N. G. Mount (creditado
como Norbert Georges Mount) é um francês que brincou algumas vezes de diretor,
roteirista, produtor e ator de filmes bagaceiros de horror e ficção científica.
Em 1993 ele lançou a porcaria colossal “Dinosaur From the Deep”, a qual já
escrevi uma breve resenha alertando sobre sua ruindade extrema, apesar da
curiosidade de ter no elenco o diretor cultuado Jean Rollin.
Porém, dez anos
antes, ele havia lançado um filme mais bagaceiro ainda. Trata-se do bizarro
“Ogroff”, que também recebeu o título inglês “Mad Mutilator”. Praticamente não
tem roteiro, pois a história é uma bagunça sem qualquer coerência e nada
funciona no filme. O elenco é péssimo, os efeitos são toscos, falsos e
inconvincentes, a trilha sonora é irritante, não existe continuidade e a
produção geral é extremamente amadora.
Trata-se de uma
mistura de “slasher”, “zumbis” e “vampirismo”. Ogroff é um lenhador psicopata
mascarado assassino que mora numa cabana isolada na floresta. Ele é interpretado
pelo próprio N. G. Mount e utiliza um machado alternando com uma motosserra
para chacinar suas vítimas. Os mortos também não querem permanecer enterrados e
saem de suas covas rasas. E um vampiro interpretado pelo veterano Howard Vernon
(de vários filmes de Jesus Franco) tem uma participação rápida.
É até difícil
registrar a sinopse, pois como já mencionado, não tem história. O assassino que
vive no meio do mato está sempre procurando aleatoriamente oportunidades para
matar pessoas desavisadas que invadem seu território. Entre as vítimas, tem uma
família que pára o carro numa estrada e um grupo de jovens que está se
divertindo na floresta, jogando xadrez. Em paralelo, os mortos decidem sair de
seus túmulos, entrando em confronto com o psicopata mascarado, e um vampiro
resgata uma mocinha fugitiva das atrocidades, e decide experimentar seu sangue.
Tem até uma criança
brutalmente esquartejada, além de braços e pernas decepados, mutilações, vísceras
e sangue falso para todos os lados. Mas, tudo filmado de forma tão amadora que
não funciona nem como filme bagaceiro. O diretor se inspirou claramente em “A
Noite dos Mortos-Vivos”, “Sexta-Feira 13”, “O Massacre da Serra Elétrica” e
outros similares, apenas validando sua condição de fã dessas obras importantes
do cinema de horror. Mas, em relação ao seu filme, ele não conseguiu agregar
nada ao gênero.
A trilha sonora
é horrível e irritante, com sons da floresta, pássaros e água corrente, tudo
tão exagerado que incomoda. Entre as inúmeras cenas patéticas, podemos citar
algumas como o assassino se masturbando com um machado; o descarte de um carro
jogado num rio (na verdade é um carrinho miniatura de brinquedo que afunda numa
pia de água, numa cena hilária); uma
luta pessimamente coreografada entre o assassino e seu machado, com outro homem
e sua motosserra; a mocinha perseguida e lutando
para não morrer de forma violenta, decidindo se relacionar sexualmente com o
psicopata, dormindo com ele. Além dessas bizarrices, tem uma cena onde o
assassino sai de dentro do porta-malas de um carro, de forma totalmente
aleatória, e surpreende o motorista, que tem uma morte sangrenta.
Todos os
personagens não têm nome, nem função no filme, eles surgem do nada apenas para
morrer dolorosamente nas mãos do psicopata da floresta. Aliás, o assassino
esquarteja suas vítimas para depois fornecer os restos dos cadáveres como
alimento para zumbis que ele mantém no porão de sua cabana. Além disso, os
mortos também saem de suas sepulturas aleatoriamente, apenas para caminhar
errantes por uma estrada deserta no meio do bosque, e perseguir os vivos.
São 90 minutos
de duração que parecem intermináveis, numa dificuldade enorme em agüentar
assistir até o final. Ficaria bem melhor se fosse apenas um curta metragem de
não mais de 15 minutos, compilando algumas cenas razoáveis de violência, mesmo
que mal feitas, e com a inclusão de um roteiro.
“Ogroff” é um
exemplo de filme bagaceiro que não diverte e apenas passa para o espectador a
desconfortável sensação de perda de tempo depois de assistir. Não tem história
e os efeitos são tão ruins que um grupo de estudantes adolescentes, igualmente
sem dinheiro, consegue reproduzir provavelmente melhor.
(Juvenatrix – 17/03/18)
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