terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O Grito da Caveira (The Screaming Skull, EUA, 1958)


“Nós garantimos enterrá-lo sem custos se você morrer de susto durante O Grito da Caveira – jogada de marketing dos produtores

“O Grito da Caveira é um filme que atinge seu clímax num horror chocante. Seu impacto é tão terrível que pode causar um efeito imprevisto. Pode até matá-lo. Portanto, seus produtores garantem serviços funerários gratuitos para quem morrer de susto enquanto assistir O Grito da Caveira”.

No final dos anos 1950, uma época de ouro do cinema fantástico bagaceiro, vários filmes de baixo orçamento do produtor e cineasta William Castle receberam um tratamento diferenciado e criativo na área de marketing e divulgação, despertando a atenção e curiosidade do público para ir aos cinemas. Utilizando técnicas interativas para assustar os espectadores como poltronas que tremem e dão pequenos choques elétricos, fornecimento de apólices de seguro de vida para quem morresse durante a exibição do filme, ou o uso de um esqueleto humano iluminado movimentado por um complexo mecanismo de polias, cordas e correias, que era arremessado por cima das pessoas. Inspirado por esse marketing inusitado de William Castle, os produtores de “O Grito da Caveira” (The Screaming Skull, 1958), Thomas F. Woods e John Kneubuhl (também autor do roteiro), igualmente entraram na onda e prometeram pagar os serviços funerários de quem morresse de susto durante a projeção do filme (conforme atestam a tagline e a narração de introdução reproduzidas acima).
No filme, dirigido por Alex Nicol (mais conhecido pela carreira de ator coadjuvante), Eric Whitlock (John Hudson) se casa com Jenni (Peggy Webber) e juntos vão morar no casarão de Eric, que utilizava quando ainda era casado com Marianne, morta num trágico acidente doméstico, ao se afogar num pequeno lago após escorregar num dia de forte chuva.
Jenni tenta ser feliz ao lado do marido, após enfrentar uma fase conturbada com problemas psicológicos num hospital psiquiátrico por causa da morte dos pais afogados num acidente de barco. Na mansão ainda vive o suspeito jardineiro Mickey (Alex Nicol), um homem com retardamento mental que cuida do imenso jardim que rodeia a casa, e continua sentindo uma devoção exagerada à antiga patroa falecida. E entre os amigos do casal temos os vizinhos Reverendo Edward Snow (Russ Conway) e sua esposa (Tony Johnson).
Os problemas se iniciam quando Jenni é atormentada por gritos na escuridão da noite e com a suposta presença fantasmagórica da falecida primeira esposa de seu marido, além de uma misteriosa caveira que está constantemente perseguindo-a para desestabilizar o seu já fragilizado estado psicológico. Apavorada, o estado mental dela vai progressivamente piorando, confusa com os acontecimentos sinistros da casa e do passado trágico envolvendo a morte perturbadora de Marianne.
“O Grito da Caveira” tem fotografia em preto e branco e uma duração curta, com apenas 68 minutos. É uma produção de orçamento reduzido, poucos personagens (apenas 5), uma história clichê e ingênua com elementos de horror que talvez pudessem assustar as platéias mais sensíveis de meados do século passado, mas que atualmente dificilmente causaria algum desconforto. Os efeitos especiais da “caveira que grita” são patéticos de tão hilários. Porém, são exatamente esses ingredientes típicos do cinema fantástico bagaceiro daquele período que resultam na diversão dos apreciadores dessas tranqueiras. Temos uma atmosfera sinistra de um casarão envolto em manifestações sobrenaturais, um fantasma atormentado em busca de vingança e paz, uma mulher lutando para manter sua instável sanidade, e a jogada de marketing promocional com um caixão nos cinemas reservado para quem morresse de susto durante a exibição do filme.
Curiosamente, “O Grito da Caveira” também recebeu outro nome alternativo nacional: “A Maldição na Noite de Núpcias”.
(Juvenatrix – 19/12/17)

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