As ilhas imaginárias, Jose Ronaldo Viega Alves. 58 páginas. Editora Opção 2, Porto Alegre, 2005.
Não há muitas dúvidas quando ao tipo de abordagem que os leitores brasileiros de fantástico mais apreciam. Ray Bradbury é uma unanimidade porque é mestre em elaborar personagens e cenários líricos. Mesmo os leitores de ficção científica hard aceitam bem os seus textos porque sua poesia compensa totalmente a falta de rigor científico.
Da mesma forma, os textos fantásticos brasileiros que mais agradam aos leitores são justamente aqueles nos quais os autores conseguiram inserir mais lirismo. Porém, essa prática não está atualmente na moda por aqui. Ao contrário, há uma supervalorização estilística da agressividade e da violência crua, talvez reflexo direto dos tempos duros que vivemos.
Não que inexistam poetas em atividade, ao contrário, o movimento poético brasileiro é intenso e tão marginal quanto a fc&f brasileira.
Mas parece ser uma impossibilidade teórica tanto para os poetas quanto para os escritores combinarem poesia e ficção científica em especial, com raríssimas exceções como o caso de André Carneiro. Outro exemplo é Jose Ronaldo Viega Alves que produz não somente uma poesia sensível e criativa, mas também impõe em seu repertório uma dose generosa de fantasia e ficção científica.
Alves nasceu em Sant'Ana do Livramento (RS) em 1955. É bancário, também produz contos e crônicas e participa do fandom brasileiro há algum tempo, embora tenha sido pouco publicado nos fanzines. Sua produção tem sido dirigida para concursos – em muitos dos quais foi premiado – e para as mais de cinquenta antologias poéticas das quais participou. Também apresenta seus trabalhos em coletâneas individuais, tendo mais de vinte títulos publicados.
Em 2005, o autor lançou duas coletâneas pela Editora Opção 2 de Porto Alegre: Vitrais e As ilhas imaginárias, com algumas dezenas de poemas, a maior parte muito curtos, de um estilo que se não chega a ser tradicional, tampouco pode ser classificado como experimental. Alguns tomam até duas páginas, mas a maioria não passa de poucas linhas.
Ambos os títulos tem trabalhos assemelhados e não há uma abordagem diferenciada entre eles, que bem poderiam formar um volume único.
A leitura é rápida e agradável com muitos momentos expressivos. Nem tudo é fantasia, é claro, há um bocado de realismo romântico, mas tudo acaba alinhavado pela continuidade dos poemas que ora falam de robôs, teletransporte e viagens no tempo, ora de memórias da infância, sonhos, amor etc.
Não é possível fazer uma resenha convencional dos livros de Jose Ronaldo Viega Alves. Quando se trata de poesia, o melhor mesmo é lê-la.
— Cesar Silva
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