O que se pode esperar de um filme de
zumbis produzido pela “The Asylum”? A resposta somente pode ser uma tranqueira
colossal sem absolutamente nenhuma intenção em apresentar algo diferente de
tudo que já se viu nesse super explorado sub-gênero do cinema de Horror. “A
Invasão Zumbi”, dirigido por Nick Lyon, que também foi o cineasta de outro
filme de mortos-vivos da “The Asylum”, “Apocalipse Zumbi” (2011), certamente
faz parte do que costumo chamar de cinema fantástico bagaceiro do século XXI.
Ele se enquadra na imensa lista de filmes ruins de horror e ficção científica
produzidos nesse início de novo século, onde alguns até divertem um pouco
justamente pelas características bagaceiras. No caso de “A Invasão Zumbi”, uma
das poucas coisas que vale o registro é a curiosidade de apresentar no elenco
dois nomes interessantes que chamam a atenção dos fãs. Temos o veterano Danny
Trejo, com mais de 300 filmes no currículo, e que não se importa nem um pouco
em participar de uma infinidade de porcarias, sempre fazendo papéis de homem
durão com cara feia e portando armas, e também tem a presença de LeVar Burton,
mais conhecido como o Tenente Geordi La Forge da série de TV “Jornada nas Estrelas: A
Nova Geração” (1987 / 1994).
O filme é ambientado na cidade americana de São
Francisco, Estado da Califórnia, onde um apocalipse zumbi instaura o caos
através de um vírus que transforma as pessoas infectadas em mortos-vivos em
busca de carne e sangue. Nesse cenário depressivo, um grupo de sobreviventes
está isolado numa ilha na prisão de Alcatraz, tentando impedir a invasão dos
zumbis e encontrar uma cura para a contaminação. O grupo é formado, entre
outros, pelos cientistas Dra. Lynn Snyder (Mariel Hemingway) e Dr. Dan Halpern
(LeVar Burton), a jovem Ashley (Heather Hemmens), além de homens armados como
Marshall (Ethan Suplee), Capitão Caspian (Danny Trejo) e seu sobrinho de
criação Kyle (Chad Lindberg).
Após os zumbis invadirem Alcatraz, os refugiados deixam
o local na tentativa de encontrarem na cidade o cientista Dr. Arnold (French
Stewart), que está trabalhando numa vacina para curar a contaminação e evitar a
extinção da humanidade. No caminho, eles enfrentam hordas de mortos-vivos
famintos por suas carnes.
Pela sinopse percebe-se claramente o imenso clichê que
é a história, algo já contado tantas vezes, mas que ainda é explorado pelos
produtores picaretas. É a manjada fórmula constituída por infecção desenfreada
pela propagação de um vírus desconhecido, com pessoas isoladas lutando pela
sobrevivência em meio ao caos, e a tentativa de estudar a origem da
contaminação e encontrar uma cura para impedir o extermínio da raça humana. O
filme é ruim não apenas pelo roteiro comum, e sim também pela produção geral,
com o uso exagerado de CGI vagabundo e imensas falhas como o fato das cenas
externas não mostrarem uma cidade destruída por um apocalipse zumbi, não
convencendo como um ambiente de desolação. Ao contrário, é possível até
percebermos uma movimentação normal ao redor. E ainda tem uma tentativa
frustrada com diálogos rasos para discutir conceitos de religião, com a fé do
personagem Marshall na esperança de dias melhores, contra a razão defendida
pela cientista Dra. Snyder, que vê o mundo em decadência crescente. Porém, apesar
do clichê gigantesco da história com a total falta de vontade dos realizadores
em mostrar algo diferente, por menor que seja, é ainda possível com esforço do
espectador e pouca exigência, destacar um sentimento de pessimismo com a morte
violenta de vários personagens, e uma cena tensa envolvendo um bebê
recém-nascido.
“A Invasão Zumbi” é mais uma daquelas bagaceiras que
diverte pouco, e nem a presença do cultuado Danny Trejo consegue evitar que o
destino do filme seja o limbo dos esquecidos.
Curiosamente, tem uma cena copiada de “Dia dos Mortos”
(Day of the Dead, 1985), do mestre George Romero, envolvendo um braço
zumbificado decepado e a forma dolorosa de cauterização da ferida.
(Juvenatrix – 18/10/15)
Nenhum comentário:
Postar um comentário