quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

A Criatura da Mão Azul (Creature With the Blue Hand / Die blaue Hand, Alemanha Ocidental, 1967)


A Criatura da Mão Azul” é mais um filme que surpreendentemente foi lançado no mercado brasileiro de vídeo VHS, distribuído pela obscura “MBA Home Vídeo”. Trata-se de uma produção da Alemanha Ocidental (na época conturbada dos anos 60 a Alemanha era dividida por questões políticas e a unificação somente ocorreu em 1990), com uma típica história de detetive com sutis elementos de horror nas ações de um assassino misterioso usando uma luva de ferro com dedos pontudos em lâminas afiadas para penetrar na carne de suas vítimas. Na Alemanha, esse sub-gênero de suspense policial é conhecido como “krimi”, equivalente aos “giallos” italianos”.
Essa arma conhecida como “mão azul” (do título), fazia parte de uma armadura medieval de guerra.  Curiosamente, podemos considerar essa ideia como precursora ou inspiração para a luva de facas do popular psicopata Freddy Krueger, criado pelo cineasta Wes Craven para a cultuada franquia “A Hora do Pesadelo”.
Com direção de Alfred Vohrer e Samuel M. Sherman (este não creditado), o roteiro foi baseado em história do escritor inglês Edgar Wallace (1875 / 1932), especialista em argumentos policiais e de mistério, e conhecido pela ideia conceitual do popular “King Kong”, o macaco gigantesco que apareceu em inúmeros filmes. Em “A Criatura da Mão Azul”, ambientado em Londres, Inglaterra, temos um homem condenado à prisão por assassinato, David Donald Emerson (Klaus Kinski), que alega inocência. Misteriosamente, ele é ajudado a fugir do manicômio judiciário dirigido pelo suspeito Dr. Albert Mangrove (Carl Lange), e retorna para a mansão sinistra de sua família rica, que fica nas proximidades do presídio.
Lá chegando, ele encontra seu irmão gêmeo Richard, que desaparece, assumindo seu lugar. Paralelamente, começa a ocorrer mortes misteriosas no interior do imenso casarão com estilo gótico, que é repleto de portas escondidas e passagens secretas para ambientes ocultos, com a identidade do assassino escondida por debaixo de um manto preto e utilizando a luva de pontas. Assustando seus moradores, como o aristocrático e igualmente enigmático mordomo Anthony (Albert Bessler) e os membros da família como a matriarca Lady Emerson (Ilse Steppat), e os irmãos do presidiário fugitivo, Robert e Charles (Peter Parten e Thomas Danneberg, respectivamente), além da jovem irmã Myrna (Diana Korner). As mortes em série despertam a atenção da polícia, sob a liderança das investigações pelo Inspetor Craig (Harald Leipnitz), da Scotland Yard, que recebe o auxílio esporádico de Sir John (Siegfried Schurenberg).
O filme tem um ritmo bastante ágil, com ações praticamente ininterruptas alternando momentos entre os ataques do maníaco e os assassinatos, com a condução das investigações da polícia, especulando a ideia de uma conspiração com vários suspeitos e a tentativa de surpresa na revelação da identidade da “criatura da mão azul”. Mas, tem algumas tentativas de humor que poderiam ser evitadas e a trilha sonora escolhida nas cenas de perseguição é muita estranha, minimizando a atmosfera de tensão. O grande nome do elenco, o polonês Klaus Kinski (1926 / 1991) poderia ser mais aproveitado, com maior presença apenas na primeira metade do filme.  
Curiosamente, recebeu outro nome alternativo, “The Bloody Dead”, que é um título exagerado e que seria mais apropriado para um filme de horror sangrento, que não é o caso aqui. Esse outro nome foi escolhido para o mercado americano de vídeo, numa versão com diferenças como cortes e também acréscimos de cenas adicionais, com redução na metragem final passando de 87 para 74 minutos (P.S.: aliás, essa versão reduzida é a que eu assisti).
(Juvenatrix – 02/02/17)

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