O diretor e roteirista espanhol Amando de
Ossorio (1918 / 2001) ficou eternizado na história do cinema de horror
bagaceiro pela realização de quatro filmes sobre mortos-vivos cegos, que eram antigos
cavaleiros templários satanistas. A quadrilogia é composta por “A Noite do
Terror Cego” (La Noche
del Terror Ciego / The Night of the Blind Terror, 1972), “O Retorno dos
Mortos-Vivos” (El Ataque de los Muertos Sin Ojos / The Return of the Evil Dead,
1973), “O Galeão Fantasma” (El Buque Maldito / The Ghost Galleon, 1974) e “A
Noite das Gaivotas” (La Noche
de las Gaviotas / Night of the Seagulls, 1975). E, apesar de todos fazerem
parte do mesmo universo ficcional, os filmes são independentes entre si.
Em “O Galeão Fantasma”, o terceiro filme
da série, a modelo Noemi (Bárbara Rey) está procurando sua amiga desaparecida
Kathy (Blanca Estrada), e descobre com a fotógrafa Lillian (Maria Perschy) que
ela está numa lancha em alto mar, junto com outra modelo, Lorena (Margarita
Merino). Elas estão participando de uma ousada campanha de publicidade dos
iates do empresário Howard Tucker (Jack Taylor). A ideia planejada seria um
resgate no meio do oceano, despertando a atenção da mídia para a resistência
dos barcos de Tucker, que garantiram a segurança delas até o salvamento. Porém,
o plano sai de controle quando a lancha das moças encontra um antigo galeão
holandês do século XVI navegando errante envolto numa névoa fantasmagórica.
Elas sobem à bordo e encontram um cenário desolado e sem tripulantes.
Em paralelo, um grupo parte secretamente
para resgatar as modelos, após conseguirem um contato por rádio onde elas
reportaram o encontro com o navio fantasma. A equipe é formada pelas mulheres
Noemi e Lillian, junto com Tucker, acompanhado do capanga Sergio (Manuel de
Blas) e do cientista Prof. Gruber (Carlos Lemos), um estudioso do misterioso
galeão, que nunca é detectado por radar ou instrumentos de navegação, mas que é
assunto lendário em casos de desaparecimento de pequenos barcos. Eles descobrem
o segredo do misterioso navio fantasma, por um preço que pode custar suas
vidas.
Os zumbis são originários de uma ordem blasfema de
cavaleiros templários que realizavam cultos satânicos, e que conseguiram
dominar a morte por magia, transformando-se em criaturas esqueléticas vestindo capas surradas com capuzes sinistros.
Em “O Galeão Fantasma”, o roteiro de Amando de Ossorio é bem forçado e
inverossímil na forma como as vítimas encontram o navio sobrenatural, com a
premissa de uma inconvincente campanha de marketing para promover o lançamento de
barcos. E tem algumas cenas bagaceiras exageradas como o naufrágio do galeão
sobrenatural num incêndio tosco. A narrativa também é lenta e cansativa em
alguns momentos. Mas, em compensação, temos uma ideia interessante sobre um
navio que vaga sem rumo por uma região quente em outra dimensão (com direito
até para uma citação de homenagem para a cultuada “Zona do Crepúsculo” ou “Além
da Imaginação”, no Brasil). Com seus tripulantes sendo esqueletos mortos-vivos
que saem de seus caixões em busca do sangue dos intrusos de seu território.
Além de várias cenas de perseguições (e uma em especial acompanhada de uma morte
bem violenta), evidenciando uma constante atmosfera sombria e claustrofóbica,
que somente os filmes antigos conseguiam realizar, mesmo com efeitos precários,
sem a artificialidade da computação gráfica do cinema moderno. Um destaque que
merece registro é a cena onde os mortos sem olhos emergem do mar, invadindo uma
praia e contribuindo para um desfecho depressivo memorável.
(Juvenatrix – 07/12/15)
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