Bagaceira de ficção científica da
produtora “Allied Artists”, típica dos anos 50 do século passado, um período
fértil para o cinema fantástico com histórias toscas e exageradas na fantasia.
A direção é de Edward Bernds, de outras tranqueiras igualmente divertidas como
“Vinte Milhões de Léguas a Marte” (World Without End, 1956) e “O Monstro de Mil
Olhos” (1959). O roteiro é de Charles Beaumont, baseado na história “Queen of
the Universe”, de Ben Hecht, e em seu currículo fazem parte preciosidades como
“O Castelo Assombrado” (1963) e “A Orgia da Morte” (1964).
A história de “Rebelião dos Planetas” é ambientada
em 1985, e mostra uma expedição enviada num foguete rumo a uma estação espacial
em órbita da Terra. O grupo de astronautas é formado pelo Capitão Neal
Patterson (Eric Fleming) e os Tenentes Mike Cruze (Dave Willock) e Larry Turner
(Patrick Waltz), que estão levando o renomado cientista Prof. Konrad (Paul
Birch). Porém, antes de chegarem ao destino, eles testemunham a destruição da
estação espacial por um misterioso raio desintegrador, e seu foguete é impulsionado
numa velocidade imensa com forte turbulência, aterrissando numa região de neve
de um planeta desconhecido. Eles encontram similaridades com a Terra em termos
de gravidade e ar respirável, e descobrem que estão em Vênus. Decidem abandonar
a nave para explorar o local, chegando numa floresta, onde são surpreendidos e
capturados como prisioneiros por um grupo de belas mulheres.
São levados para uma cidade chamada Kadir,
governada por uma rainha tirana mascarada, Yllana (Laurie Mitchell). Ela
assumiu o poder ao liderar uma revolta após uma terrível guerra contra um
planeta inimigo, escravizando os homens sobreviventes mantendo-os numa colônia
penal num dos satélites do planeta. Seu governo é totalitário e despertou o
interesse por liberdade num motim realizado por um grupo de mulheres lideradas
por Talleah (a húngara Zsa Zsa Gabor), e que se apaixonam pelos homens recém
chegados da Terra, formando uma aliança com eles para derrubar a rainha do
poder.
Com apenas 80 minutos de duração,
“Rebelião dos Planetas” é mais um daqueles filmes exagerados de ficção
científica bagaceira de meados do século XX, uma aventura espacial que desperta
um sentimento de nostalgia daquelas histórias ingênuas que investiam mais em situações
inverossímeis do que na especulação científica. É um filme divertido justamente
por suas características bagaceiras e não por alguma tentativa de contar uma
história séria, fato que não acontece.
É revelado que a ambientação do filme é no
futurístico ano de 1985 para a época de produção e que já é um passado distante
para nossos tempos de início de novo século, e que em 1957 foi o ano do
lançamento do primeiro satélite ao espaço sideral, seguido pelo início da
montagem em 1963 da estação espacial em órbita da Terra.
Tem todos aqueles clichês conhecidos com um
foguete tosco controlado por painéis enormes com luzes piscando, fitas de
gravação, mostradores diversos, botões e alavancas de acionamento. Tem até uma
espécie de televisão toda estilosa acionada por um controle remoto, que mostra
a constante movimentação de mulheres na manutenção de uma poderosa arma de
destruição, geradora de raios desintegradores.
Para aproveitamento de recursos já existentes
e contenção de despesas na produção, foram reaproveitadas várias cenas de
“Vinte Milhões de Léguas a Marte”. Como o foguete viajando com turbulência em
alta velocidade, a aterrissagem na neve de Vênus e o ataque de uma aranha
gigante de pelúcia e borracha, estática e tosca ao extremo, contra um dos
membros da expedição de terráqueos, no interior de uma caverna, numa cena
divertida de tão bagaceira. O uniforme dos astronautas é similar ao utilizado
no clássico “Planeta Proibido” (Forbidden Planet, 1956). E a cena com a
plataforma de lançamento do foguete é uma reprodução real de um teste americano
em 1952.
“Rebelião
dos Planetas” nos remete para outros filmes com ideias similares como
“Mulheres-Gato da Lua” (Cat-Women of the Moon, 1953), “Missile to the Moon”
(1958), que é conhecido no Brasil pelos títulos “Terríveis Monstros da Lua” e
“Míssil Para a Lua”, e o já citado “Vinte Milhões de Léguas a Marte”. Onde é
clara a intenção dos realizadores em explorar a sociedade de Vênus somente com
belas mulheres sensuais portando armas, vestindo saias e mostrando suas pernas
torneadas, além dos rostos sempre bem maquiados e com os cabelos penteados e
estilosos. E também não poderiam faltar os cenários exageradamente coloridos e
com tentativas de aspectos futuristas, com destaque para o “Desintegrador Beta”,
uma arma capaz de destruir planetas. Além dos vários e patéticos relacionamentos
amorosos entre os homens da Terra e as mulheres de Vênus, com diálogos ingênuos
e piadas constantes, reservadas principalmente para o galanteador Tenente Larry
Turner.
Curiosamente, somente após quinze longos
minutos é que aparecem os letreiros iniciais com o nome do filme e apresentação
do elenco e equipe de produção.
(Juvenatrix – 11/10/15)
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