Com direção e roteiro de Felix E. Feist,
fotografia em preto e branco e história baseada no conto “O Cérebro de
Donovan”, escrita em 1942 pelo alemão Curt Siodmak, “Experiência Diabólica” é
mais uma daquelas preciosidades do cinema fantástico dos anos 1950. Foi lançado
em DVD no Brasil com o título alternativo de “O Cérebro Maligno” e o conto de
Siodmak já havia sido filmado antes em 1944 com “A Dama e o Monstro”, além de
outra versão em 1962 com o nome “The Brain”.
Na história, temos o tradicional
“cientista louco” que acredita que suas ações são bem intencionadas, sempre
envolvidas em experiências sinistras para ajudar a humanidade. Nesse caso o
papel ficou para o Dr. Patrick J. Cory (Lew Ayres), que é auxiliado pelo também
médico Dr. Frank Schratt (Gene Evans), que aprecia consumir bebidas alcoólicas
em excesso, e ambos contam com a ajuda da enfermeira Janice Cory, esposa do
cientista. A personagem foi interpretada pela atriz Nancy Reagan, creditada
como Nancy Davis, e curiosamente ela foi casada com o ex-presidente americano
Ronald Reagan, que também foi ator.
Eles trabalham com experiências para
manter o cérebro ainda vivo de animais mortos, e utilizam macacos como cobaias.
Porém, ocorre um acidente com um pequeno avião nas proximidades do laboratório
e uma das vítimas é um famoso milionário, William H. Donovan, conhecido pelo
envolvimento em negócios obscuros e sonegação de impostos. Ele é ferido
gravemente no acidente e levado pela polícia para a casa do cientista, que não
consegue salvar sua vida. Mas, a morte do milionário despertou a oportunidade da
realização de uma “experiência diabólica” com a tentativa de manter seu cérebro
vivo, semi mergulhado num tanque com uma solução de nutrientes e ativado com constantes
impulsos elétricos. A experiência é bem sucedida, estimulando o cientista a
tentar comunicação com o cérebro de Donovan. Só que eles não imaginariam as
consequências desastrosas depois que o “cérebro maligno” consegue controlar
telepaticamente o Dr. Cory, manipulando-o para continuar com seus negócios
ilegais, eliminando todos que cruzassem seu caminho, como o fotógrafo
sensacionalista Herbie Yocum (Steve Brodie), que descobriu a experiência e
utilizava-se de chantagem para lucrar com a história.
“Experiência Diabólica” é um típico filme
com orçamento menor do cinema fantástico bagaceiro dos anos 50 do século
passado, explorando uma história exagerada na fantasia e que diverte justamente
por essa fuga da realidade. Um cientista obcecado por seu trabalho, que coloca
de lado a vida social para estudar a possibilidade de um cérebro humano
manter-se vivo, mesmo após a morte de seu corpo, e ainda podendo comunicar-se
por telepatia. E claro, as consequências dessa ideia extravagante seriam
catastróficas pelo fato do cérebro pertencer a um homem sem escrúpulos e
envolvido numa série de atos desonestos que geraram sua fortuna.
Os desfechos da maioria dos filmes com
temáticas semelhantes produzidos nesse período geralmente são parecidos e
positivos, com a ameaça sendo detida e a tensão turbulenta eliminada, dando
espaço para a esperança de dias melhores. Então não é “spoiler” revelar que em
“Experiência Diabólica” o mesmo novamente acontece, e nesse caso seria
interessante e intrigante imaginar como seriam as coisas se o caos prevalecesse
e o “cérebro maligno” conseguisse manter-se vivo e controlando a mente das
pessoas.
(Juvenatrix – 31/10/15)
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