, desesperada pedindo ajuda. Além de sensações desconfortáveis como
se os novos moradores estivessem sendo observados à espreita (daí o título
original), tanto no interior da enorme casa quanto principalmente no bosque
sinistro, em relatos das filhas que revelam habilidades sensitivas.
“Mistério no Bosque” é um
filme comum sobre casas e florestas assombradas, com todos os velhos clichês e
elementos do estilo, que ainda assim continuam funcionando sem muita exigência.
Uma diferença notável que lhe confere certo destaque é a sempre bem vinda
presença de Bette Davis no elenco, mesmo numa participação menor, e o fato de
ser uma produção da “Walt Disney”, cujo nome está sempre associado às animações
e filmes infanto-juvenis de aventura, comédia e dramas familiares, sem ligação
com o horror.
Entre as diversas
curiosidades interessantes, vale destacar que o final original do filme lançado
em 1980 foi considerado muito sombrio e não foi bem recebido na época. Então os
realizadores optaram por relançar o filme um ano depois em 1981, com outro
final mais leve e explicativo, que teve a direção não creditada de Vincent
McEveety. Particularmente, o final original e depois censurado é muito melhor e
mais interessante, com ótimos efeitos especiais típicos daquele período e com
uma associação mais efetiva com os elementos de ficção científica da história.
O filme foi baseado no livro
“A Watcher in the Woods” (na tradição literal, “Um Observador na Floresta”,
publicado em 1976 e escrito por Florence Engel Randall. A película recebeu dois
nomes no Brasil, “Mistério no Bosque” na exibição nos cinemas e “Olhos na Floresta”
no lançamento em vídeo VHS. Em 2017, ganhou uma refilmagem dirigida por Melissa
Joan Hart e com Anjelica Houston liderando o elenco.
Boa parte das locações são
as mesmas do clássico “Desafio ao Além” (The Haunting, 1963), de Robert Wise,
um dos principais filmes de casas assombradas da história do cinema de horror.
(Juvenatrix – 17/09/17)
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