Uma
jovem estudante é obrigada a passar uma noite num mausoléu repleto de cadáveres
que não querem ficar em seus caixões
“Numa Noite
Escura” (One Dark Night, 1982) é mais um daqueles filmes divertidos e claramente
datados, associado aos anos 80 do século passado, com direção do então
estreante Thomas McLoughlin, que alguns anos depois faria “Sexta-Feira 13 –
Parte 6 – Jason Vive” (1986).
A estudante
Julie Wells (Meg Tilly) aceita se submeter a um processo de iniciação numa
irmandade escolar liderada por Carol Mason (Robin Evans), além de Kitty (Leslie
Speights), que tem a mania de ficar mastigando uma escova de dente, e Leslie Winslow
(Elizabeth Daily). O desafio é dormir uma noite inteira dentro de um enorme mausoléu
num cemitério, cercada de dezenas de caixões armazenados em suas respectivas
gavetas mortuárias, guardando cadáveres.
Porém, para
agravar a situação que já é bizarra e sinistra, chega ao mausoléu um morto
diferente. Ele foi o cientista Dr. Karl Raymarseivich, um estudioso da
bioenergia, a força eletromagnética de todas as coisas vivas, e que após muitas
experiências descobriu possuir poderes telecinéticos para movimentar objetos e
pessoas à distância. Ele tornou-se obcecado no assunto e com técnicas de
vampirismo psíquico, adquiriu um poder maligno, drenando a energia vital das
pessoas e colecionando vítimas.
Uma vez o
cadáver do cientista encarcerado no mausoléu, seus poderes de telecinese vem à
tona e ele revive os mortos, que saem de seus caixões e vagueiam pelos
corredores do lugar, ameaçando a vida da jovem Julie, em seu desafio de passar
uma noite, e também das amigas que pretendiam assustá-la com brincadeiras. Para
tentar resgatá-la, seu namorado Steve (David Mason Daniels) vai ao mausoléu,
assim como a filha do cientista, Olivia McKenna (Melissa Newman), que tem
poderes de premonição e foi ao encontro de Julie, entrando em confronto com seu
pai, distorcido pela maldade.
O filme tem uma
história facilmente classificada como ingênua e clichê, com pouco sangue e
violência na maior parte de sua duração, ao mostrar de forma meio arrastada o
desafio pessoal da estudante Julie em provar sua coragem às amigas, dormindo
uma noite trancada num mausoléu cheio de mortos. Também cansa um pouco
acompanharmos a história do cientista que estuda ocultismo e desenvolve poderes
de telecinese, apresentada por um escritor de artigos sobre ocultismo, Samuel
Dockstader (Donald Hotton).
Mas, a
compensação pela espera do horror veio no ato final, onde os cadáveres em putrefação
saem de seus repousos nos caixões e povoam os corredores do mausoléu,
espalhando o caos para os vivos que por infortúnio estavam em seu caminho. E
com o uso dos divertidos efeitos especiais da época, com bonecos toscos
simulando cadáveres podres gosmentos, cheios de melecas pingando e com vermes
caminhando nos órgãos internos, num trabalho de maquiagem que não apelava para
a ajuda de programas de computadores que tornam tudo exageradamente falso. Um
tempo onde não existia a artificialidade do CGI, característica do cinema
moderno. É verdade que os efeitos bagaceiros dos mortos nos remetiam àqueles
bonecos macabros dos trens fantasmas de parques de diversões, mas é inegável
que justamente isso é que proporciona o entretenimento.
Entre as várias
curiosidades, o eterno Batman da série pastelão de TV dos anos 1960, Adam West,
faz parte do elenco interpretando Allan McKenna, o marido de Olivia, a filha
vidente do cientista do mal. Martin Nosseck fez uma rápida participação como o
zelador do cemitério em seu único trabalho no cinema, e faleceu dois dias após as
filmagens. Inicialmente, o filme iria se chamar “Rest in Peace” (“Descanse em
Paz”). Tem uma cena onde estudantes jogam um vídeo game da época, e que hoje,
passados mais de 35 anos, parece extremamente bizarro pela simplicidade.
(Juvenatrix – 26/02/18)
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