A produtora americana
“Universal”, assim como toda empresa que precisa lucrar para manter e continuar
suas atividades, aproveitou a boa receptividade do público com a história do
monstro de Frankenstein (criado pela escritora Mary Shelley em 1818) e explorou
a ideia o máximo possível. “O Fantasma de Frankenstein” (1942) é o quarto filme
da série, após “Frankenstein” (1931), “A Noiva de Frankenstein” (1935) e “O
Filho de Frankenstein” (1939), sendo que nestes três filmes a criatura foi
interpretada pelo lendário Boris Karloff (1887 / 1968), que não repetiu mais o
papel. Em seu lugar foi escalado então outro ícone do cinema de horror, Lon
Chaney Jr. (1906 / 1973), mais conhecido como o “lobisomem” no clássico de
1941.
Em “O Fantasma de
Frankenstein”, dirigido por Erle C. Keaton, a história segue a partir dos
acontecimentos do filme anterior, e o monstro estaria supostamente destruído,
soterrado numa mina de enxofre debaixo da torre do cientista Frankenstein, e o
ajudante Ygor, interpretado pelo húngaro Bela Lugosi (1886 / 1956), o eterno
“Drácula” depois de surgir no filme homônimo de 1931, havia sido cravejado de
balas. Porém, os aldeões do vilarejo estão descontentes com o declínio da
região, alegando influência da maldição de Frankenstein. Nada prospera no local
e então eles conseguem autorização das autoridades para explodir o castelo do
“cientista louco”. Para a surpresa geral, encontram o manco Ygor ainda vivo e ele,
depois da destruição do imenso casarão de pedras, localiza o monstro no
subsolo, preservado pelo enxofre.
Ygor consegue resgatar
seu companheiro e juntos fogem para a cidade de Visaria para procurar o outro
filho de Frankenstein, o médico Ludwig (Cedric Hardwicke), especialista em
doenças mentais. Após uma série de incidentes entre a criatura e os moradores
da cidade, envolvendo também o promotor Erick Ernst (Ralph Bellamy), namorado
de Elsa (Evelyn Ankers, filha de Ludwig Frankenstein), Ygor consegue convencer
o também cientista e seu assistente ressentido Dr. Theodore Bohmer (Lionel
Atwill), a realizarem novas experiências com o monstro, tentando trocar seu
cérebro maligno. O Dr. Ludwig recebe também a influência de uma aparição do
fantasma de seu pai, que aconselha não destruir a criatura feita de restos de
cadáveres humanos.
“No entanto, quase
resolvi um problema que tem confundido o ser humano desde tempos imemoriais: o
segredo da vida criada artificialmente” – fantasma do Barão Henry Frankenstein
Com fotografia em preto e
branco e duração de apenas 67 minutos (era comum naquela época os filmes serem
curtos), “O Fantasma de Frankenstein” desperta interesse quase que
exclusivamente pela atmosfera gótica e pelos atores (Lon Chaney Jr. e Bela
Lugosi sempre tiveram grande relação com o Horror). Enquanto Chaney continua
fazendo do monstro de Frankenstein uma aberração assustadora, numa decisão acertada
em manter os mesmos aspectos visuais da criatura dos filmes anteriores
interpretada por Karloff, o sinistro Ygor de Bela Lugosi também continua
convincente e de extrema importância para os rumos da história.
Por outro lado, o roteiro
pouco contribuiu para esse universo ficcional já bastante explorado, mesmo em 1942. A necessidade de obtenção
de lucros pelos realizadores pressionou os roteiristas, que por sua vez enfrentaram
uma escassez de criação. Eles reciclavam as mesmas ideias, contando histórias
similares com os descendentes do cientista, ressuscitando o monstro e outros
personagens, e utilizando as mesmas motivações e elementos que caracterizaram
os filmes anteriores. O ápice dessa falta de originalidade resultou em vários filmes
“crossover” produzidos em seguida, misturando os monstros “Drácula”, “Lobisomem”
e “Criatura de Frankenstein” numa mesma história, abandonando ainda mais qualquer
regra de coerência.
Por curiosidade, o filme
recebeu primeiramente o título nacional “A Alma de Frankenstein” e depois
também ganhou o mais apropriado “O Fantasma de Frankenstein”. Foi lançado em
DVD tanto pela “Universal” quanto “Dark Side” num programa duplo com o filme
anterior da série, “O Filho de Frankenstein”. E também sozinho, pela
“Continental”.
(Juvenatrix – 05/02/17)
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