“A Criatura da Mão Azul”
é mais um filme que surpreendentemente foi lançado no mercado brasileiro de
vídeo VHS, distribuído pela obscura “MBA Home Vídeo”. Trata-se de uma produção
da Alemanha Ocidental (na época conturbada dos anos 60 a Alemanha era dividida
por questões políticas e a unificação somente ocorreu em 1990), com uma típica
história de detetive com sutis elementos de horror nas ações de um assassino
misterioso usando uma luva de ferro com dedos pontudos em lâminas afiadas para
penetrar na carne de suas vítimas. Na Alemanha, esse sub-gênero de suspense
policial é conhecido como “krimi”, equivalente aos “giallos” italianos”.
Essa arma conhecida como
“mão azul” (do título), fazia parte de uma armadura medieval de guerra. Curiosamente, podemos considerar essa ideia
como precursora ou inspiração para a luva de facas do popular psicopata Freddy
Krueger, criado pelo cineasta Wes Craven para a cultuada franquia “A Hora do
Pesadelo”.
Com direção de Alfred
Vohrer e Samuel M. Sherman (este não creditado), o roteiro foi baseado em
história do escritor inglês Edgar Wallace (1875 / 1932), especialista em
argumentos policiais e de mistério, e conhecido pela ideia conceitual do
popular “King Kong”, o macaco gigantesco que apareceu em inúmeros filmes. Em “A
Criatura da Mão Azul”, ambientado em Londres, Inglaterra, temos um homem
condenado à prisão por assassinato, David Donald Emerson (Klaus Kinski), que
alega inocência. Misteriosamente, ele é ajudado a fugir do manicômio judiciário
dirigido pelo suspeito Dr. Albert Mangrove (Carl Lange), e retorna para a
mansão sinistra de sua família rica, que fica nas proximidades do presídio.
Lá chegando, ele encontra
seu irmão gêmeo Richard, que desaparece, assumindo seu lugar. Paralelamente,
começa a ocorrer mortes misteriosas no interior do imenso casarão com estilo
gótico, que é repleto de portas escondidas e passagens secretas para ambientes
ocultos, com a identidade do assassino escondida por debaixo de um manto preto
e utilizando a luva de pontas. Assustando seus moradores, como o aristocrático
e igualmente enigmático mordomo Anthony (Albert Bessler) e os membros da
família como a matriarca Lady Emerson (Ilse Steppat), e os irmãos do presidiário
fugitivo, Robert e Charles (Peter Parten e Thomas Danneberg, respectivamente),
além da jovem irmã Myrna (Diana Korner). As mortes em série despertam a atenção
da polícia, sob a liderança das investigações pelo Inspetor Craig (Harald
Leipnitz), da Scotland Yard, que recebe o auxílio esporádico de Sir John
(Siegfried Schurenberg).
O filme tem um ritmo
bastante ágil, com ações praticamente ininterruptas alternando momentos entre
os ataques do maníaco e os assassinatos, com a condução das investigações da
polícia, especulando a ideia de uma conspiração com vários suspeitos e a
tentativa de surpresa na revelação da identidade da “criatura da mão azul”. Mas,
tem algumas tentativas de humor que poderiam ser evitadas e a trilha sonora
escolhida nas cenas de perseguição é muita estranha, minimizando a atmosfera de
tensão. O grande nome do elenco, o polonês Klaus Kinski (1926 / 1991) poderia
ser mais aproveitado, com maior presença apenas na primeira metade do filme.
Curiosamente, recebeu
outro nome alternativo, “The Bloody Dead”, que é um título exagerado e que
seria mais apropriado para um filme de horror sangrento, que não é o caso aqui.
Esse outro nome foi escolhido para o mercado americano de vídeo, numa versão com
diferenças como cortes e também acréscimos de cenas adicionais, com redução na
metragem final passando de 87 para 74 minutos (P.S.: aliás, essa versão
reduzida é a que eu assisti).
(Juvenatrix – 02/02/17)
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