(OBS.:
Texto datado e descompromissado, publicado originalmente dentro do editorial do
fanzine “Juvenatrix” # 53, de Agosto de 2001, e reproduzido sem atualização,
servindo como um registro de quase duas décadas atrás, e que pode até ser
considerado como uma breve resenha do filme.)
Vale registrar
um comentário sobre um filme de horror obscuro que assisti pela primeira vez em
vídeo VHS em 1988 com o manjado nome de “Uma
Noite de Horror” (Monster Dog,
1984), e que não dei muita importância na época. Depois e mais recentemente, vi
novamente o filme no Cine Sinistro da
TV Bandeirantes em 16/06/01 com um novo título nacional, igualmente ridículo, “A Matilha da Maldição” (sou da opinião
que certos títulos originais deveriam ser mantidos principalmente quando a
tradução literal soa estranho, e nesse caso poderia ficar simplesmente como
“Monster Dog”).
Esse filme não
tem nada de diferente, muito pelo contrário, é uma história óbvia no estilo
“lobisomem”, repleta de clichês e falhas no roteiro, com atores ruins e
totalmente desconhecidos e com efeitos especiais tão fracos que beiram à
paródia. A direção e roteiro são do italiano Claudio Fragasso, utilizando o
pseudônimo Clyde Anderson. A única novidade é a presença do cantor de rock
Alice Cooper como o protagonista, interpretando um personagem idêntico à sua
vida real, um astro do rock que vai junto com sua equipe de produção até a
velha mansão abandonada e isolada de sua família numa pequena cidade americana,
gravar um vídeo clipe. A história do local é repleta de lendas sobre lobisomens
e com participação direta dos descendentes do cantor. Fica fácil imaginar o
destino fatal dos membros da equipe de produção e do próprio astro de rock,
amaldiçoado pelas lendas locais.
“Monster Dog” serve
como um veículo de promoção do cantor Alice Cooper, um filme de horror que
mostra um astro do rock envolvido com um lobisomem,
numa clara referência à proximidade entre o horror e o rock. É uma fita igual a
dezenas de outras convencionais produzidas no mesmo período como “Noite dos Arrepios”
(Night of the Creeps, 1986, sobre zumbis), “A Noite das Brincadeiras Mortais”
(April Fool’s Day, 1986, sobre psicopata), “Visão do Terror” (Terrorvision, 1986,
sobre alienígena), “A Noite do Medo” (The Being, 1983, sobre monstro de lixo
tóxico), “O Monstro Canibal” (Cellar Dweller, 1987, sobre criatura
sobrenatural), só para citar alguns poucos entre tantos.
Mas é curioso
que na época em que foram produzidos, estes filmes eram comuns e raramente
despertavam algum interesse adicional, porém agora já passados quase duas
décadas, eles acabaram tornando-se uma referência de um período que tem suas
características próprias, e de certa forma despertam um interesse,
principalmente por ser uma fonte de comparação com o cinema atual. E no caso de
“Monster Dog”, com produção de baixo orçamento e ruim de forma não proposital,
que poderia ser classificada como “trash”, acaba despertando um interesse mesmo
que por curiosidade. Foi exatamente isso que ocorreu quando vi esse filme pela
segunda vez em junho de 2001. Talvez também por isso, os filmes “ruins” exercem
tanto fascínio no público. Resumindo, todo e qualquer filme, seja um clássico,
uma mega produção com fantásticos efeitos especiais, ou mesmo uma produção
paupérrima, todos tem seu espaço e interesse, e principalmente sua parcela de
participação na construção da história do gênero fantástico.
(Juvenatrix – Agosto 2001)
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